“Levantar e ir em missão”, pede Dom Claudio Hummes aos sacerdotes

D Claudio Hummes2Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 09-06-2010, Gaudium Press) “Sejam bem-vindos! Aqui em Roma nós os amamos e os reconhecemos por aquilo que são e por aquilo que fazem como presbíteros na vida e na missão da Igreja”. Foi com essa calorosa saudação que o prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Claudio Hummes, recebeu os sacerdotes que chegaram em Roma para as celebrações da conclusão do Ano Sacerdotal, que começam hoje e terminam na próxima sexta-feira na solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Para essa ocasião se espera a maior concelebração da história da Igreja, cerca de 15 mil sacerdotes do mundo todo reunidos.

O “renovar em cada um dos presbíteros a consciência e a atuação de sua verdadeira identidade sacerdotal e de sua espiritualidade específica” foi o objetivo do Ano Sacerdotal anunciado no ano passado pelo Santo Padre, como fez questão de salientar o cardeal Hummes. “Levantar e ir em missão” é o chamado para os sacerdotes de hoje.

 Segundo o purpurado, humilde, confiante e honrado é a imagem que todo sacerdote deveria passar em sua missão na Igreja, a todos os fiéis. O mundo precisa de “cristianização” nos países ocidentais já cristãos há séculos e que estão perdendo a fé e de também uma nova evangelização nos países onde o cristianismo ainda não é muito difundido, prossegiu.

Essa missão sacerdotal, para Dom Cláudio, deve acontecer primeiro com os mais pobres. “Esses são marginalizados e excluídos do altar dos bens materiais, sociais, culturais e frequentemente também o altar dos bens espirituais”, diz o cardeal Hummes, recordando que são eles os “destinatários privilegiados do Evangelho”.

Dom Mauro Piacenza, secretário da Congregação para o Clero, disse aos que estavam presentes à Basílica lateranense na adoração eucarística que para cada um deles a Igreja é Mãe e Esposa, “por cada um exulta, com cada um geme e em cada um confia”. Os sacerdotes são “aqueles escolhidos”, “amados” e envolvidos especialmente na Eucaristia por Jesus, explicou.

A cidade de Roma, nestes dias, até a próxima sexta-feira, será dominada pela numerosa presença de sacerdotes e religosas. As primeiras estatísticas registram a cifra de 9689 presenças nas celebrações da conclusão do Ano Sacerdotal. A América Latina é representada, atpe agora, pela Argentina com 88 padres, pelo Brasil com 194, pelo Chile com 32, pela Colômbia com 300, pelo Equador com 41, por Honduras com 32, pelo México com 198, pelo Paraguai com 60, pelo Perú com 3, pelo Uruguai com 8 e pela Venezuela com 29.

Sucessão e Sacramentalidade do Munus Apostólicum

jesus-e-apostolos1Pe. Juan Carlos Casté, EP

A instituição do Colégio Apostólico

O Senhor, depois de ter rezado ao Pai, constituiu Doze apóstolos para enviá-los a pregar o Reino de Deus.[i] O número dos Doze recorda as doze tribos de Israel; de um lado expressa a edificação do novo Israel, nascido do “resto” do antigo, mas por outro lado, é intenção de Nosso Senhor romper com a casta sacerdotal limitada a uma tribo.

O próprio ato de eleição comporta já uma participação dos apóstolos à consagração e missão de Jesus, porque os escolhe para enviá-los a pregar, portanto, fá-los partícipes da Sua consagração e da Sua missão, realizando-se isto em diversos momentos e coincidindo com a instituição do sacramento da ordem, observável em diversas ocasiões nas quais recebem de Jesus a chamada, a potestade e a missão, completada no Pentecostes.

O magistério une a instituição da ordem à Eucaristia. João Paulo II, por exemplo, reafirmou a doutrina tridentina da união da ordem com a Eucaristia. Depois da Ressurreição, o Senhor faz dos apóstolos os continuadores da Sua missão e lhes dá o poder de perdoar os pecados.[ii] Essa missão dos apóstolos deriva da consagração recebida. Não é própria, em duplo sentido: é uma iniciativa de Outro e a sua capacidade para desenvolvê-la é participada.

Nessa missão os apóstolos foram confirmados no dia de Pentecostes. Ao descer o Espírito Santo, realizou-se o cumprimento da promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo e se completa a instituição da ordem sagrada enquanto dá aos apóstolos a graça necessária para cumprir a Sua missão exercitando a potestas sacra. Os apóstolos receberam, deste modo, a qualificação que permanecerá nos detentores do sacerdócio ministerial: uma capacidade ontológica e um “impulso interior” — o dom de Pentecostes contém também aquilo que posteriormente se chamará “graça sacramental específica” da ordem.[iii] Se a missio Ecclesiae é sempre reconduzível à missão invisível do Filho e do Espírito Santo, a missio apostólica deverá ter a sua origem não só em Cristo, como também no Espírito Santo.

