Congresso Internacional de Sacerdotes, Roma, 9-11 de junho de 2010

No último 19 de junho, em ocasião da Festa do Sagrado Coração, do Dia Mundial de oração pela santificação dos sacerdotes e do 150º aniversário do “dies natalis” de Giovanni Maria Vianney, o Santo Patrono de todos os párocos do mundo, Sua Santidade Bento XVI, declarou o Ano Sacerdotal “como o tempo de promover o compromisso da renovação interior de todos os sacerdotes por um forte e incisivo testemunho evangélico no mundo de hoje”.

O Ano Sacerdotal concluir-se-á em Roma com o Congresso Internacional de Sacerdotes, cujo tema é “Fidelidade de Cristo, Fidelidade do Sacerdote”.

Momentos de oração, reflexão e troca culminarão com o encontro com a Sua Santidade na Praça São Pedro, e unir-se-ão com a experiência dos itinerários religioso-culturais pela Roma Cristã.

O evento, promovido pela Congregação para o Clero e com organização técnico-logística da Opera Romana Pellegrinaggi, dá continuidade aos precedentes Encontros Internacionais do Clero que, entre 1996 e 2004, aconteceram em Fátima (Portugal), Yamoussoukro (Costa do Marfim), Guadalupe (México), Nazaré, Belém e Jerusalém (Terra Santa), Roma (em ocasiao do Grande Jubileu de 2000) e, finalmente, em Malta.

A Opera Romana Pellegrinaggi espera ter o prazer de contar com a sua presença tembém neste congresso, confiante que caminhar juntos pela Roma Cristã tornará a mensagem e a experiência do Encontro mais fortes, significativas e profundas.

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Evitar a secularização do clero

Em audiência com bispos brasileiros, Papa pede fim da “secularização dos sacerdotes e da clericalização dos leigos”

Castel Gandolfo (Quinta, 17-09-2009, Gaudium Press) “É necessário evitar a secularização dos sacerdotes e a clericalização dos leigos”. Essa foi a principal mensagem de Bento XVI aos quatro bispos da regional Nordeste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), recebidos hoje, em audiência privada no Palácio Apostólico de Castel Gandolfo. Os bispos da Regional Nordeste 2 concluem nesta sexta-feira sua visita “ad Limina apostolorum”.

Foram recebidos por Bento XVI na audiência o arcebispo de Maceió, Antônio Muniz Fernandes, acompanhado do arcebispo emérito, dom Edvaldo Gonçalves Amaral, além dos bispos de Palmeira dos Índios, mons. Dulcênio Fontes de Matos, e de Penedo, mons. Valério Breda, ambas dioceses do Estado de Alagoas.

Bento XVI iniciou seu discurso aos prelados brasileiros agradecendo a visita dos arcebispos e bispos de Olinda e Recife, Paraíba, Maceió e Natal – os grupos foram recebidos em audiências separadas -, em especial as palavras do arcebispo de Maceió, como porta-voz da Regional Nordeste 2 (veja mais abaixo íntegra do discurso dos bispos brasileiros).

Em seguida, o Papa discorreu sobre a diferença entre o sacerdócio comum e o sacerdócio ministerial. Pediu ainda que os sacerdotes evitem ater-se às questões civis e de caráter político, devendo focar sua tarefa na missão sacerdotal e na orientação aos fiéis.

“(…) Os fiéis leigos devem empenhar-se em exprimir na realidade, inclusive através do empenho político, a visão antropológica cristã e a doutrina social da Igreja. Diversamente, os sacerdotes devem permanecer afastados de um engajamento pessoal na política, a fim de favorecerem a unidade e a comunhão de todos os fiéis e assim poderem ser uma referência para todos”, recomendou o Papa.

Para Bento XVI, é preciso que as partes não misturem seus papéis, e que o engajamento políticosocial dos leigos seja fortalecido pelos sacerdotes. “É importante fazer crescer esta consciência nos sacerdotes, religiosos e fiéis leigos, encorajando e vigiando para que cada um possa sentir-se motivado a agir segundo o seu próprio estado”.

