A importância do Pulchrum na Evangelização

600x800-marMons. João Scognamiglio Clá Dias

No primeiro capítulo do Gênesis, contemplamos a Deus criando as maravilhas do universo ao longo de seis dias, e a cada entardecer, antes da noite, exclama o narrador: “E viu Deus que isso era bom” (Gn 1, 25). Ao concluir todas as maravilhas, “viu Deus tudo o que tinha feito, e tudo era muito bom” (Gn 1, 31). E o Livro dos Salmos canta: “Como são magníficas tuas obras, Senhor!” (Sl 91, 6). “Fizeste-as todas com sabedoria!” (Sl 103, 24).

Esta formosura de todo o universo criado é particularmente atraente para o homem. A beleza — o pulchrum, segundo a expressão latina, definido pela filosofia escolástica como o “esplendor da verdade” ou o “esplendor do bem” — atrai o homem. “Em virtude do próprio fato da criação, todas as coisas possuem consistência, verdade, bondade e leis próprias”.[1] O homem é chamado a degustar, apreciar e admirar essa maravilha que a ordem da criação lhe apresenta.

Nossa época, mais do que qualquer outra, tem necessidade desse conhecimento e dessa sabedoria:

Finalmente, a natureza espiritual da pessoa humana encontra e deve encontrar a sua perfeição na sabedoria, que suavemente atrai o espírito do homem à busca e ao amor da verdade e do bem, e graças à qual ele é levado por meio das coisas visíveis até as invisíveis […] Está ameaçado, com efeito, o destino do mundo, se não surgirem homens cheios de sabedoria […] Pelo dom do Espírito Santo, o homem chega a contemplar e saborear, na fé, o mistério do plano divino.[2]

A contemplação amorosa de Deus e das criaturas desabrocha no desejo de comunicá-la aos outros, de evangelizar, como ressaltava o Concilio:

O amor para com Deus e para com os homens é a alma de todo apostolado.[3]

Assim, a consideração do universo sobrenatural e natural serve como instrumento para que as pessoas saiam de seu egoísmo, dominem suas paixões desordenadas e contemplem os sinais de Deus em tudo quanto existe — incluindo as belas obras feitas pelos homens — e assim cheguem até Ele, O conheçam e amem tanto quanto é possível nesta terra.

Em vista disso, é preciso utilizar na evangelização os meios adequados.

A literatura e as artes são também, segundo a maneira que lhes é própria, de grande importância para a vida da Igreja […] Conseguem assim elevar a vida humana, que exprimem sob formas muito diferentes, segundo os tempos e lugares […] Desse modo, o conhecimento de Deus é mais perfeitamente manifestado; a pregação evangélica torna-se mais compreensível ao espírito dos homens e aparece como integrada nas suas condições normais de vida.[4]

Ao nosso alcance estão instrumentos de valores diversos, mas todos muito úteis, como as cerimônias litúrgicas, procissões, peças de teatro, cinema, concertos, e o próprio sermão… Este, sobretudo, deve ser pulcro, atraente, tendente a dar glória a Deus da melhor forma possível.

Também os estudos têm de ser feitos em função do pulchrum, e não apenas para adquirir conhecimentos. E o próprio conhecimento deve ser amoroso, esforçando-se por ver em cada aspecto o intuito de Deus, de modo a “contemplar e saborear o mistério do plano divino”.[5]

 

CLÁ DIAS, João. Oportunidades para a Igreja no século XXI. Elaboração do projeto de pesquisa: elementos constitutivos – 1ª. Parte. Centro Universitário Ítalo Brasileiro. São Paulo, 2007. p. 89-90.



[1] Gaudium et Spes, 36.

[2] Gaudium et Spes, 15.

[3] Lumen Gentium, 33.

[4] Gaudium et Spes, 62.

[5] Gaudium et Spes, 15.

Estar estrictamente unidos a Cristo, Sumo Sacerdote

Dom Mauro Piacenza - Secretário da Congregação para o Clero

Dom Mauro Piacenza

      Vaticano a 15 de octubre de 2009

 

Queridos hermanos en el Sacerdocio:

             La única razón de nuestra vida y de nuestro ministerio es Jesús de Nazaret, Señor y Cristo. La existencia de los Sacerdotes tiene en Él y sólo en Él el propio origen y el propio fin y, en el tiempo, el total y entero desarrollo. El contacto íntimo y personal con Jesús Resucitado, vivo y presente, es realmente la única experiencia, que pude empujar a un hombre a darse totalmente a Dios por medio de los hermanos.

             Sabemos muy bien, queridísimos, en qué manera el Señor nos ha seducido, cómo su presencia haya sido en nosotros un hecho irresistible, como afirma el profeta: “Me has seducido, Señor, y me he dejado seducir, has hecho fuerza y has vencido! (Ger. 20,7). Esta seducción, como cualquier cosa preciosa, es necesaria que sea defendida, custodiada, protegida y alimentada con el fin de que no se pierda o, todavía peor, que no llegue a ser un frívolo recuerdo, insuficiente para resistir el golpe – tantas veces agresivo – de la realidad del mundo. La intimidad divina, origen de todo apostolado, es el secreto para guardar permanentemente la maravillosa presencia del Señor.

             Ante cualquier motivación, aunque buena, somos Sacerdotes para “estar estrictamente unidos a Cristo, Sumo Sacerdote”, unidos a Aquel que es nuestra única salvación, el Amado de nuestro corazón, la Roca sobre la cual construimos cada momento de nuestro ministerio, Aquel que es más íntimo que nosotros mismos y al que más deseamos. Cristo, Sumo Sacerdote, nos atrae hacia sus adentros. Esta unión con Él, que es el Sacramento del Orden, lleva en sí la participación a su ofrecimiento: “Unirse a Cristo supone la renuncia. Hace que no queramos imponer nuestro camino y nuestra voluntad; que no queramos llegar a ser esto u lo otro, sino que nos abandonamos a El, dónde y en el modo en el que El quiera servirse de nosotros” (Benedicto XVI, Homilía en la Santa Misa Crismal, 9.IV.2009). La expresión “estar unidos” nos recuerda que todo esto no es obra nuestra, fruto de nuestro esfuerzo voluntario, sino obra de la Gracia en nosotros: Es el Espíritu Santo que nos configura ontológicamente a Cristo Sacerdote y nos da  la fuerza a fin de perseverar hasta el fin en esa participación a la vida y por eso es obra divina. La “víctima pura”, que es Cristo Señor, llama a cada uno al insustituible valor del celibato, que implica la perfecta continencia por el Reino de los cielos y aquella pureza, que hace que sea “agradable a Dios” nuestra entrega a favor de los hombres.

             La intimidad con Jesucristo y la protección de la Beata Virgen María – “toda bella” y “toda pura” – nos sostengan en nuestro diario camino de participación a aquella Obra de Otro, en que consiste el ministerio sacerdotal, sabiendo que tal participación es portadora de salvación sobre todo para nosotros que la vivimos: Cristo es, en tal sentido, nuestra vida.

 X Mauro Piacenza

Arzobispo titular de Vittoriana

Secretario

 

Reflexiones del Arzobispo Secretario

Recibido de: <sistema@cclergy.va>

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