I nuovi movimenti ecclesiali

papa-joao-paulo-iiJosé Manuel Jiménez Aleixandre, EP 

 

Raccogliendo gli elementi dei numerosi pronunciamenti di Giovanni Paolo II, Feliciani (nel 1991) così presenta alcuni “tratti essenziali di queste realtà comunitarie”[1] (le parole fra virgolette sono di Giovanni Paolo II):

Secondo il pontefice il termine “movimento” indica, innanzitutto, una “concreta realtà ecclesiale” generata da “un carisma preciso”, dotato di una propria “originalità”, “donato alla persona del Fondatore in circostanze e modi determinati”[2]. Tale dono dello Spirito è, per sua natura, “comunicativo” e fa quindi nascere “quell’affinità spontanea tra le persone e quell’amicizia di Cristo che dà origine ai movimenti”. Ancor più precisamente “il passaggio dal carisma originario al movimento avviene per la misteriosa attrattiva esercitata dal Fondatore su quanti si lasciano coinvolgere nella sua esperienza spirituale” [3].

Il carisma proprio dei movimenti ha poi, sempre a giudizio di Giovanni Paolo II, la peculiarità di riguardare non una determinata categoria di fedeli, ma il battezzato in quanto tale.

Per Feliciani, il pontefice afferma che in questi battezzati coinvolti nella sequela del carisma del fondatore, sorge “un impulso missionario, che porta ad incontrare gli uomini e le donne della nostra epoca nelle concrete situazione in cui essi si trovano[4]“.

Le caratteristiche desunte da Feliciani, da questi insegnamenti pontifici, per qualificare i “nuovi movimenti”, sono tre:

1.     I “movimenti” hanno una “natura essenzialmente carismatica”. E Feliciani fa un’interessante osservazione non priva di risvolti giuridici: “l’adesione a un movimento è di carattere talmente personale ed esistenziale da rendere una iscrizione formale di per sé non necessaria e nemmeno sufficiente, poiché consiste, in ultima analisi, nella volontà di partecipare al carisma che gli è proprio”.

2.     La seconda è il coinvolgimento di “persone delle più varie condizioni e stati di vita”. Dunque se talvolta sono stati qualificati come “laicali”, anche da Giovanni Paolo II, questo non significa che, al loro interno non ci siano sacerdoti e religiosi; e ne meno nell’origini e in funzioni di responsabilità.

3.     Finalmente, essendo un’adesione “in funzione della realizzazione della propria vocazione cristiana secondo un determinato carisma, tende a investire e determinare l’intera esistenza personale di ciascuno in ogni suo aspetto” (sottolineatura nostra).

 

JIMÉNEZ ALEIXANDRE, José Manuel. Le recenti proposte di configurazione canonica dei nuovi movimenti ecclesiali. Studium Generale Marcianum. Istituto Superiore di Scienze Religiose San Lorenzo Giustiniani. Tesina di Licenza. p. 19-20. Venezia, venerdì 23 ottobre 2009

[1] Feliciani, Il Popolo di Dio, p. 168-171.

[2] Nota dall’originale: Messaggio ai partecipanti al Congresso mondiale promosso dal Pontificio Consiglio per i laici, 27 maggio 1998, n. 4.

[3] Nota dall’originale: All’incontro con i Movimenti ecclesiali e le nuove Comunità, 30 maggio 1998, n. 6.

[4] Nota dall’originale: Messaggio ai partecipante al Congresso mondiale, cit., n. 2.

Efeitos da secularização na vida religiosa

Diác. José de Andrade, EP

Deus chama determinadas almas para O seguirem de uma forma radical e para cumprirem determinadas missões. Foi o caso, por exemplo, dos profetas do Antigo Testamento. Também no Novo Testamento se verifica o mesmo fenômeno, originando-se nos primeiros séculos da Igreja o monaquismo: indivíduos (os eremitas) ou comunidades de monges que se afastavam do mundo para se dedicarem unicamente ao serviço de Deus e à contemplação. Este movimento não fez senão crescer ao longo dos séculos, revestindo múltiplas formas. Sobretudo, nas épocas de grande fervor religioso, constata-se um grande incremento de vocações religiosas. Pois a vida consagrada é uma forma de viver mais intensamente o Evangelho, de almejar a santidade, através da prática dos conselhos evangélicos, pela profissão dos três votos: obediência, castidade e pobreza.

religiosasSua importância na Igreja sempre foi reconhecida, pois, como lembrava João Paulo II (1997, p.39), a vida consagrada constitui “memória viva da forma de existir e atuar de Jesus” (Vita consecrata, n.20). Além de ser, através do testemunho de vida, um convite constante aos fiéis a aspirarem à santidade. Por isso, sempre houve um grande empenho, em todas as épocas, em fomentar as vocações religiosas.