O grupo dos Doze reunido no Cenáculo, como gérmen da Igreja, tinha já sido enviado pelo Senhor aos filhos de Israel, e depois a todas as gentes, a fim de que, participando da sua potestade, os convertessem em discípulos, os santificassem e os governassem, porém, foram confirmados nessa missão no Pentecostes. Foram impulsionados à missão e a predicar audazmente o Evangelho. Esse dom do Espírito Santo, o mesmo Espírito de Cristo, desceu sobre eles para que O comuniquem a todos os homens.

A posição dos Doze, ademais de serem embaixadores e ministros de Cristo, situa-os também à cabeça da comunidade cristã. Eles estão conscientes de estar investidos de autoridade, executando-a inclusive com veemência.[iv] Escolhidos juntos, a sua união fraterna estará a serviço da comunidade. Sua autoridade não é de domínio, mas exercitada “para edificar e não para destruir”.[v]

A Sucessão Apostólica

Os apóstolos, ademais de serem fundamento da Igreja, foram também a origem da sagrada hierarquia. O ministério sacerdotal tem, então, como segundo fundamento — depois do cristológico, o sacerdócio de Cristo — a sucessão apostólica que é a continuidade no tempo do ministério apostólico, indispensável para a vida da Igreja. A sucessão apostólica é o aspecto da natureza e da vida da Igreja que revela a dependência atual da comunidade em relação a Cristo, através dos Seus enviados.

A missão divina, confiada por Cristo aos apóstolos, deverá durar até o fim dos tempos e por isso os apóstolos, nessa sociedade hierarquicamente estruturada, tiveram a preocupação de escolher sucessores.[vi] Se bem que a morte do último apóstolo acaba o apostolado dos Doze, o seu ministério não termina, continua através dos séculos na sucessão apostólica: os poderes e a missão dos Doze foram recebidos pelos seus sucessores, os bispos, e de um modo subordinado pelos presbíteros.

Da revelação neo-testamentária aprendemos que na vida dos apóstolos existiam já colaboradores que desempenhavam o encargo de completar e consolidar a obra já iniciada.[vii] Nesses colaboradores já se destilava, por assim dizer, os bispos sucessores dos apóstolos, sendo que esses “bispos” se distinguiam dos outros cristãos. Era a sucessão apostólica. Estes primeiros sucessores possuem o munus apostolicum “per successionem ab initio decurrente” e este é o critério que individualiza, inequivocamente, aqueles que possuem realmente as marcas da semente apostólica.

São Clemente, terceiro sucessor de Pedro, afirmava que “os Doze tiveram a preocupação de se constituírem sucessores para que a missão que lhes foi confiada continuasse depois da sua morte”.[viii] Assim sendo, os apóstolos, em obediência à vontade do Senhor, instituíram os ministérios que tinham a missão de continuar a obra iniciada por eles, e deram aos seus sucessores a ordem de confiar esse ministério a outros, a fim de continuar a sucessiva geração de cristãos.

Os ministérios desenrolam-se já no período apostólico e imediatamente pós apostólico. Apenas nos bispos, com a ajuda dos presbíteros e dos diáconos, se encontram, através da sucessão apostólica, a marcas autênticas da semente apostólica. Estes foram considerados os pastores que dirigiram a comunidade cristã em nome de Deus. Cumpre aqui acrescentar que apenas os bispos são os sucessores dos apóstolos.

A sucessão apostólica é, segundo a sua essência, a presença viva da palavra em forma pessoal de testemunho, de modo que o “Evangelho a transmitir” seja de verdade “para a Igreja o princípio de sua vida em todo o tempo”.[ix]

O ministério dos bispos se configura, assim, como a visibilidade do “episcopado” de Cristo, e aqui se encontra a base da veneração que a Igreja confere aos seus pastores, pois essa participação torna Cristo presente na Sua pessoa e no Seu atuar.

A sucessão apostólica é chamada fundamento do ministério, no sentido em que consiste principalmente no fato de ser próprio ao munus apostólicum ser transmitido, o múnus desses homens aos quais Jesus prometeu: “Eu estarei sempre convosco até o fim dos tempos”.[x] A sucessão apostólica também determina a modalidade dessa transmissão enquanto ao rito, e garante o reconhecimento aos homens, de quem são aqueles que receberam verdadeiramente a ordem. A missão recebida por Cristo do Pai é transmitida aos apóstolos, e, destes aos bispos e aos presbíteros. Como disse Bento XVI numa das suas catequeses:
Não podemos ter Jesus sem a realidade que ele criou e na qual se comunica. Entre o Filho de Deus feito homem e a Sua Igreja existe uma profunda, inseparável e misteriosa continuidade, em virtude da qual Cristo está presente hoje no Seu povo. Ele é sempre nosso contemporâneo, é sempre contemporâneo na Igreja construída sobre o fundamento dos apóstolos, está vivo na sucessão dos Apóstolos.[xi]

