Carta de Dom Claudio Hummes aos presbíteros

Jesus disse: “Eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo” (Jo 12,47).

Caros Presbíteros,

A atual cultura ocidental dominante, sempre mais difundida em todo o mundo, através da mídia global e da mobilidade humana, também nos países de outras culturas, apresenta novos desafios, não pouco empenhativos, para a evangelização. Trata-se de uma cultura marcada profundamente por um relativismo que recusa toda afirmação de uma verdade absoluta e transcendente e, em consequência, arruina também os fundamentos da moral e se fecha à religião. Dessa forma, perde-se a paixão pela verdade, relegada a uma “paixão inútil”. Jesus Cristo, no entanto, apresenta-se como a Verdade, o Logos universal, a Razão que ilumina e explica tudo o que existe. O relativismo, ademais, vem acompanhado de um subjetivismo individualista, que põe no centro de tudo o próprio ego. Por fim, chega-se ao niilismo, segundo o qual não há nada nem ninguém pelo qual vale a pena investir a própria inteira vida e, portanto, a vida humana carece de um verdadeiro sentido. Todavia, é preciso reconhecer que a atual cultura dominante, pós-moderna, traz consigo um grande e verdadeiro progresso científico e tecnológico, que fascina o ser humano, principalmente os jovens. O uso deste progresso, infelizmente, não tem sempre como escopo principal o bem do homem e de todos os homens. Falta-lhe um humanismo integral, capaz de dar-lhe seu verdadeiro sentido e finalidade. Poderíamos referir-nos ainda a outros aspectos dessa cultura: consumismo, libertinagem, cultura do espetáculo e do corpo. Não se pode, porém, não frisar que tudo isso produz um laicismo, que não quer a religião, faz de tudo para enfraquecê-la ou, ao menos, relegá-la à vida particular das pessoas.

Essa cultura produz uma descristianização, por demais visível, na maioria dos países cristãos, especialmente no Ocidente. O número das vocações sacerdotais caiu. Diminuiu também o número dos presbíteros, seja pela falta de vocações seja pelo influxo do ambiente cultural em que vivem. Tais circunstâncias poderiam conduzir-nos à tentação de um pessimismo desencorajante, que condena o mundo atual, e induzir-nos à retirada para a defensiva, nas trincheiras da resistência.

Jesus Cristo, ao invés, afirma: “Eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo” (Jo 12,47). Não podemos nem desencorajar-nos nem ter medo da sociedade atual nem simplesmente condená-la. É preciso salvá-la! Cada cultura humana, também a atual, pode ser evangelizada. Em cada cultura há “sementes do Verbo”, como aberturas para o Evangelho. Certamente, também na nossa atual cultura. Sem dúvida, também os assim chamados “pós-cristãos” poderiam ser tocados e reabrir-se, caso fossem levados a um verdadeiro encontro pessoal e comunitário com a pessoa de Jesus Cristo vivo. Em tal encontro, cada pessoa humana de boa vontade pode, por Ele, ser alcançada. Ele ama a todos e bate à porta de todos, porque quer salvar a todos, sem exceção. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida, para todos. É o único mediador entre Deus e os homens.

Caríssimos Presbíteros, nós, pastores, nos tempos de hoje, somos chamados com urgência à missão, seja “ad gentes”, seja nas regiões dos países cristãos, onde tantos batizados afastaram-se da partecipação em nossas comunidades ou, até mesmo, perderam a fé. Não podemos ter medo nem permanecer quietos em casa. O Senhor disse a seus discípulos: “Por que tendes medo, homens fracos na fé?” (Mt 8, 26). “Não se acende uma lâmpada e se coloca debaixo do alqueire, mas no candieiro, para que ilumine a todos os que estão na casa” (5,15). “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). “Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28,20).

Não lançaremos a semente da Palavra de Deus apenas da janela de nossa casa paroquial, mas sairemos ao campo aberto da nossa sociedade, a começar pelos pobres, para chegar também a todas as camadas e instituições sociais. Iremos visitar as famílias, todas as pessoas, principalmente os batizados que se afastaram. Nosso povo quer sentir a proximidade da sua Igreja. Faremo-lo, indo à nossa sociedade com alegria e entusiasmo, certos da presença do Senhor conosco na missão e certos de que Ele baterá à porta dos corações aos quais O anunciarmos.