No século XX, constata-se um crescimento das vocações religiosas até aos finais da década de sessenta, havendo então uma inflexão dessa tendência que até nossos dias não se inverteu.

Podemos encontrar uma das causas desse decrescimento vocacional na secularização da sociedade moderna. Fenômeno apontado pelos últimos papas. Mas também na permeação da mentalidade secularista, na Igreja. Alguns autores, como o Cardeal Franc Rodé em 2008, porém, apontam outro fator que não pode ser desprezado. Chama ele a atenção para o modo como foi interpretado o Concílio Vaticano II, que ele denomina de “hermenêutica de ruptura”, sobretudo, neste assunto específico, no que diz respeito à reforma da vida religiosa. Em vez de se fazer uma necessária adaptação da vida religiosa às circunstâncias modernas, conservando, porém, o espírito fundacional e a essência da vida religiosa, houve como que uma ruptura com o estilo de vida anterior e uma diluição da radicalidade  com que os religiosos devem seguir a Cristo, cuja conseqüência foi a diminuição de novas vocações e o abandono da vida religiosa por muitos. Sob pretexto de reforma, assimilou-se o secularismo. No mesmo sentido se expressa também outra autoridade eclesiástica, D. Demetrio Fernández (2009), bispo diocesano de Tarazona:

Vivemos tempos de crise, também na vida consagrada. A secularização, ou seja, viver como se Deus não existisse, acomodando-se aos critérios e aos modos do mundo, penetrou também no estilo de vida consagrada. […]

Parece uma contradição, mas infelizmente é assim. Uma vida consagrada na que não se esteja disposto a viver com radicalidade a entrega a Jesus Cristo, com a loucura de amor ao estilo de São Paulo, é uma vida pouco atraente e nada estimulante para os jovens de hoje. Aqui está uma das razões da escassez de vocações. […] Os Institutos que se acomodaram a este mundo não têm vocações, e vão se extinguindo paulatinamente (tradução nossa).

 VICTORINO DE ANDRADE, José et all. A vocação religiosa católica: características e novidades na atualidade. Centro Universitário Ítalo-Brasileiro. São Paulo, 2009. p. 62-63.

O conflito entre ciência e Fé

confPe. François Bandet

No começo o século XIX existiu um sério conflito entre a ciência e a Fé. Foi o período do iluminismo, no qual a razão foi honrada como a única intérprete do conhecimento. Naquele período, o movimento contrário à religião apelidado de positivismo defendeu que a dimensão metafísica da vida era contrária ao senso comum. Hoje, essa mentalidade reducionista reemergiu como uma nova forma de cientificismo,[1] no qual valores e a noção do ser são descartados como um mero produto das emoções e da imaginação. As questões básicas da vida: o que eu posso saber? O que devo eu fazer? O que devo esperar?[2] são consideradas por uma tal mentalidade científica como um lamentável fruto da irracionalidade e da fantasia.

Entretanto, o conflito entre Fé, religião e ciência ainda existe hoje apesar do fato de essas matérias não se oporem, pelo contrário, complementarem-se harmoniosamente. Até Galileu explicitamente declarou que a Fé e a ciência, como duas fontes de verdade, não se podem opor uma à outra.[3] O que é necessário para uma harmonia apropriada entre os dois é que cada uma permaneça no seu respectivo campo. O conflito começa quando uma ou outra, arbitrariamente, estende o seu campo de ação, projetando-se no campo específico ou na matéria do outro.

A harmonia, a paz e a coexistência são favorecidas quando cada disciplina tem uma ideia clara da sua própria natureza e objetivo.[4] Um cientificismo militante e positivo, onde as disciplinas de teologia e filosofia são absorvidas pela ciência, é por certo uma fonte de tensão e conflito. Por exemplo, o cosmologista Stephen Hawking é renomado por extrapolar da sua disciplina científica para teorias filosóficas, a fim de defender suas cosmológicas conclusões sob o pretexto da “estética”. Por basear as suas teorias numa tal evidência não científica, Hawking tenta excluir Deus do seu cosmos, tornando-o um “Deus de vácuo” numa dimensão deística.