Segundo o Papa, a harmonização entre os dois tipos de sacerdócio é um dos maiores desafios da Igreja, e vem sendo abalada por uma eventual falta de presbíteros em algumas comunidades, o que faz com que os próprios laicos procurem suprir essa carência. Ele pediu que os bispos e arcebispos brasileiros tenham sempre nas paróquias de suas dioceses um “ministro ordenado”, sacerdote de formação.

Ao citar exemplos de conduta sacerdotal da Igreja, Bento XVI falou do Santo Cura d’Ars, patrono dos sacerdotes e motivador do atual Ano Sacerdotal, e também do brasileiro Frei Antônio de Sant’Anna Galvão, o Frei Galvão, que disse ter tido a “alegria” de canonizar em maio de 2007.

Ao final, entregou sua benção apostólica aos presentes, invocando a Virgem Maria. A Regional Nordeste 2 da CNBB compreende os estados de Alagoas, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba.

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http://www.gaudiumpress.org/view/show/8343-em-audiencia-com-bispos-brasileiros-papa-pede-fim-da-secularizacao-dos-sacerdotes-e-da-clericalizacao-dos-leigos

“Sacerdócio é serviço, não domínio” diz Papa a novos bispos

Cidade do Vaticano (Segunda, 14-09-2009, Gaudium Press) “Servir e neste ato doar a si mesmo; ser não para si próprio, mas para os outros, por Deus e em vista de Deus” falou o Papa sobre “a verdadeira essência do Sacerdócio” na homília da Missa de Ordenação episcopal realizada neste sábado na Basílica Vaticana. Bento XVI ordenou cinco novos bispos, os monsenhores: Gabriele Giordano Caccia, Franco Coppola, Pietro Parolin, Raffaello Martinelli e Giorgio Corbellini.

O pontífice dedicou toda a reflexão de sua homilia sobre o significado do sacerdócio e do ministério episcopal. “O consagrado deve ser pleno do Espírito de Deus e viver a partir d’Ele. Deve levar aos pobres a boa nova, a verdadeira liberdade e a esperança que faz viver o homem e o restabelece. Ele deve estabelecer o sacerdócio de Cristo entre os homens, o sacerdócio a modo de Melquisedeque, isto é, o reino da justiça e da paz”, declarou.

O sacerdócio que é serviço, não domínio, se realiza na fidelidade, prudência e bondade, aponta o Papa. “A fidelidade é altruísmo, e por este motivo é libertadora para o próprio ministro e para todas que lhe sejam confiados. Sabemos como as coisas na sociedade civil, e não raramente também na Igreja, sofrem pelo fato de que muitos daqueles a quem foi conferida uma responsabilidade trabalhem para si mesmos e não para a comunidade, pelo bem comum”, observou.

O sacramento do sacerdócio abrange três graus. O primeiro é o diaconato, o segundo o presbiterado e o terceiro o episcopado. O Santo Padre falou também sobre os momentos mais importantes da ordenação e tembém do significado da abertura do Evangeliário (livro litúrgico com trechos do Evangelho que se usam durante a Missa e que somente diáconos ou padres podem ler). “Segundo a Tradição apostólica, este sacramento é conferido mediante a imposição das mãos e da oração. A imposição das mãos acontece em silêncio.”

“A ordenação episcopal é um evento de oração. Nenhum homem pode tornar outro homem um sacerdote ou bispo. É o Senhor que, através da palavra da oração e do gesto da imposição das mãos, acolhe aquele homem totalmente a seu serviço, o atrai no seu próprio sacerdócio. Ele mesmo consagra os eleitos. Ele mesmo, o único Sumo Sacerdote, que ofereceu o único sacrifício por todos nós, lhe concede a participação no seu sacerdócio, para que a sua palavra e a sua obra estejam presentes em todos os tempos.”

Consumir toda a própria existência no anúncio de Jesus Cristo

Como faz mensalmente, Dom Mário Piaceza (Secretário da Congregação para o Clero) apresenta profundas reflexões sobre o sentido do sacerdócio, e neste mês elas se centram no compromisso, que deve ser realizado de maneira digna e sábia.