Cardeal Cláudio Hummes

Arcebispo Emérito de São Paulo

Prefeito da Congregação para o Clero

INDULGÊNCIAS POR OCASIÃO DO ANO SACERDOTAL

Como já foi anunciado, Bento XVI decidiu proclamar um especial Ano Sacerdotal por ocasião do 150º aniversário da morte do santo Cura d’Ars, João Maria Vianney, luminoso modelo de pastor, plenamente dedicado ao serviço do povo de Deus. Durante o Ano Sacerdotal, que terá início a 19 de Junho de 2009 e se concluirá a 19 de Junho de 2010, será concedido o dom de indulgências especiais, segundo o que está descrito no seguinte Decreto da Penitenciaria Apostólica.


PAENITENTIARIA APOSTOLICA

URBIS ET ORBIS

D E C R E T O

Serão enriquecidos com o dom de Sagradas Indulgências, particulares exercícios de piedade, a realizar-se durante o Ano Sacerdotal proclamado em honra de São João Maria Vianney.

Aproxima-se o dia no qual se comemorarão os 150 anos do piedoso trânsito para o céu de São João Maria Vianney, Cura d’Ars, que aqui na terra foi um admirável modelo de verdadeiro Pastor ao serviço do rebanho de Cristo.

Dado que o seu exemplo é adequado a estimular os fiéis e, principalmente, os sacerdotes a imitar as suas virtudes, o Sumo Pontífice Bento XVI estabeleceu que, para esta ocasião, de 19 de Junho de 2009 a 19 de Junho de 2010 seja celebrado em toda a Igreja um especial Ano Sacerdotal, durante o qual os sacerdotes se reforcem cada vez mais na fidelidade a Cristo com meditações piedosas, exercícios sagrados e outras obras oportunas.

Este período sagrado terá início com a solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus, dia de santificação sacerdotal, quando o Sumo Pontífice celebrará as Vésperas na presença das sagradas relíquias de São João Maria Vianney, trazidas a Roma pelo Excelentíssimo Bispo de Belley-Ars. O Beatíssimo Padre também concluirá o Ano Sacerdotal na Praça de São Pedro com os sacerdotes provenientes de todo o mundo, que renovarão a fidelidade a Cristo e o vínculo de fraternidade.

Os sacerdotes empenhem-se com orações e boas obras, em obter do Sumo e Eterno Sacerdote Cristo a graça de resplandecer com a Fé, a Esperança, a Caridade e outras virtudes, e mostrem com o comportamento de vida, mas também com o aspecto exterior, que estão a dedicar-se plenamente ao bem espiritual do povo; o que, sobre todas as outras coisas, a Igreja teve sempre a peito.

Para alcançar do melhor modo a finalidade desejada, beneficiará muito o dom das Sagradas Indulgências, que a Penitenciaria Apostólica, com o presente Decreto emanado em conformidade com a vontade do Augusto Pontífice, benignamente concede durante o Ano Sacerdotal:

A. Aos sacerdotes verdadeiramente arrependidos, que em qualquer dia devotamente recitarem pelo menos as Laudes matutinas ou as Vésperas diante do Santíssimo Sacramento, exposto à pública adoração ou reposto no tabernáculo e, a exemplo de São João Maria Vianney, se oferecerem com ânimo pronto e generoso à celebração dos sacramentos, sobretudo da Confissão, concede-se misericordiosamente em Deus a Indulgência plenária, que poderá inclusive ser aplicada aos irmãos defuntos como sufrágio; se, em conformidade com as disposições vigentes, se aproximarem da confissão sacramental e do Convívio eucarístico, e rezarem segundo as intenções do Sumo Pontífice.

Além disso, aos sacerdotes concede-se a Indulgência parcial, também aplicável aos irmãos defuntos, cada vez que recitarem devotamente orações devidamente aprovadas a fim de que conduzam uma vida santa e cumpram santamente os ofícios que lhes forem confiados.