Assim como o universo teve um começo, nós podemos supor que teve um criador. Mas se o universo está realmente autocontido, não tendo limite ou borda, sem qualquer princípio ou fim: existindo simplesmente, que lugar teria então um criador?[5]

 

Diante de tal atitude, a teologia não se deve afastar da ciência, e, pior ainda, da razão. Deve continuar o diálogo através da filosofia, como um tipo de moderador já sugerido por João Paulo II:

Como em épocas precedentes, também hoje — e talvez mais ainda — os teólogos e todos os homens de ciência na Igreja são chamados a unirem a Fé com a ciência e a sapiência, a fim de contribuírem para uma recíproca compenetração das mesmas […].[6]

 

A ciência física, entretanto, deve ser pragmática e baseada em reais observações. A teologia deve continuar comunicante e provocando transcendência, a fim de não perder o seu alvo específico.[7] Uma espécie de atitude de “regresso ao essencial” é necessária, para evitar cair no erro de sobrepor ou, pior ainda, isolar-se sob a forma de “fideísmo”.

BANDET. François. Estará a ciência oposta à Fé?  in: LUMEN VERITATIS. São Paulo: Associação Colégio Arautos do Evangelho. n. 6, jan-mar 2009. p. 71-73. Traduzido do original inglês pelo Editorial de Lumen Veritatis, com autorização e revisão do autor.

[1] Cf. Pope John Paul II, Fides et Ratio, 88.

[2] Cf. Kant, Critique of Pure Reason, Bohn, London, 1855, 488.

[3] «Sacred Scripture and the natural world proceeding equally from the divine Word, the first as dictated by the Holy Spirit, the second as a very faithful executor of the commands of God» wrote Galileo in his letter to Father Benedetto Castelli on 21 December 1613. Pope John Paul II, Fides et Ratio, footnote 29.

[4] Cf. P. Haffner, Creazione e scienze, Millstream Productions, Rome, 2008, 125.

[5] S. W. Hawking, A Brief History of Time, Bantam Press, London, 1988, 140-141; cit. in P. Haffner, The Mystery of Reason, Gracewing, Herefordshire, 2001, 162.

[6] Pope John Paul II, Redemptor Hominis, 19.

[7] Cf. L. Oviedo, Whom to blame for the charge of secularization?, in Zygon, 2005, vol. 40, no. 2, 360.


A sacralidade do sacerdote

sacerMons. João Clá Dias, EP

Um elemento conexo ao bom exemplo é a proporcionada respeitabilidade da qual deve cercar-se o ministro de Deus — não só pelo comportamento inatacável, mas também pela postura, pelo modo de ser e pelo traje — para que sua atuação exerça mais influência na alma dos fiéis.

Com efeito, mesmo em nossos dias, a experiência cotidiana nos revela como é impressionante a admiração devotada ao religioso ou sacerdote que se apresenta como tal. Essa respeitabilidade, que a uns pode parecer artificialidade, acaba sendo um valioso auxílio para o próprio ministro, pois contribui para ele ter sempre presente em seu espírito a alta dignidade de que foi investido, a qual imprimiu caráter em sua alma, por toda a eternidade. Além de ser, ao mesmo tempo, uma salutar proteção contra incontáveis seduções do mundo.

Não obstante serem necessárias essas atitudes externas, assim como os cuidados razoáveis para preservar a imagem venerável do sacerdote aos olhos dos fiéis, nada contribui tanto para tal como a autêntica santidade de vida. Santidade cuja fonte o sacerdote encontra principalmente na Celebração Eucarística.

CLÁ DIAS, João. A Santidade do sacerdote à luz de São Tomás de Aquino. in: LUMEN VERITATIS. São Paulo: Associação Colégio Arautos do Evangelho. n. 8, jul-set 2009. p. 15-16.

Il “Simone della storia” e il “Pietro della fede”

pedroPe. Eduardo Caballero, EP

 

            Gli studi attuali vedono due tappe nell’immagine neotestamentaria di Simon Pietro e del suo ministero: il “Simone della Storia” e il “Pietro della Fede”.[1]

            Durante la prima tappa (il “Simone della Storia”), che si svolge durante il ministero di Gesù, l’immagine di Simon Pietro appare con quattro grandi tratti caratteristici. Simone è stato uno dei primi discepoli di Gesù ad essere chiamato, o sulla riva del Mar di Galilea insieme ad Andrea, Giacomo e Giovanni, secondo la tradizione sinottica, o nella valle del Giordano dopo Andrea e un altro discepolo, secondo la tradizione giovannea. Ha avuto anche un ruolo preminente tra i primi discepoli di Gesù, essendo frequentemente associato a Giovanni e Giacomo secondo i Sinottici, e/o al discepolo prediletto nella letteratura giovannea. In più, con tutta probabilità, fece una certa confessione messianica di Gesù, nel senso di “tu sei il Messia” nella linea di quella contenuta sostanzialmente in Mc 8,29 (= Mt 16,16 = Lc 9,20, e il suo riflesso in Gv 6,68s.), la cui autenticità è confermata dal fatto di non essere stata accettata da Gesù. Infine, è anche molto probabile che Simone non abbia capito Gesù, almeno in parte. L’invettiva di Gesù chiamandolo Satana; le sue negazioni attestano questo incompleto intendimento di Gesù da parte de Simone.