Vaticano, 12 de setembro de 2009

Caríssimos irmãos no Sacerdócio,

A «Nova evangelização» exige de cada um de nós, a um compromisso sempre renovado de apostolado e anúncio. O mandato do Senhor aos Apóstolos é, neste sentido, explícito e inequivocável: «Ide ao mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado, será salvo» (Mc. 16,15-16a). O compromisso assumido durante a ordenação sacerdotal é exatamente aquele de “realizar o ministério da palavra”, ou seja, consumir toda a própria existência no anúncio de Jesus Cristo, Verbo incarnado, morto e ressuscitado, resposta única e autêntica às exigências do coração humano.

A solicitude no “serviço da palavra” não pode ser simplesmente de alguns sacerdotes, particularmente sensíveis a tal dimensão, mas é a característica própria e irrenunciável do ministério presbiteral, constituindo a parte essencial do munus docendi, que foi recebido através do sacramento da Ordem, pela ação do Espírito Santo.

O rito prevê o compromisso de realizar este serviço de maneira “digna” e “sábia”. A dignidade reenvia imediatamente ao objeto do anúncio: Jesus Cristo Salvador. Nenhum presbítero anuncia a si mesmo ou as próprias idéias, nem mesmo interpretações personalistas ou subjetivas do único e eterno Evangelho. Somos chamados a reconhecer a suprema “dignidade” Daquele que nos tornamos portadores e, por conseguinte, somos chamados a realizar tal serviço de forma “digna”. Tal consciência traduz-se no compromisso de um aprofundamento constante das Sagradas Escrituras, «Palavra de Deus enquanto (…) colocada por escrito sob a inspiração do Espírito Santo» (Dei Verbum, 9). Certamente, este aprofundamento é exegético-teológico, mas principalmente, espiritual. O verdadeiro conhecimento das Escrituras é aquele do coração, que nasce da quotidiana intimidade com as mesmas, da Lectio divina, feita no álveo da Tradição dos Padres, da meditação profunda que, gradualmente, mas eficazmente, conforma a alma ao Evangelho, transformando cada sacerdote em um “evangelho vivente”. Nós bem sabemos que “o Evangelho não é só palavra, mas o próprio Cristo é o Evangelho” (Bento XVI, Homilia, 12/09/09) e a Ele somos chamados a conformar-nos, também através do exercício do ministério do anúncio.

Juntamente com a dignidade de tal serviço, a Sacra Liturgia indica a “sabedoria” como característica. Tal característica, pressupõe a prudência e a capacidade de olhar a realidade segundo a totalidade dos seus fatores, sem absolutizar o ponto de vista humano, mas sempre em referência ao Único e Absoluto que é Deus. Uma pregação sábia leva em consideração, antes de tudo, as reais exigências daqueles aos quais se dirige, nunca impondo interpretações arbitrárias e insuficientes, mas sempre favorecendo a única coisa que realmente é necessária: o real encontro dos irmãos que a nós foram confiados com Deus. A sabedoria é capaz de distinguir circunstâncias, tempos e modos, é humilde e não coloca o pregador acima Daquele que deve anunciar e, muito menos acima da Igreja, que há mais de dois mil anos conserva o Evangelho.

Enfim, realizar de maneira sábia o “ministério da palavra” significa estar sempre claramente conscientes da obra de Deus em todo anúncio: é Ele que prepara os corações, é Ele que vai ao encontro dos homens, é Ele que faz desabrochar as flores de conversão e amadurecer os frutos da caridade. O Único “relativismo” que se admite é aquele que diz respeito a nós mesmos: devemos ser, como pregadores, totalmente “relativos a Deus”!

Dessa forma, descobriremos a eficácia e a beleza do ministério que nos foi confiado. Através do anúncio da Palavra, nos conscientizaremos daquela companhia íntima do Senhor, que ama quem dá com alegria e nunca abandona o seu servo, e contemplaremos, cheios de comoção, os frutos que Ele permitir e sentiremos a Sua companhia também nos momentos de Cruz.

Mauro Piacenza
Arcebispo Titular de Vittoriana
Secretário