B. A todos os fiéis verdadeiramente arrependidos que, na igreja ou no oratório, assistirem devotamente ao divino Sacrifício da Missa e oferecerem, pelos sacerdotes da Igreja, orações a Jesus Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, e qualquer obra boa realizada naquele dia, a fim de os santificar e plasmar segundo o Seu coração, concede-se a Indulgência plenária, contanto que tenham expiado os próprios pecados com a penitência sacramental e elevado orações segundo as intenções do Sumo Pontífice: nos dias em que se abre e se encerra o Ano Sacerdotal, no dia do 150º aniversário do trânsito piedoso de São João Maria Vianney, na primeira quinta-feira do mês ou em qualquer outro dia estabelecido pelos Ordinários dos lugares, para a utilidade dos fiéis.

Será muito oportuno que, nas igrejas catedrais e paroquiais, sejam os próprios sacerdotes prepostos ao cuidado pastoral a dirigir publicamente estes exercícios de piedade, a celebrar a Santa Missa e confessar os fiéis.

Aos idosos, doentes e a todos os que por motivos legítimos não puderem sair de casa, com o ânimo desapegado de qualquer pecado e com a intenção de cumprir, assim que possível, as três condições de costume, na própria casa ou onde estiverem a viver, concede-se de igual modo a Indulgência plenária se, nos dias acima determinados, recitarem orações pela santificação dos sacerdotes e oferecerem a Deus com confiança as doenças e as dificuldades da sua vida, por intermédio de Maria, Rainha dos Apóstolos.

Enfim, concede-se a Indulgência parcial a todos os fiéis todas as vezes que recitarem devotamente cinco Pai-Nossos, Ave-Marias e Glórias, ou outra oração devidamente aprovada, em honra do Sacratíssimo Coração de Jesus, a fim de obter que os sacerdotes se conservem em pureza e santidade de vida.

O presente Decreto é válido por toda a duração do Ano Sacerdotal. Não obstante qualquer disposição contrária.

Dado em Roma, na sede da Penitenciaria Apostólica, a 25 de Abril, festa de São Marcos Evangelista, do ano da Encarnação do Senhor de 2009.

James Francis Card. Stafford Penitenciário-Mor

GianfrancoGirotti,O.F.M.,Conv. Bispo Titular de Meta, Regente


Homilia de Dom Mauro Piacenza por ocasião do início do Ano Sacerdotal

Caríssimos Sacerdotes!

No dia 19 de junho próximo, Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, poderemos viver um intenso momento de fé, estreitamente unidos ao Santo Padre e entre nós, quando da celebração das Vésperas na Basílica de São Pedro, no Vaticano, iniciando assim o Ano Sacerdotal.

Diariamente somos chamados à conversão. Mas, neste Ano, o somos de um modo todo particular, juntamente com todos que receberam o dom da ordenação sacerdotal. Para que conversão? Converter-se para ser sempre mais autenticamente aquilo que somos. Conversão à nossa identidade eclesial para que o ministério seja totalmente consequente a tal identidade, a fim de que uma renovada e gozosa consciência do nosso “ser” determine o nosso “agir”, ou melhor, ofereçamos espaço a Cristo Bom Pastor, a fim de que viva em nós e atue através de nós.

A nossa espiritualidade não pode ser outra que o reflexo da espiritualidade de Cristo, único e Sumo Sacerdote do Novo Testamento.

Neste Ano, providencialmente anunciado pelo Sumo Pontífice, procuraremos, todos juntos, tomar como ponto de referência, a identidade de Cristo Filho de Deus, em comunhão com o Pai e o Espírito Santo, que se fez homem no seio virginal de Maria, e à sua missão de revelar o Pai e o seu admirável desígnio de salvação. Essa missão de Cristo também importa a fundação da Igreja: eis o Bom Pastor (cf. Jo. 19, 1-21), que doa a vida para a Igreja (cf. Ef. 5, 25).

Uma conversão diária, a fim de que o estilo de vida de Cristo seja sempre mais o estilo de vida de cada um de nós.