            Nella seconda tappa della sua vita (il “Pietro della Fede”), che fa parte della storia della Chiesa Primitiva, si possono individuare anche altre quattro caratteristiche salienti. Simone finì per essere conosciuto come Cefa, proba bilmente perché lo stesso Gesù gli aveva dato questo nome secondo la narrazione trasmessa in tre contesti diversi.[2] Gli fu concessa, tra i Dodici, la prima apparizioni di Gesù risorto,[3] fatto in seguito al quale Pietro fui il più importante dei Dodici in Gerusalemme e dintorni.[4] Pietro, poi, svolse un’attività missionaria soprattutto tra i giudei, ma anche tra i gentili.[5] Infine, la sua posizione teologica fu intermedia tra quella di Giacomo e quella di Paolo.[6]    Ci sono, inoltre, sei immagini di Pietro nel pensiero neotestamentario. Oltre che primo testimone di Gesù risorto, di portavoce dei Dodici e di missionario, si sviluppa l’immagine di grande pescatore-missionario (Lc 5) che deve confermare i suoi fratelli con la sua continua predicazione missionaria.[7] Emerge, inoltre, l’immagine del pastore,[8] che esercita l’autorità pastorale in virtù delle chiavi del regno e del legare e sciogliere che Gesù gli ha affidato (Mt 16,19). Poiché è buon pastore, dà la vita per le sue pecore (Gv 10,11; 13,36), e diventa martire cristiano a Roma verso gli anni 60 come “testimone delle sofferenze di Cristo” (1Pt 5,1). Ha una speciale rilevanza l’immagine di Pietro come ricettore di rivelazione propria, sia della risurrezione (1Cor 15,5), sia della scena che la annuncia: la trasfigurazione (Mc 9,2-10), una visione che viene usata per giustificare la sua autorità petrina successiva (2Pt 1, 16-18). Si narrano ugualmente altre tre rivelazioni riservate a lui: la prima, quando viene scoperto l’inganno di Anania e Zaffira, (At 5,1-11); la seconda, che giustifica il battesimo del romano pagano Cornelio (At 10,9-16) e la terza, per essere liberato dalla prigione (At 12,7-9). Prevalentemente, Pietro si manifesta come confessore della vera fede cristiana nel testo di Mt 16,16-19 (e della sua scena vicina di Gv 6,66-69), dove prende corpo in modo germinale una rivelazione di Dio sulla identità di Gesù: è il Messia e il Figlio del Dio vivo. Alla luce degli eventi post-pastquali si rende patente per la comunità cristiana che Pietro è realmente la roccia sulla quale Gesù ha fondato la sua Chiesa, contro la quale non prevarranno le porte dell’Inferno. E nella 2Pt, Pietro appare come il custode della fede contro il falso insegnamento nella interpretazione sia delle Scritture (1,20s.) sia degli altri apostoli (3.15s). Infine, tutta questa visione non impedisce che Pietro sia visto anche come debole e peccatore. Infatti, non capisce le parole e le intenzioni di Gesù,[9] viene rimproverato da Gesù, e addirittura chiamato “Satana”,[10] ed anche criticato da Paolo (Gal 2,11ss.). Rinnega Gesù (Lc 14,66-72) ma si pente e viene riabilitato, come fa capire l’apparizione di Gesù risorto (Gv 21,15-17). Anche l’uomo di poca fede è salvato da Gesù mentre affonda (Mt 14,28-31); il pescatore indegno e peccatore riceve da Gesù poteri spirituali (Gv 5,8-10) e una volta ravveduto, diventa sorgente di forza credente per i suoi fratelli (Lc 22,32).  

CABALLERO, Eduardo. Radicamento biblico del Ministero Petrino. Pontificia Università Gregoriana. Roma, 7 maggio 2009. p. 5-7.

[1] Cf S. PIÉ-NINOT, Eclesiologia. La sacramentalità della comunità cristiana, Brescia

2008, 457s.

[2] Cf Mc 3,16; Mt 16,18; Gv 1,42.

[3] Cf 1Cor 15,5; Lc 24,34; e Mc 16,7.

[4] Cf Gal 1,18; At 3,1s.; 4,1s.; 8,14.

[5] Cf At 10; 1Cor 1,12; 1Pt 1,1.

