Padre Mário Corti, S. J.
“O apóstolo que diz ou protesta querer salvar as almas e se cerca de comodidade, e foge à mortificação e abnegação, se assemelha ao açougueiro que não quer manchar‑se de sangue, ou ao coveiro que teme tocar nos mortos. É claro que errou o ofício.
S. Pedro Claver, o apóstolo dos negros pobres, aos que o aconselhavam a resguardar‑se e poupar‑se nas fadigas, dizia:
“‑ Não é apto para o mister de pescador, que tem medo de molhar os pés”.
O Ven. Chevrier, comentando a passagem evangélica: “Se o grão de trigo caído em terra não morre, fica só”, dizia:
“‑ O apóstolo, como o grão de trigo, deve ser atirado ao chão, soterrado, para apodrecer; retalhado, peneirado, moído, amassado, cozido, comido: só nessas condições torna‑se útil às almas”.
A beata Canossa dizia muitas vezes às suas irmãs:
“‑ Devemos ser para as almas como o limão que se deixa se espremer até que não sobre mais nele uma só gota de suco”.
O Pe. Olivaint, S. J., que morreu mártir, exprimia o mesmo pensamento desta forma:
“‑ Senhor, esta manhã junto ao altar, era eu o sacerdote, e Tu a vítima; agora, Tu o sacerdote e eu a vítima”.
S. Carlos Borromeu, aos que o aconselhavam a omitir as penitências e reduzir as austeridades, respondia:
“‑ O apóstolo é comparado pelo Divino Redentor à lâmpada. E não pode ajudar as almas a não ser consumindo‑se a si mesmo”.
Padre Mário Corti, S. J., Viver em graça, Edições Paulinas, primeira edição, 1957, pp. 265 e 266.