Uma vez finalizada a era sub-apostólica, coloca-se a pergunta de como seria possível conferir a sacra potestas aos seus sucessores, já que não se pode recorrer de maneira direta à pessoa visível de Cristo. Esta deve ser…
[…] considerada como um dos dons hierárquicos (cf. Lumen gentium, 4) derramado sobre a Igreja pelo Seu Fundador divino e, desta forma, como um elemento constitutivo da Tradição sagrada que contém tudo aquilo que os Apóstolos legaram como instrumento de preservação e de promoção da santidade e da fé do Povo de Deus (cf. Dei Verbum, 8). A história demonstra amplamente que o exercício firme e sábio dessa autoridade apostólica, de modo particular nos momentos de crise, tem tornado a Igreja capaz de preservar a sua integridade, independência e fidelidade ao Evangelho, diante das ameaças que provêm tanto de dentro como de fora.[xii]

As funções desempenhadas pelos portadores da sucessão apostólica revelam que nos bispos, assistidos pelos presbíteros, está presente no meio dos crentes o Senhor Jesus.
Por meio do seu exímio ministério, prega a todas as gentes a Palavra de Deus, administra continuamente aos crentes o sacramento da fé, incorpora por celeste regeneração e graça à sua ação paternal (cf. 1 Cor 4, 15) novos membros ao Seu corpo, e, finalmente, com sabedoria e prudência, dirige e orienta o Povo do Novo Testamento na peregrinação para a eterna felicidade.[xiii]

No texto conciliar acentua-se o fato de que é o próprio Cristo que está presente no meio dos fiéis a predicar, incorporar e dirigir. Essa presença ativa de Cristo nos bispos exige um vínculo ontológico entre Cristo e os bispos. E isso leva a que eles sejam sacramento de Cristo no sentido em que eles possuem, desenvolvem a função de Cristo, mestre, sacerdote e pastor, em virtude da realidade interior que os assemelham a Cristo, com a intensidade de que é capaz uma criatura. Trata-se, então, de uma presença totalmente distinta daquela que existe em qualquer cristão.
O bispo é enviado, em nome de Cristo, como pastor para cuidar duma determinada porção do Povo de Deus. Por meio do Evangelho e da Eucaristia, deve fazê-la crescer como realidade de comunhão no Espírito Santo. Disso deriva para o bispo a representação e o governo da Igreja que lhe foi confiada — com o poder necessário para exercer o ministério pastoral recebido sacramentalmente (munus pastorale) — como participação da própria consagração e missão de Cristo.[xiv]

Dessa maneira, chegamos à sacramentalidade da ordem. Isso pede uma especial efusão das graças do Espírito Santo e se transmite com a imposição das mãos. Esse dom foi transmitido pelos apóstolos aos seus sucessores e assim sucessivamente. Essa transmissão deve se realizar por via sacramental. Com a consagração episcopal, confere-se a plenitude da ordem sacerdotal, a qual é chamada pela voz dos santos e dos Padres da Igreja: sumo sacerdócio. Essa consagração confere o múnus de santificar, ensinar e governar os fiéis.[xv]

É no concílio Vaticano II que pela primeira vez se afirma a sacramentalidade da ordenação episcopal enquanto plenitude do sacramento da Ordem.[xvi] Essa natureza sacramental quer dizer que o rito da imposição das mãos é um verdadeiro e próprio sacramento da Nova Lei.                                                                    


[i] Mc 3, 13-19; Mt 10, 1-42.

[ii] Cf. Jo 20, 21-23.

[iii] Cf. Philipe Goyret Chiamati, Consacrati, Inviati Il Sacramento dell’Ordine. Libreria Editrice Vaticana, 2003.

[iv] Cf. 1 Cor 4, 21; 5, 5.

[v] 2 Cor 13, 10.

[vi] Cf. Lumen Gentium 20, 1.

[vii] Cf. Lumen Gentium 20, 2.

[viii] Cf. 1 Clem 42, 4.

[ix] Lumen Gentium 20.

[x] Mt 28, 20.

[xi] BENTO XVI. Gli Apostoli e i Primi discepoli di Cristo. Libreria Editrice Vaticana, 2008 (Intr.).

[xii] JOÃO PAULO II. Aos Bispos da Região Eclesiástica da Pensilvânia e Nova Jérsei (EUA) em visita Ad Limina Apostolorum, 11 set. 2004.

[xiii] Lumen Gentium 21, 1.

[xiv] João Paulo II, Pastores Gregis, Exortação Pós Sinodal sobre o bispo, servidor do Evangelho de Jesus Cristo para a esperança do mundo.

[xv] Cf. Catecismo Igreja Católica, n. 4.

[xvi] Compêndio CIC, n. 326; Catecismo Igreja Católica, n. 1557-1558.