[6] “Tutti d’accordo”: At 15,25; differenze con Giacomo: Gal 2,12; differenze con Paolo:

Gal 2,11, e la testimonianza globale di 2Pt.

[7] Cf Lc 22,32: “conferma i tuoi fratelli”.

[8] Cf Gv 21; 1Pt 5.

[9] Cf Mc 9,5s.; Gv 13,6-11; 18,10s.

[10] Cf Mc 8,33; Mt 16,23.


Cristo ha revelado el hombre a todo hombre

 

cristoPe. José Francisco Hernández Medina, EP

El siervo de Dios Juan Pablo II, en su Carta Apostólica Novo Millenio ineunte,  explica el trecho que acabamos de transcribir con gran precisión:

 

Dios y hombre como es, Cristo nos revela también el auténtico rostro del hombre, «manifiesta plenamente el hombre al propio hombre ». (Gaudium et Spes n. 22)

Jesús es el «hombre nuevo» (cf. Ef 4,24; Col 3,10) que llama a participar de su vida divina a la humanidad redimida. En el misterio de la Encarnación están las bases para una antropología que es capaz de ir más allá de sus propios límites y contradicciones, moviéndose hacia Dios mismo, más aún, hacia la meta de la «divinización», a través de la incorporación a Cristo del hombre redimido, admitido a la intimidad de la vida trinitaria. Sobre esta dimensión salvífica del misterio de la Encarnación los Padres han insistido mucho: sólo porque el Hijo de Dios se hizo verdaderamente hombre, el hombre puede, en él y por medio de él, llegar a ser realmente hijo de Dios[1]. 

       La afirmación de Juan Pablo II, nos llama mucho la atención por su claridad. El Hijo de Dios se ha hecho hombre no sólo para hacerse Emmanuel (Dios-con-nosotros) sino para explicarnos a nosotros mismos lo que significa ser hombre, y el camino recto y seguro para, por Él, con Él y en Él llegar a ser hijo de Dios por la Gracia; que sobreeleva al hombre de su naturaleza hasta a iluminarlo por la participación en la vida divina.

       Este aspecto había como que quedado relegado, olvidado, entre el luctus et angor de un siglo que había conocido dos Guerras Mundiales con trágicos episodios de sangre y violencia, desaparición de naciones y de imperios, y el predominio, en los ambientes de pensamiento y literatura, de ideologías relativistas, a las que “le daba igual” si Dios existía o si no existía,  y que habían “montado su vida” et si Deus non daretur.

Y por ello el n. 22 abre una luz de esperanza para el hombre del siglo XXI:

El hombre: no está solo en esta tierra, no está abandonado a su  suerte, ¡Dios se ha hecho Hombre para estar junto a él.

Trabajó con manos de hombre, pensó con inteligencia de hombre, obró con voluntad de hombre, amó con corazón de hombre. Nacido de la Virgen María, se hizo verdaderamente uno de los nuestros, semejantes en todo a nosotros, excepto en el pecado[2].

Y más adelante:

y, además abrió el camino, con cuyo seguimiento la vida y la muerte se santifican y adquieren nuevo sentido[3].

Era (¡y lo es hoy más aún!) uno de los grandes interrogantes del hombre contemporáneo, “el sentido de la vida”,  el “Lebenssinnn” ante el cual quedaba perpleja cierta filosofía del mundo. Este sentido no era un laberinto inextricable, sino que estaba plenamente iluminado por la Encarnación, la Redención y la Pascua.

Pero el n. 22  de la Gaudium et Spes va más lejos aún. Muestra además, que  justamente todo lo anterior es un preludio. Dios ha hecho esto para, sobre todo ¡elevar al hombre a Su propia vida por la Gracia!

De una manera que, sin nada confundirse con panteísmo alguno, pero por misterio de la voluntad de Dios, la gracia (esa participación creada en la vida increada de Dios) diviniza al hombre.

Por lo tanto, no tienen ninguna base los temores que, facilitados por la rapidez de las comunicaciones de la “aldea global”,  parecen amenazar por todas partes al hombre actual.

La Gaudium et Spes se muestra desde el comienzo como dirigida a esclarecer a ese hombre rodeado de preguntas que parecen no tener respuesta.

El n. 10,  nos describe las limitaciones, las solicitaciones, las divisiones y discordias a los que algunos hombres contemporáneos «tarados en su vida por el materialismo práctico» ignoran la percepción clara del estado dramático de este estado de cosas o no tienen tiempo para considerarlo. Ante esta y otras situaciones, este apartado del 22 de la GS nos hace esta múltiple pregunta: cual es el sentido del hombre en medio de estas situaciones y como el  hombre no está solo en las simples perplejidades cotidianas, Dios lo acompaña de una altísima  y misteriosa forma, le enseña a dar a las cosas un sentido exacto y una significación propia.