Devemos “ser” para os homens, devemos nos esforçar para viver em comunhão de um santo e divino amor com todas as pessoas, um amor que doa a vida (eis aqui também inscrita a riqueza do sagrado celibato), que leva à solidariedade autêntica com aqueles que sofrem e com os pobres de todos os gêneros de pobreza.

Devemos ser operários para a co-edificação da única Igreja de Cristo in terris. Por isso, devemos viver com grande motivação e fidelidade a comunhão de amor com o Papa, com os bispos, com os nossos irmãos e com todos os fiéis. Devemos viver a comunhão através do ininterrupto caminho da Igreja nas entranhas de seu mistério em ser Corpo Místico de Cristo.

Temos que avançar durante todo este Ano “dilatato corde”, na correspondência à nossa vocação, para, de verdade, cada um possa melhor dizer: “não sou mais eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gal. 2, 20).

A santidade dos sacerdotes repercute em benefício de todo o Corpo eclesial: os fiéis ordenados, como também os seminaristas, religiosos, religiosas e todos os fiéis leigos, todos juntos poderemos encontrar-nos na Basílica Vaticana para a celebração das Vésperas, presidida pelo Santo Padre, depois da acolhida da relíquia do coração daquele luminoso modelo que é São João Maria Vianney.

Aqueles que não estarão em Roma, poderão fazê-lo igualmente, nos próprios territórios, em união espiritual.

– Ingresso na Basílica a partir das 16h.

Acolhida da Relíquia às 17h30, seguida da celebração das Vésperas.

Os ingressos deverão ser solicitados através do fax número 06.69885863, junto à Prefeitura da Casa Pontifícia, e poderão ser retirados no dia anterior, no “Portone di Bronzo”, ao lado da Basílica.

– Os Sacerdotes deverão vestir a veste própria e os Religiosos, aquela do Instituto de pertença.

– O Ano Sacerdotal terminará com um Congresso Internacional em Roma, que se realizará de 09 a 11 de junho de 2010.

De tal evento, dar-se-á ampla e particularizada informação, até o final do corrente mês de junho.

Aqueles que desejarem participar, para todas as questões de ordem prática, poderão dirigir-se à “Opera Romana Pellegrinaggi”: Via della Pigna, 13/a, 00186 Roma. Tel. n. (0039) 06.69.89.61.

Vaticano, 01 de junho de 2009

Dom Mauro Piacenza

Arcebispo tit. de Victoriana

Secretário

Carta de Dom Odilo aos Padres para o início do Ano Sacerdotal

Estimados Padres

da Arquidiocese de São Paulo,

Com a solenidade do Sagrado Coração de Jesus, iniciamos o Ano Sacerdotal proclamado pelo papa Bento XVI para recordar os 150 anos do falecimento de São João Maria Vianney, patrono dos sacerdotes. O santo Cura de Ars, de fato, foi um sacerdote extraordinário, animado por um ardoroso zelo pastoral, dedicado inteiramente ao povo, ao atendimento das confissões, à catequese, à Eucaristia e ao serviço dos pobres e doentes.

E ainda encontrava um jeito para socorrer outros padres no cuidado pastoral do povo e dedicava tempo à oração, ao estudo e à preparação das homilias; eu mesmo fiquei impressionado, ao visitar a casa paroquial de Ars, vendo a boa quantidade de livros pertencentes ao santo Cura, muito sublinhados e anotados.

O povo, de todos os extratos sociais, reconhecia nele um verdadeiro homem de Deus e seus conselhos eram muito apreciados. Por isso, o papa Bento XVI proclama o Cura de Ars patrono de todos os sacerdotes, que podem ver nele a imagem do verdadeiro pastor do rebanho de Cristo.

Para nós, que também temos a graça de participar do sacerdócio de Cristo e de desempenhar este serviço sagrado, em seu nome, para o bem da Igreja e de toda a humanidade, o Ano Sacerdotal é uma ocasião especial para renovar nosso apreço pessoal e comunitário pelo dom que nos foi dado pessoalmente, mas em beneficio do povo de Deus.