Considerações sobre o ministério presbiteral no contexto do Ano Sacerdotal

Diác. José Victorino de Andrade, EPCura d'Ars

O Ano Sacerdotal que estamos celebrando tem trazido fecundos aportes ao ministério presbiteral, fruto das reflexões realizadas em todo o orbe católico e da renovada esperança que esta conclamação produziu no seio da Igreja. A esperança, nota distintiva da Instituição nascida do costado do Senhor e edificada sobre a rocha inabalável de Pedro, tende a se afirmar cada vez mais como a luz orientadora de nossa época, tal como o Magistério Pontifício a apresenta em duas de suas recentes encíclicas: a Novo Millenio Ineunte, de João Paulo II e a Spe Salvi, de Bento XVI. [1]

Nesta perspectiva, os numerosos problemas enfrentados pelos sacerdotes em nossos dias nos encorajam a pedir ao Senhor que, além de conduzi-los à plenitude da santidade por meio da qual serão vitoriosos em seus desafios, mande mais operários para a Sua messe (cf. Mt 9, 38; Lc 10, 2).

Nota o Cardeal Franc Rodé, CM, que o florescimento de novos chamados constitui, antes de tudo, o fruto de uma moção divina, mas não exclui a colaboração humana:

As vocações são um dom de Deus, e a iniciativa é completamente d’Ele. Entretanto, como é Seu costume, Ele normalmente Se serve de causas secundárias e depende de nossa colaboração para realizar Seus planos.[2]

No caso específico das vocações sacerdotais, a “causa secundária” muitas vezes se traduz na exemplaridade do sacerdote junto aos vocacionados. E para oferecerem um testemunho plenamente persuasivo, deverão eles próprios estar convencidos em seu íntimo da força sobrenatural que acompanha seu ministério e da presença constante de Cristo e da Igreja em tudo quanto realizam. O ensinamento do Concílio Vaticano II no Decreto Presbyterorum Ordinis salienta esta verdade alentadora:

 Lembrem-se, pois, os presbíteros que no exercício da sua missão nunca estão sós, mas apoiados na força onipotente de Deus e assim, com fé em Cristo que os chamou a participar do Seu sacerdócio, deem-se com toda a confiança ao seu ministério, sabendo que Deus é poderoso para aumentar neles a caridade. Lembrem-se ainda que têm os seus irmãos no sacerdócio, e até os fiéis de todo o mundo, associados a si. (n. 22)

Diante das exigências e dificuldades inerentes ao ministério sacerdotal, cumpre repetir com São Paulo: “Omnia possum in eo qui me confortat” (Fl 4, 13). O Apóstolo nos adverte a não confiarmos na carne, esperando das forças humanas a eficácia que uma ilusória auto-suficiência nunca poderá conceder. Os que confiam na graça, por sua vez, revestem-se da eficácia divina e este parece ser o segredo pelo qual os presbíteros se tornam instrumentos verdadeiramente úteis nas mãos da Providência. Só assim serão capazes de “cultivarem em si mesmos e difundirem na sociedade as virtudes morais e sociais, de maneira a tornarem-se realmente, com o necessário auxílio da graça divina, homens novos e construtores duma humanidade nova”.[3] Nesse sentido, cabe aos sacerdotes uma responsabilidade não pequena.

Hoje, mais do que nunca, exige-se ao presbítero que seja verdadeiramente pastor, à semelhança do Bom Pastor que é Cristo, a fim de conduzir e orientar o Povo de Deus, ciente, entretanto, dos perigos que o circundam: lobos que procuram reduzir ou dispersar o redil, ovelhas desgarradas que precisam ser libertas do triste carrascal em que se encontram, reconduzidas, amparadas e, se necessário, carregadas. Deste modo, atingirá sua própria perfeição:

 Fazendo todo o sacerdote, a seu modo, as vezes da própria pessoa de Cristo, de igual forma é enriquecido de graça especial para que, servindo todo o Povo de Deus e a porção que lhe foi confiada, possa alcançar de maneira conveniente a perfeição d’Aquele de quem faz as vezes, e cure a fraqueza humana da carne a santidade d’Aquele que por nós se fez pontífice ‘santo, inocente, impoluto, separado dos pecadores’ (Heb. 7, 26).[4]

Entretanto, será que tantas exigências e tarefas correspondentes ao presbítero em nossos dias não o sobrecarregarão? Será razoável exigir-lhe mais responsabilidade? Para mais agora, que se desdobra numa ocupação contínua, extenuante, diante de uma comunidade desproporcionada ou de um elevado número de pastorais a seu encargo… A realidade cotidiana de tantos ministros ordenados aparece-nos muitas vezes preocupante, podendo ser, de imediato, talvez superada por uma equilibrada simbiose entre contemplação e ação e, quando esse equilíbrio não for possível, a estratégia será fazer com que todos os atos sejam impregnados de espírito sobrenatural e tornem-se oração, oblação, serviço. Conforme João Paulo II:

 se a consciência do sacerdote é penetrada pelo imenso mistério de Cristo, se ela está totalmente dominada por ele, então todas as suas atividades, mesmo as mais absorventes (vida ativa) encontrarão raiz e alimento na contemplação dos mistérios de Deus (vida contemplativa), de que ele é administrador.[5]