El entonces Cardenal Ratzinger, cuando Prefecto de la Congregación para la Doctrina de la Fe,  en una entrevista de prensa del año 2003, alertaba sobre esa sensación que tiene el hombre contemporáneo, de estar solo, de pensar en Cristo como en una figura histórica lejana, distante de él, perdido en el pasado, y no percibirlo como vivo, y cercano a cada uno[4].

Volviendo a la Gaudium et Spes en su número 10, continúa:

Bajo la luz de Cristo, imagen de Dios invisible, primogénito de toda la creación, el Concilio habla a todos para esclarecer el misterio del hombre y para cooperar en el hallazgo de soluciones que respondan a los principales problemas de nuestra época[5]

 

HERNÁNDEZ MEDINA, José Francisco. Reflexiones sobre el n. 22 de la Gaudium et Spes. Pontificia Università Gregoriana. Roma, 24 di gennaio 2008.



[1] Juan Pablo II. Carta Apostólica Novo Millenio Ineunte, 6-1-2001  n. 23. Cita el Pontífice, a pie de página: A este respecto observa san Atanasio: « El hombre no podía ser divinizado permaneciendo unido a una criatura, si el Hijo no fuese verdaderamente Dios », Discurso II contra los Arrianos 70: PG 26, 425 B

[2] GS, n. 22

[3] Ibíd..

[4] Apud entrevista a Zenit, ZS03121611 y ZS03121711, in http://www.senioretamar.com/ARCHIVOS/CAPELLAN%CDA/JRatzinger_infinito.pdf

[5] GS, n. 10

A criação é um livro no qual se lê a Santíssima Trindade

Dustan Soares de Miranda Filho

 

Deus fez um universo ordenado, chamado cristo-rei-do-universocosmos. Segundo o “Nouveau Petit Larousse illustré” (1952, p. 241), a palavra “cosmos” significa o universo “considerado em sua ordem”.

O vocábulo “ordem” provém de um termo grego que significa “reto” (SARAIVA, 1993, p. 826). Segundo o dicionário “Aurélio”, ordem é a “disposição conveniente dos meios para se obterem os fins” (FERREIRA, 1986, p. 1230).

Estudando a doutrina tomista, chegamos a uma noção mais ampla a respeito do que seja a ordem. Esta é a reta disposição das coisas segundo o seu fim próximo e remoto, físico e metafísico, natural e sobrenatural. E, como veremos, para que haja ordem entre os seres são necessárias a desigualdade e a hierarquia.’

Por sua vez, o vocábulo “universo” provém do latim “unus” e “vertere” (cf. SARAIVA, 1993, p. 1243), significando que todas as coisas convergem para o uno.

 

Multiplicidade, desigualdade e hierarquia das criaturas

O Altíssimo fez o mundo para refletir as perfeições divinas, que são infinitas. Ele não poderia criar apenas uma criatura, por mais perfeita que fosse, pois toda criatura é limitada. Por isso, criou múltiplos seres. Não só múltiplos, mas também diferentes; porque se iguais somente poderiam representar uma qualidade de Deus. É o que ensina o Doutor Angélico (AQUINO, 2002, vol. 2, p. 78).

São Tomás afirma taxativamente que Deus é o autor da desigualdade:

Como a sabedoria divina é causa da distinção entre as coisas, para a perfeição do universo, assim também é da desigualdade. Pois o universo não seria perfeito se se encontrasse nas coisas apenas um grau de bondade. (AQUINO, 2002, vol. 2, p. 81)

 E, na “Suma contra os gentios”, acrescenta:

A diversidade e desigualdade nas coisas criadas não provém do acaso; nem da diversidade da matéria; nem da intervenção de algumas causas ou mérito, mas do próprio querer divino, que quis dar à criatura a perfeição que a esta é possível ter. (AQUINO, 1952, vol. 1, p. 243)

Ora, entre os seres múltiplos e desiguais há ordem, ou seja, hierarquia. Analisando a etimologia da palavra ‘hierarquia’, verificamos que ela possui um sentido religioso. Provém dos vocábulos gregos ‘arquia’, que significa governo, e ‘hier’, “o primeiro elemento dos compostos eruditos com a idéia de sagrado” (BUENO, 1965, vol. 4, p. 1748). Por outro lado, ensina o “Catecismo da Igreja Católica”: “A hierarquia das criaturas é expressa pela ordem dos ‘ seis dias’, que vai do menos perfeito ao mais perfeito” (CIC 2001, p. 100, n. 342).