Como São Paulo convidava Timóteo, seu jovem colaborador, a “renovar em si o dom recebido pela imposição das mãos” (cf 2Tm 1,6), assim a Igreja nos pede para redescobrirmos plenamente a grandeza, a dignidade e a beleza do nosso sacerdócio. Desta forma, olhando para Cristo, Sacerdote da nova e eterna Aliança, também nós podemos renovar o dom recebido pela imposição das mãos do bispo que nos ordenou, renovando também nossas disposições pessoais para continuar servindo a Cristo nos irmãos. Um dia Ele nos cativou e chamou ao seu seguimento; e é no renovado encontro com Ele que podemos sentir novamente nosso coração arder e se inflamar de gratidão e entusiasmo.

Ao mesmo tempo, este ano será de grande proveito para nós e para nosso povo recordar grandes sacerdotes, que tanto bem fizeram à Igreja ao longo da história; além do Cura de Ars, penso por exemplo, em S. João Bosco, S. Afonso Maria de Ligório, S. Filipe Néri, S. Inácio de Loyola, S.Francisco Xavier… Mas também perto de nós, tantas belas figuras de sacerdotes dedicados e zelosos, dão um testemunho extraordinário de vida sacerdotal e edificam o povo de Deus. Sacerdotes santos pisaram este chão paulistano e nos precederam na edificação da Igreja de Cristo nesta Metrópole: penso em no santo Frei Galvão, nos bem-aventurados padres Mariano e.Anchieta… E cada um lembra, certamente, outros grandes sacerdotes, que marcaram sua vida pessoal. Convido, pois, a redescobrir e valorizar, durante este Ano Sacerdotal, esses homens de Deus que nos precederam nas paróquias e nos serviços da Igreja, hoje confiados a nós.

Mais do que nunca, isso é necessário em nossos dias, quando a imagem do padre e a credibilidade de sua atuação no meio do povo foi seriamente comprometida por maus exemplos e lamentáveis casos de escândalo; o povo de Deus precisa receber novos sinais de credibilidade do nosso serviço e de nossa missão sacerdotal. Os bons exemplos precisam ser colocados em maior evidência; e, não há dúvidas, na Igreja há muito mais exemplos de sacerdotes exemplares e dedicados do que os lastimáveis casos de escândalo!

O Ano Sacerdotal também pode tornar-se, para nossa Igreja, uma ocasião favorável para dinamizar a pastoral das vocações sacerdotais; esta, de fato, é uma tarefa de todos os padres e, com eles, de todas as comunidades da Igreja; os padres são os principais promotores de outras vocações sacerdotais e, cada um de nós, deveria ter a preocupação de apresentar ao seminário bons vocacionados, de maneira que, depois de nós, haja quem continue nossa missão. Questão fundamental é que em cada paróquia e comunidade haja um serviço de animação vocacional e que seja promovida a oração intensa e perseverante pelas vocações.

Convido, pois, todos os padres da nossa Arquidiocese a viverem intensamente este Ano Sacerdotal, que se estenderá até a solenidade do Sagrado Coração de Jesus de 2010. Para tanto, estejamos atentos às motivações, orientações e iniciativas que serão propostas em vários níveis da vida eclesial: do próprio Papa Bento XVI e da Santa Sé; da CNBB Nacional e Regional e  da nossa Arquidiocese. Cada padre também pense nas iniciativas que poderá promover nos âmbitos de suas próprias responsabilidades, sobretudo com o povo das respectivas comunidades paroquiais.

Dentre as várias sugestões já apresentadas para a vivência do Ano Sacerdotal na nossa Arquidiocese, desde agora, já posso indicar duas iniciativas: a) a celebração, com todo o clero arquidiocesano, da Missa do Crisma na 5ª. feira santa de 2010; e também o retiro do clero, em comum, em Itaici, de 8 a 12 de março de 2010. Destaque especial seja dado, em agosto de 2009, à comemoração do Dia do Padre, nas paróquias, e à confraternização do clero, no dia 27 de julho de 2009.

Confio à iniciativa do Conselho de Presbíteros da Arquidiocese e da Comissão de Presbíteros de cada Região Episcopal, bem como aos encarregados da animação da Pastoral Presbiteral a promoção de outras iniciativas para a devida valorização do Ano Sacerdotal. Encorajo também os padres a valorizarem as reuniões do clero já previstas normalmente e a promoverem encontros espontâneos de oração, vida fraterna e apoio recíproco durante este ano.