Embora o ministério sacerdotal exija uma contínua doação de si mesmo, este zelo não deve descurar a “própria casa”, como recomendava Santo Afonso Maria de Ligório: “Visto que sois padre, é muito louvável que trabalheis na salvação das almas, mas não posso aprovar que, para serdes útil aos outros, vos esqueçais de vós mesmo”.[6] A santificação torna-se assim, não uma possibilidade, mas uma necessidade para o próprio desempenho do presbítero, na Igreja e no mundo, conforme afirmou o Vaticano II:

 […] este sagrado Concílio, para atingir os seus fins pastorais de renovação interna da Igreja, difusão do Evangelho em todo o mundo e diálogo com os homens do nosso tempo, exorta veementemente todos os sacerdotes a que, empregando todos os meios recomendados pela Igreja, se esforcem por atingir cada vez maior santidade, pela qual se tornem instrumentos mais aptos para o serviço de todo o Povo de Deus.[7]

Ao proclamar o Ano Sacerdotal, o Papa Bento XVI abriu as portas, tanto para numerosas e criativas iniciativas das Igrejas particulares – de caráter vocacional, pastoral, formativo, entre outras – como, sobretudo, para uma enriquecedora reflexão e encorajamento de todos os presbíteros, a fim de que seu ministério se torne mais fecundo e “constitua para cada sacerdote uma oportunidade de renovação interior e, consequentemente, de sólido fortalecimento no compromisso pela própria missão”.[8]

VICTORINO DE ANDRADE, José. Editorialin: LUMEN VERITATIS. São Paulo: Associação Colégio Arautos do Evangelho. n. 9, Out-Dez 2009. p. 3-6.


[1] Encontram-se mais de 100 referências à esperança na recente encíclica de Bento XVI,  Spe Salvi, além de numerosos e significativos incentivos para os tempos vindouros na Novo Millenio Ineunte,  como a marcante exortação: “DUC IN ALTUM! Sigamos em frente, com esperança! Diante da Igreja abre-se um novo milênio como um vasto oceano onde aventurar-se com a ajuda de Cristo”. (n. 58) 

[2] RODÉ, Frank. Simpósio sobre vida apostólica religiosa desde o Vaticano II no Stonehill College. Tradução do Corpo Editorial da Revista Arautos Evangelho. Boston: [s.e.], 2008.

[3] Gaudium et Spes, n. 30.

[4] Presbyterorum Ordinis, n. 22.

[5] JOÃO PAULO II. Discurso aos párocos e ao clero de Roma. 2 mar. 1979. Disponível em <www.vatican.va>. Acesso: 13 dez. 2009.

[6] MARIA DE LIGÓRIO, Afonso. A Selva. Tradução de MARINHO. Porto: Fonseca, 1928. p. 88.

[7] Presbyterorum Ordinis, n. 12.

[8] BENTO XVI. Audiência Geral Praça de São Pedro, quarta-feira – 1 jul. 2009. Disponível em: <http://www.annussacerdotalis.org>. Acesso 13 dez. 2009.

Papa destaca necessidade de uma preparação adequada para os sacerdotes

Cidade do Vaticano (Quarta, 03-02-2010, Gaudium Press) Dando continuidade ao mote do Ano Sacerdotal e ao temapapa central das mensagens pelo Dia Mundial da Vida Consagrada, o Papa Bento XVI voltou a falar, hoje, da necessidade de uma sólida e adequada formação para os sacerdotes de todo o mundo. “O desenvolvimento da cultura exige, daqueles que exercem o ministério da Palavra, em vários níveis, que sejam preparados”, afirmou a sacerdotes e seminaristas, e também a fiéis, na audiência geral desta quarta-feira.

O tema de sua nova catequese sobre importantes teólogos da história da Igreja foi São Domingos, fundador da Ordem dos Pregadores (mais conhecidos como Frades Dominicanos), e promotor da dimensão espiritual e acadêmica da teologia. No tradicional encontro com os fiéis, que aconteceu na manhã desta quarta-feira na Sala Paulo VI, estiveram presentes cerca de cinco mil pessoas.

“Domingos nasceu na Espanha, em Caleruega, por volta de 1170. Pertencia a uma família nobre da Velha Castela e, apoiado por um tio sacerdote, formou-se em uma célebre escola de Palência. Distinguiu-se logo pelo seu interesse no estudo da Sagrada Escritura e pelo amor pelos pobres, a ponto de vender os livros, que naquele tempo eram um bem de grande valor, para socorrer, com o lucro, as vítimas da fome”.

Conforme explicou o Papa, o Santo dedicou-se a dois enormes desafios para a Igreja de seu tempo: missão “ad gentes” e reevangelização das comunidades cristãs, especialmente por causa da “laceração religiosa da vida cristã no sul da França e da ação de alguns grupos heréticos”. Sua atividade pastoral acontecia nas cidades, principalmente nas universidades, onde “as novas tendências intelectuais eram um desafio para a fé dos cultos”.

