Unidade e variedade no seio da Igreja

catedraMons. João Clá Dias

Na Santa Igreja Católica, o mistério do Verbo Encarnado reflete-se à maneira de um espelho. Com efeito, é em Cristo Jesus, Deus e Homem verdadeiro, que as duas naturezas — divina e humana — unem-se hipostaticamente numa só Pessoa Divina; analogamente, a Igreja é formada por dois elementos: o carismático e o humano, o social e o visível.

Algo semelhante se verifica ao considerarmos a Esposa de Cristo em sua unidade e diversidade, bem como em sua insuperável catolicidade. Ela é una por sua fonte divina, por seu Fundador e por sua “alma”, que é o Espírito Santo. Faz parte de sua própria essência ser una (CIC, n. 813; 814). Não obstante, no decorrer de sua longa história, ela se apresenta com uma “grande diversidade”, notória tanto na “variedade dos dons de Deus” quanto na “multiplicidade das pessoas que os recebem” (CIC, n. 814).

São Paulo se refere a essa característica — a unidade na variedade — ressaltando que nela há “diversidade de dons, mas um só Espírito” (1 Cor 12, 4). Ante a abundância das manifestações carismáticas entre os fiéis, o Apóstolo orienta os discípulos a não perder de vista a unidade da Igreja, o “Corpo de Cristo” (1 Cor 12, 27). Todos os carismas — sabedoria, palavra de ciência, discernimento dos espíritos, e tantos outros (cf. 1 Cor 12, 8-10) — procedem de uma só fonte: é Deus mesmo quem “opera tudo em todos” (1 Cor 12, 6). E a Lumen Gentium, sintetizando três passagens das cartas paulinas, menciona a ação do Espírito Santo para unificar a Igreja “na comunhão e no ministério” e acrescenta que Ele a “enriquece, guia com diversos dons hierárquicos e carismáticos, e embeleza com os seus frutos” (n. 4).

CLÁ DIAS, João. Os novos movimentos: Quando espírito e jurisprudência se encontram. in: LUMEN VERITATIS. São Paulo: Associação Colégio Arautos do Evangelho. n. 6, jan-mar 2008. p. 10.