O Regional Sul 1 também já está organizando uma peregrinação a Aparecida com todo o clero do Estado de São Paulo, em ocasião a ser ainda definida e divulgada oportunamente. Desde logo, convido todo o nosso clero a aderir a essa iniciativa.

Nas paróquias e comunidades, seja promovido o dia semanal de adoração eucarística e de oração pelas vocações sacerdotais. Para tanto, os Párocos poderão envolver as associações o organizações laicais (Apostolado da Oração, Movimentos, Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, grupos diversos…), sem deixar de se envolver também pessoalmente na promoção dessa e de outras iniciativas semelhantes. Teremos também uma oração pelos sacerdotes, a ser divulgada e promovida no meio do povo. Os jubileus sacerdotais e os aniversários de ordenação são outras ocasiões a serem valorizados especialmente neste ano.

Antes de encerrar esta carta, desejo ainda acrescentar isso: é minha convicção que o melhor efeito do Ano Sacerdotal será obtido mediante nosso testemunho de convicta e alegre gratidão a Deus pelo dom do sacerdócio, que nos foi dado, e pelo generoso, humilde e atento serviço ao povo, “nas coisas de Deus”. O povo, na sua fé simples e correta, vê em nós “homens de Deus” e espera receber de nós a “Bênção” de Deus (bênção grande!) e que o ajudemos a chegar mais perto de Deus. E tem razão, pois é esta mesma a missão que a Igreja nos confia e para isso unge nossas mãos. A todos sirvamos, portanto, em nome de Jesus Cristo, com renovada consciência e gratidão!

De minha parte, prometo escrever-lhes cada mês uma carta pessoal, abordando vários aspectos da vivência do sacerdócio. Acompanho-os e, nas suas missões, estou a seu lado com minha oração diária. Que o exemplo de vida sacerdotal do santo Cura de Ars inspire o zelo pastoral de todos. E São Paulo, Patrono de nossa Arquidiocese, interceda por nós e nos ajude a sermos discípulos e missionários de Jesus Cristo nesta cidade imensa!

Saúdo e abençoo a cada um, no afeto do coração sacerdotal de Cristo Jesus!


São Paulo, 19 de junho de 2009,

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, abertura do Ano Sacerdotal.



Card. D. Odilo P. Scherer

Arcebispo de São Paulo

Fonte: Site Diocese São Paulo

Oração para o Ano Sacerdotal

Senhor Jesus,

Vós quisestes dar a Igreja, em São João Maria Vianney, uma imagem vivente e uma personificação da caridade pastoral.

Ajudai-nos a viver bem este Ano Sacerdotal, em sua companhia e com o seu exemplo.

Fazei que, a exemplo do Santo Cura D’Ars, possamos aprender como estar felizes e com dignidade diante do Santíssimo Sacramento, como seja simples e quotidiana a vossa Palavra que nos ensina, como seja terno o amor com o qual acolheu os pecadores arrependidos, como seja consolador o abandono confiante à vossa Santíssima Mãe Imaculada e como seja necessária a luta vigilante e fiel contra o Maligno.

Fazei, ó Senhor Jesus que, com o exemplo do Cura D’Ars, os nossos jovens possam sempre mais aprender o quanto seja necessário, humilde e glorioso, o ministério sacerdotal que quereis confiar àqueles que se abrem ao vosso chamado.

Fazei que também em nossas comunidades, tal como aconteceu em Ars, se realizem as mesmas maravilhas de graça que fazeis acontecer quando um sacerdote sabe “colocar amor na sua paróquia”.

Fazei que as nossas famílias cristãs saibam descobrir na Igreja a própria casa, na qual os vossos ministros possam ser sempre encontrados, e saibam fazê-la bela como uma igreja.

Fazei que a caridade dos nossos pastores anime e acenda a caridade de todos os fiéis, de tal modo que todos os carismas, doados pelo Espírito Santo, possam ser acolhidos e valorizados.