São Domingos, além disso, é um exemplo para a Igreja Católica também no mundo moderno, disse Bento XVI, “com o fogo missionário que ardia em seu coração e que o impelia a anunciar e testemunhar o Evangelho”. Domingos de Gusmão recomendava, “para o bom sucesso da missão evangelizadora”, a vida comunitária em pobreza e o estudo como preparação ao apostolado. Por isso o santo sublinhava a importância de uma sólida formação teológica no campo acadêmico e cultural. Missão essa que até hoje é realizada pelos dominicanos.

O Santo Padre exortou particularmente os “sacerdotes, os consagrados e também todos os fiéis a encontrar uma profunda “alegria interior” em contemplar a beleza das verdades que vêm de Deus”.

São Domingos, junto aos dominicanos, é também promotor do rosário. “São Domingos contava com a terna devoção à Virgem Mãe, que depois tomaria a forma da recitação do terço, e com a fecunda retaguarda espiritual das monjas contemplativas”, disse o Papa na síntese em língua portuguesa.

Carta da CNBB aos presbíteros do Brasil

Amados presbíteros do Brasil,

“Dou graças ao meu Deus, cada vez que me lembro de vós nas minhas orações por cada um de vós. É com alegria que faço minha oração, por causa da vossa comunhão no anúncio do evangelho…” (Fl 1,3-5a). Na solenidade do Sagrado Coração de Jesus, dia de oração pela santificação do clero, por ocasião da abertura do Ano Sacerdotal, convocado por S. Santidade o Papa Bento XVI, nós Bispos do Brasil, queremos manifestar nossa profunda gratidão a todos os presbíteros que diuturnamente se colocam a serviço do Povo de Deus.

Não obstante as fragilidades, reconhecemos o grande dom de Deus na vida e no ministério dos presbíteros do Brasil. Fazemos nossas as palavras do Cardeal Cláudio Hummes no 12º Encontro Nacional de Presbíteros: “de modo geral, são homens dignos, bons, homens de Deus, admiráveis, generosos, honestos, incansáveis na doação de todas as suas energias ao seu ministério, à evangelização, em favor do povo especialmente a serviço dos pobres e dos marginalizados, dos excluídos e dos injustiçados, dos desesperados e sofridos de todo tipo, deles nos orgulhamos, os veneramos e amamos realmente, com claro reconhecimento do trabalho pastoral que realizam”.

Neste Ano Sacerdotal, que se estende de 19 de junho de 2009 a 19 de junho de 2010, desejamos que seja dinamizada a Pastoral Presbiteral, a fim de que venha a ser verdadeiro instrumento de comunhão entre os presbíteros, auxiliando-os nas mais diversas circunstâncias. Para tal sugerimos as indicações, divulgadas pela CNBB, para o Ano Sacerdotal.

O Ano Sacerdotal seja espaço para intensificar e promover a santificação dos sacerdotes e ajudá-los a perceberem cada vez mais a importância do seu papel e de sua missão na Igreja e na sociedade contemporânea.

Ao celebrarmos os 150 anos da morte de São João Batista Maria Vianney, o Santo Cura D’Ars, invocamos sua proteção e inspiração para a vivência do tema do Ano Sacerdotal “fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote”.

Dom Geraldo Lyrio Rocha                                     Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Mariana                                          Arcebispo de Manaus
Presidente da CNBB                                           Vice-Presidente da CNBB

Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro

Secretário Geral da CNBB

Fonte: Site CNBB.