MIRANDA FILHO, Dustan et all. A Glória de Deus espelhada na Ordem do Universo. Centro Universitário Ítalo Brasileiro – Curso de teologia. São Paulo, 2009. p. 23-24.

 

Verdade e felicidade na existência humana

procissaoO Cristão sabe que há limites para os “princípios e as causas” que os filósofos procuram. A “filosofia primordial” de Aristóteles, na realidade, convida-nos a contemplar a existência da mais alta verdade, embora os poços que alcançaram esta meta obtiveram apenas um oblíquo, inferencial conhecimento deste último princípio; isto é, um conhecimento da dependência dos seres criados de uma única, fonte que todas as pessoas chamam Deus.[1] Devido a ter explorado extensivamente a diferença entre o Deus dos filósofos e o Deus de Abraão, Isaac e Jacó, São Tomás de Aquino oferece uma nota incaracteristicamente acabrunhada acerca daquelas pessoas que se apóiam apenas na razão para descobrir a verdade acerca da existência humana.

 

Porque Aristóteles viu que não há nenhum outro conhecimento humano nesta vida exceto através das ciências especulativas, ele sustentou que o homem não pode atingir uma completa, mas apenas uma relativa felicidade. Com isto fica claro o que o nobre gênio entre os filósofos experienciou no curso do seu tempo.[2]

 

Mas enquanto o Cristão escapa a esse triste estado, ele ou ela precisam experimentar alguma frustração dos filósofos. Como um teólogo aponta, “se o homem não estabelece um contato definitivo com Deus a um ponto que não é graça (no sentido teológico da palavra), então o Deus que se revela não se pode endereçar ao homem de modo significante. Daí, a solene declaração da Igreja que a existência de Deus pode ser naturalmente conhecida (Dz 3004, 3026) e que a alma humana é imortal (Dz 1440)”.[3]

Quando a Igreja defende a dignidade do chamado humano e restaura a esperança para aqueles desconsolados de qualquer destino mais alto, ela reconhece que a sua mensagem atingiu o mais profundo do coração humano. Ao mesmo tempo, por causa do sobrenatural senso de fé, o Povo de Deus recebe uma verdade que excede a capacidade do conhecimento humano, a verdade que os liberta (Cf. Jo 8, 32).

Este texto foi publicado na revista Lumen Veritatis nº 5 Out. – Dez. com a gentil permissão do corpo editorial da AMATECA series of Handbooks of Catholic Theology e foi traduzido pelo Pe. Colombo Pires E.P. da edição inglesa do Father Cessario’s Le Virtù (Milan 1994).

[Romanus Cessario, O.P. The Virtues, Or the Examined Life (London/New York: Continuum, 2002)].


[1] Cf. In De Trinitate Bk 5, chap. 4.

[2] Contra gentiles Bk III, c. 48.

[3] Edward Schillebeeckx, Revelation and Theology, vol. 1 (New York, 1967), pp. 154, 155.

A ETERNA BEM-AVENTURANÇA

bem-aventurancaChn. Louis Bremond, “Le Ciel, ses joies et ses splendeurs”, P. Lethielleux, Lib.‑Éditeur, Paris,

 

 

 1925, pp. 2‑4‑5‑10‑13‑18‑20.

A bem‑aventurança requer não somente a visão mas a posse do fim e o gozo que tem como conseqüência o repouso do amante no objeto amado

“O coração do homem foi ferido, desde sua origem, por um golpe que partiu do Infinito. Ninguém poderá curar essa ferida senão Aquele que a fez”. (Mgr d’Hulst, Mélanges philosophiques, p. 288)

Por isso Davi exclamava: “Quando vossa glória manifestar‑se a mim, Senhor, aí serei satisfeito”. (Ps. XV, 15)

“Deus é o fim de seu ato criador, diz São Tomás, por ser Ele o princípio. Porque Sua qualidade de fim não significa outra coisa senão o ser até o fim o princípio da criatura comunicando‑lhe, também até o fim, Sua própria bondade”. (P.I, q.12, a.1 Cf. Somme philosophique, I. III. c.17)

“O fim último do homem satisfaz de tal maneira seus desejos naturais, que ele deixa de procurar qualquer outra coisa a partir do momento em que o possua, porque, se ainda resta no homem algum movimento para outro objeto, este movimento é uma prova de que não possui ainda a finalidade na qual deve encontrar o repouso”. ( Somme philosophique, livre III, ch 48)

O pensamento de São Tomás ainda se desenvolve mais na Suma Teológica:

“A bem‑aventurança requer não somente a visão que é o conhecimento perfeito do fim último e inteligível, mas ainda, a posse que se relaciona à presença deste fim e o gozo que tem como conseqüência o repouso do amante no objeto amado”. (Somme Théologique, I‑II, q.4. a.3)

