Papel dos simbolos para conhecer a Deus

Irmã Angela Maria Tomé, EP

“Não conhecemos a Deus diretamente, mas através das criaturas, segundo a relação de princípio e pelo modo da excelência e da negação.” (AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2003.)

Afirma São Tomás ainda: “é natural ao homem elevar-se ao inteligível pelo sensível, porque todo o nosso conhecimento se origina a partir dos sentidos.” (AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. I, q. 1, 9,  2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2003.)

Pela razão, isto é, pelo mero esforço de sua inteligência, considerando o universo, o homem pode concluir, em todo o rigor da lógica, a existência de um Deus pessoal e eterno, a espiritualidade da alma, o livro arbítrio e quantas outras verdades teológicas e filosóficas, tal como fizeram Platão e Aristóteles.

 No entanto, o homem é constituído de corpo e de alma e não se sente plenamente satisfeito enquanto seus sentidos não puderem captar aquilo que seu espírito concebeu. Essa necessidade se torna ainda mais intensa e primordial quando se trata dAquele que nos criou: mais do que tudo, temos desejo de ver a Deus com os olhos da carne, depois de o termos percebido através dos olhos da alma.

transfAcontece, porém, que Deus não pode se manifestar visivelmente ao homem, pois este se desconjuntaria inteiro diante de sua infinita e sobrenatural magnificência (Suma Teológica, q. 12, 3). Para remediar essa impossibilidade, o Senhor dispôs de modo santo e maravilhoso que nossos sentidos tivessem, de alguma forma, o conhecimento dEle. Essa percepção nos é dada através dos símbolos.

O símbolo ajuda a sensibilidade a se elevar às alturas onde o intelecto do homem foi conduzido pela razão, e, sobretudo, pela fé.

Como pode o homem suprir as necessidades espirituais

600x800-sameiroDiác. José Victorino de Andrade, EP

 

É patente a necessidade que a alma humana tem de entrar em contato com múltiplos objetos externos, sem descurar aspectos como a beleza, a sublimidade e o sagrado. A sua hipotética carência levaria a alma a um operar tão defeituoso e resultaria num tal desequilíbrio que o homem correria o risco de deixar na atrofia suas potências, e reduziria sua vida ao simples fato de existir.[1]

 

 

Uma ainda que pálida imagem desta necessidade encontra-se no mundo animal: os cavalos que trabalhavam outrora nas minas, por vezes vários dias seguidos nos túneis iluminados artificialmente, quando eram trazidos à luz do sol, revelavam a sua alegria relinchando e pulando, manifestações próprias à sua natureza.

           

Da mesma forma, também o homem sente esta necessidade, de sair da rotina e da monotonia de sensações que lhe possam ser causadas, inclusive, por um trabalho cotidiano e repetitivo, compreendendo-se as múltiplas formas licitas de lazer e entretenimento que lhe possam ser oferecidas. Aqui entra um notório e importante papel do Estado e do poder público, portanto, temporal, no oferecimento de alternativas saudáveis e formativas que permitam ao homem desfrutar de lícitos prazeres e atrações. Embora estes jamais poderiam suprir a necessidade espiritual, inerente ao homem por força da atração exercida por Deus[2] e dificilmente substituída por qualquer outra atividade que não compreenda este aspecto, como a participação na eucaristia dominical. É em Cristo, fonte de água viva, que o homem sacia definitivamente a sua sede, enquanto as outras apenas temporariamente satisfazem e não conduzem à vida eterna.[3]

 

 


[1] Cf. Correa de Oliveira. Notas para a Conceituação da Cristandade, Década de 50. p. 8.(Extraído do Original).

[2] Ver Catecismo Igreja Católica, 27.

[3] Ver Jo. 4, 10-15