Homilía de S.S. Benedicto XVI al inaugurar el Año Sacerdotal

REZO DE LAS SEGUNDAS VÍSPERAS
DE LA SOLEMNIDAD DEL SAGRADO CORAZÓN DE JESÚS

INAUGURACIÓN DEL AÑO SACERDOTAL
EN EL 150° ANIVERSARIO DE LA MUERTE
DE SAN JUAN MARÍA VIANNEY

HOMILÍA DE SU SANTIDAD BENEDICTO XVI

Basílica de San Pedro
Viernes 19 de junio de 2009

Queridos hermanos y hermanas:
En la antífona del Magníficat dentro de poco cantaremos: “El Señor nos ha acogido en su corazón”- “Suscepit nos Dominus in sinum et cor suum”. En el Antiguo Testamento se habla 26 veces del corazón de Dios, considerado como el órgano de su voluntad: en referencia al corazón de Dios, el hombre es juzgado. A causa del dolor que su corazón siente por los pecados del hombre, Dios decide el diluvio, pero después se conmueve ante la debilidad humana y perdona. Luego hay un pasaje del Antiguo Testamento en el que el tema del corazón de Dios se expresa de manera totalmente clara: se encuentra en el capítulo 11 del libro del profeta Oseas, donde los primeros versículos describen la dimensión del amor con el que el Señor se dirige a Israel en la aurora de su historia: “Cuando Israel era niño, yo le amé, y de Egipto llamé a mi hijo” (v. 1). En realidad, a la incansable predilección divina, Israel responde con indiferencia e incluso con ingratitud. “Cuanto más los llamaba –constata el Señor–, más se alejaban de mí” (v. 2). Sin embargo, Él no abandona Israel en las manos de los enemigos, pues “mi corazón -dice el Creador del universo– está en mí trastornado, y a la vez se estremecen mis entrañas” (v. 8).
¡El corazón de Dios se estremece de compasión! En la solemnidad del Sagrado Corazón de Jesús, la Iglesia presenta a nuestra contemplación este misterio, el misterio del corazón de un Dios que se conmueve y ofrece todo su amor a la humanidad. Un amor misterioso, que en los textos del Nuevo Testamento se nos revela como inconmensurable pasión de Dios por el hombre. No se rinde ante la ingratitud, ni siquiera ante el rechazo del pueblo que ha escogido; es más, con infinita misericordia envía al mundo a su unigénito Hijo para que cargue sobre sí el destino del amor destruido; para que, derrotando el poder del mal y de la muerte, pueda restituir la dignidad de hijos a los seres humanos esclavizados por el pecado. Todo esto a caro precio: el Hijo unigénito del Padre se inmola en la cruz: “habiendo amado a los suyos que estaban en el mundo, los amó hasta el extremo” (Cf. Juan 13, 1). Símbolo de este amor que va más allá de la muerte es su costado atravesado por una lanza. En este sentido, un testigo ocular, el apóstol Juan, afirma: “uno de los soldados le atravesó el costado con una lanza y al instante salió sangre y agua” (Cf. Juan 19,34).
Queridos hermanos y hermanas: gracias, pues respondiendo a mi invitación, habéis venido en gran número a esta celebración en la que entramos en el Año Sacerdotal. Saludo a los señores cardenales y a los obispos, en particular al cardenal prefecto y al secretario de la Congregación para el Clero, junto a sus colaboradores, y al obispo de Ars. Saludo a los sacerdotes y a los seminaristas de los colegios de Roma; a los religiosos y religiosas y a todos los fieles. Dijo un saludo especial a Su Beatitud Ignace Youssef Younan, patriarca de Antioquía de los Sirios, venido a Roma para visitarme y manifestar públicamente la “ecclesiastica communio” [comunión eclesial, ndt.] que le he concedido.
Queridos hermanos y hermanas: detengámonos a contemplar juntos el Corazón traspasado del Crucificado. Una vez más acabamos de escuchar, en la breve lectura tomada de la Carta de san Pablo a los Efesios, que “Dios, rico en misericordia, por el grande amor con que nos amó, estando muertos a causa de nuestros delitos, nos vivificó juntamente con Cristo – por gracia habéis sido salvados y con él nos resucitó y nos hizo sentar en los cielos en Cristo Jesús” (Efesios 2,4-6). Estar en Cristo Jesús significa ya sentarse en los cielos. En el Corazón de Jesús se expresa el núcleo esencial del cristianismo; en Cristo se nos revela y entrega toda la novedad revolucionaria del Evangelio: el Amor que nos salva y nos hace vivir ya en la eternidad de Dios. Escribe el evangelista Juan: “Tanto amó Dios al mundo que dio a su Hijo único, para que todo el que crea en él no perezca, sino que tenga vida eterna” (3,16). Su Corazón divino llama entonces a nuestro corazón; nos invita a salir de nosotros mismos, y a abandonar nuestras seguridades humanas para fiarnos de Él y, siguiendo su ejemplo, a hacer de nosotros mismos un don de amor sin reservas.