E Suarez diz que “a perfeição total da bem‑aventurança” está nessa percepção da essência divina”, que “é a principal e mais perfeita operação da alma” (Suarez, De Beat., disp. 7)


Como surpreender‑nos que Santo Agostinho diga que a bem‑aventurança é “a plenitude superabundante de tudo aquilo que é desejável”, “a reunião de todos os bens”, como diz Boécio, e, como acrescenta São Tomás: “o bem perfeito que dá a todos os nossos desejos sua plena e inteira satisfação”? (S.Aug., De Civitate Dei, lib. XIX, cap I; Boèce, de Consolatione philosophiae, lib. III, pros. 2; S. Thomas, I‑II, q.2, a. 8)

Tudo isso fazia São Gregório Magno exclamar:

“Qual é o espírito capaz de conceber a sublimidade das alegrias celestes? Assistir aos coros dos Anjos, glorificar ao Criador na companhia dos Santos, contemplar diretamente a face de Deus, ver a luz infinita, estar ao abrigo da morte, rejubilar‑se para todo o sempre com o dom da incorruptibilidade!

A alma queima de ardor por estes bens apenas ao conhecê‑los e desejaria já estar no lugar onde anseia desfrutar de uma felicidade eterna”. (Hom. XXXVII sur l’Évangile)

PSICOLOGÍA DEL ALMA SEPARADA

TEOLOGIA DE LA SALVACION

P. FR. ANTONIO ROYO MARIN, O. P.morte-sao-romualdo

 

 

    I. EL ESTADO DEL ALMA SEPARADA

 

133. Ante todo hay que partir del supuesto de que la unión del cuerpo con el alma es plenamente conforme a la naturaleza. Substancias incompletas como son, se ordenan la una a la otra para constituir el ser completo o persona humana. Ello quiere decir que el estado de separación es, en cierto modo, violento para el alma, único elemento que subsiste vitalmente después de la separación. Si es contrario a la naturaleza cualquier mutilación del cuerpo humano, y nos causa, por lo mismo, una dolorosa impresión ver a un hombre privado de sus brazos o sus piernas, es evidente que mucho más contrario a la naturaleza humana es que el cuerpo entero se arranque y separe de su alma; por eso la vista de un cadáver nos causa siempre, instintivamente, un sentimiento de espanto y de dolor.

Sin embargo, en algún sentido, el alma es más libre y perfecta al quedar desembarazada de la pesadez de la materia, que impide o dificulta muchas veces su vuelo intelectual. En este sentido, y recogiendo todos estos principios, podemos estabelecer la siguiente

 

Conclusión: El alma en estado de separación es más perfecta en algún sentido y menos perfecta en otros.

 

1) ES MÁS PERFECTA. ‑ Porque separada del cuerpo:

a) Conserva tan sólo en su raíz (radicaliter) las potencias sensitivas, vegetativas y locomotivas. Luego no se distrae con su ejercicio ni consume su energía atendiéndolas.

b) Adquiere el modo de existir de los espíritus puros. Pero, como el modo de ser importa el modo de obrar, el alma separada entiende y ama al modo de los espíritus, que es, de suyo, más perfecto. Por eso dice Santo Tomás que el alma separada es “en cierto modo más libre, en cuanto que la pesadez y ocupación del cuerpo no le impide la pureza de su entender” (I,89,2 ad I).

 

2) ES MÁS IMPERFECTA. ‑ Porque este estado de separación incluye ciertas imperfecciones con relación a la naturaleza del alma, ya que al alma le competen naturalmente tres cosas principales, de las que se ve desposeída en el estado de separación:

a) La unión con su cuerpo, para el que tiene intrínseca proporción y apetito natural.

b) La conversión a los fantasmas de la imaginación, con los que puede entender mejor y más claramente que con la especies infusas, que son demasiado elevadas para ella (cf. I,89,I).

c) El conocimiento sensible de las cosas corpóreas, que en el estado de separación no puede conocer sino de una manera puramente espiritual.

De esto principios se deduce claramente que el estado de separación no puede considerarse más perfecto desde todos los puntos de vista; de lo contrario, la unión del alma con el cuerpo no podría llamarse natural. Sin embargo, el estado de separación tampoco puede llamarse antinatural o enteramente contrario a la naturaleza del alma ‑ ya que, de suyo ella tiene vida independiente del cuerpo y puede sin él desplegar sus actividade propias ‑, sino únicamente menos natural[1].


[1]  1 Cf. FARGES, Philosophia scholastica (París 1934): Psychologia, n.247.