Si es verdad que la invitación de Jesús a “permanecer en su amor” (Cf. Juan 15, 9) se dirige a todo bautizado, en la fiesta del Sagrado Corazón de Jesús, Jornada de Santificación Sacerdotal, esta invitación resuena con mayor fuerza para nosotros sacerdotes, en particular esta tarde, solemne inicio del Año Sacerdotal, que he convocado con motivo del 150° aniversario de la muerte del santo Cura de Ars. Me viene inmediatamente a la mente una hermosa y conmovedora afirmación, referida en el Catecismo de la Iglesia Católica: “El sacerdocio es el amor del Corazón de Jesús” (n. 1589). ¿Cómo no recordar con conmoción que directamente de este Corazón ha manado el don de nuestro ministerio sacerdotal? ¿Cómo olvidar que nosotros, presbíteros, hemos sido consagrados para servir, humilde y autorizadamente, al sacerdocio común de los fieles? Nuestra misión es indispensable para la Iglesia y para el mundo, que exige fidelidad plena a Cristo y una incesante unión con Él; es decir, exige que busquemos constantemente la santidad como hizo san Juan María Vianney. En la carta que os he dirigido con motivo de este año jubilar especial, queridos sacerdotes, he querido subrayar algunos aspectos que califican nuestro ministerio, haciendo referencia al ejemplo y a la enseñanza del santo Cura de Ars, modelo y protector de todos los sacerdotes, y en particular de los párrocos. Espero que este texto mío os sea de ayuda y aliento para hacer de este año una ocasión propicia para crecer en la intimidad con Jesús, que cuenta con nosotros, sus ministros, para difundir y consolidar su Reino, para difundir su amor, su verdad. Y, por tanto, “a ejemplo del santo cura de Ars, dejaos conquistar por Él y seréis también vosotros, en el mundo de hoy, mensajeros de esperanza, reconciliación y paz”.
¡Dejarse conquistar totalmente por Cristo! Este fue el objetivo de toda la vida de san Pablo, al que hemos dirigido nuestra atención durante el Año Paulino, que se encamina ya hacia su conclusión; esta ha sido la meta de todo el ministerio del santo cura de Ars, a quien invocaremos particularmente durante el Año Sacerdotal; que éste sea también el objetivo principal de cada uno de nosotros. Para ser ministros al servicio del Evangelio es ciertamente útil y necesario el estudio con una atenta y permanente formación pastoral, pero todavía es más necesaria esa “ciencia del amor”, que sólo se aprende de “corazón a corazón” con Cristo. Él nos llama a partir el pan de su amor, a perdonar los pecados y a guiar al rebaño en su nombre. Precisamente por este motivo no tenemos que alejarnos nunca del manantial del Amor que es su Corazón atravesado en la cruz.
Sólo así seremos capaces de cooperar eficazmente con el misterioso “designio del Padre”, que consiste en “hacer de Cristo el corazón del mundo”. Designio que se realiza en la historia en la medida en que Jesús se convierte en el Corazón de los corazones humanos, comenzando por aquellos que están llamados a estar más cerca de él, los sacerdotes. Nos vuelven a recordar este constante compromiso las “promesas sacerdotales”, que pronunciamos el día de nuestra ordenación y que renovamos cada año, el Jueves Santo, en la Misa Crismal. Incluso nuestras carencias, nuestros límites y debilidades deben volvenos a conducir al Corazón de Jesús. Si es verdad que los pecadores, al contemplarle, deben aprender el necesario “dolor de los pecados” que los vuelve a conducir al Padre, esto se aplica aún más a los ministros sagrados. ¿Cómo olvidar que nada hace sufrir más a la Iglesia, Cuerpo de Cristo, que los pecados de sus pastores, sobre todo de aquellos que se convierten en “ladrones de ovejas” (Juan 10, 1 y siguientes), ya sea porque las desvían con sus doctrinas privadas, ya sea porque las atan con los lazos del pecado y de muerte? También para nosotros queridos sacerdotes se aplica el llamamiento a la conversión y a recurrir a la Misericordia Divina, e igualmente debemos dirigir con humildad incesante la súplica al Corazón de Jesús para que nos preserve del terrible riesgo de dañar a aquellos a quienes debemos salvar.
Hace poco he podido venerar, en la Capilla del Coro, la reliquia del santo cura de Ars: su corazón. Un corazón inflamado de amor divino. Que se conmovía ante el pensamiento de la dignidad del sacerdote y hablaba a los fieles con tonos tocantes y sublimes, afirmando que ¡”después de Dios, el sacerdote lo es todo!… Él mismo no se entenderá bien sino en el cielo” (Cf. Carta para el Año Sacerdotal, p. 2). Cultivemos queridos hermanos, esta misma conmoción, ya sea para cumplir nuestro ministerio con generosidad y dedicación, ya sea para custodiar en el alma un verdadero “temor de Dios”: el temor de poder privar de tanto bien, por nuestra negligencia o culpa a las almas que nos han sido confiadas o de poderlas dañar. ¡Que Dios no lo permita! La Iglesia tiene necesidad de sacerdotes santos; de ministros que ayuden a los fieles a experimentar el amor misericordioso del Señor y sean sus testigos convencidos. En la adoración eucarística, que seguirá a la celebración de las Vísperas, pediremos al Señor que inflame el corazón de cada presbítero con esa caridad pastoral capaz de asimilar su personal “yo” al de Jesús sacerdote, para así poderlo imitar en la más completa entrega de uno mismo. Que nos obtenga esta gracia la Virgen Madre, de quien mañana contemplaremos con viva fe el Corazón inmaculado. El santo cura de Ars vivía una filial devoción por ella, hasta el punto de que en 1836, anticipándose a la proclamación del dogma de la Inmaculada Concepción, ya había consagrado su parroquia a María “concebida sin pecado”. Y mantuvo la costumbre de renovar a menudo esta ofrenda de la parroquia a la santa Virgen, enseñando a los fieles que “basta con dirigirse a ella para ser escuchados”, por el simple motivo que ella “desea sobretodo vernos felices”. Que nos acompañe la Virgen santa, nuestra Madre, en el Año Sacerdotal que hoy iniciamos, para que podamos ser guías firmes e iluminados para los fieles que el Señor confía a nuestros cuidados pastorales ¡Amen!

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