Mas, sobretudo, ó Senhor Jesus, concedei-nos o ardor e a verdade do coração, para que possamos dirigir-nos ao vosso Pai Celeste, fazendo nossas as mesmas palavras de São João Maria Vianney:

Eu Vos amo, meu Deus, e o meu único desejo é amar-Vos até o último suspiro da minha vida.
Eu Vos amo, Deus infinitamente amável, e prefiro morrer amando-Vos a viver um só instante sem Vos amar.
Eu Vos amo, Senhor, e a única graça que Vos peço é a de amar-Vos eternamente.
Eu Vos amo, meu Deus, e desejo o céu para ter a felicidade de Vos amar perfeitamente.
Eu Vos amo, meu Deus infinitamente bom, e temo o inferno porque lá não haverá nunca a consolação de Vos amar.
Meu Deus, se a minha língua não Vos pode dizer a todo o momento que Vos amo, quero que o meu coração Vo-lo repita cada vez que respiro.
Meu Deus, concedei-me a graça de sofrer amando-Vos e de Vos amar sofrendo.
Eu Vos amo, meu divino Salvador, porque fostes crucificado por mim e porque me tendes aqui em baixo crucificado por Vós.
Meu Deus, concedei-me a graça de morrer amando-Vos e de saber que Vos amo.
Meu Deus, à medida que me aproximo do meu fim, concedei-me a graça de aumentar e aperfeiçoar o meu amor.

Amém.

S. João Maria Vianney

Homilía de S.S. Benedicto XVI al inaugurar el Año Sacerdotal

REZO DE LAS SEGUNDAS VÍSPERAS
DE LA SOLEMNIDAD DEL SAGRADO CORAZÓN DE JESÚS

INAUGURACIÓN DEL AÑO SACERDOTAL
EN EL 150° ANIVERSARIO DE LA MUERTE
DE SAN JUAN MARÍA VIANNEY

HOMILÍA DE SU SANTIDAD BENEDICTO XVI

Basílica de San Pedro
Viernes 19 de junio de 2009

Queridos hermanos y hermanas:
En la antífona del Magníficat dentro de poco cantaremos: “El Señor nos ha acogido en su corazón”- “Suscepit nos Dominus in sinum et cor suum”. En el Antiguo Testamento se habla 26 veces del corazón de Dios, considerado como el órgano de su voluntad: en referencia al corazón de Dios, el hombre es juzgado. A causa del dolor que su corazón siente por los pecados del hombre, Dios decide el diluvio, pero después se conmueve ante la debilidad humana y perdona. Luego hay un pasaje del Antiguo Testamento en el que el tema del corazón de Dios se expresa de manera totalmente clara: se encuentra en el capítulo 11 del libro del profeta Oseas, donde los primeros versículos describen la dimensión del amor con el que el Señor se dirige a Israel en la aurora de su historia: “Cuando Israel era niño, yo le amé, y de Egipto llamé a mi hijo” (v. 1). En realidad, a la incansable predilección divina, Israel responde con indiferencia e incluso con ingratitud. “Cuanto más los llamaba –constata el Señor–, más se alejaban de mí” (v. 2). Sin embargo, Él no abandona Israel en las manos de los enemigos, pues “mi corazón -dice el Creador del universo– está en mí trastornado, y a la vez se estremecen mis entrañas” (v. 8).
¡El corazón de Dios se estremece de compasión! En la solemnidad del Sagrado Corazón de Jesús, la Iglesia presenta a nuestra contemplación este misterio, el misterio del corazón de un Dios que se conmueve y ofrece todo su amor a la humanidad. Un amor misterioso, que en los textos del Nuevo Testamento se nos revela como inconmensurable pasión de Dios por el hombre. No se rinde ante la ingratitud, ni siquiera ante el rechazo del pueblo que ha escogido; es más, con infinita misericordia envía al mundo a su unigénito Hijo para que cargue sobre sí el destino del amor destruido; para que, derrotando el poder del mal y de la muerte, pueda restituir la dignidad de hijos a los seres humanos esclavizados por el pecado. Todo esto a caro precio: el Hijo unigénito del Padre se inmola en la cruz: “habiendo amado a los suyos que estaban en el mundo, los amó hasta el extremo” (Cf. Juan 13, 1). Símbolo de este amor que va más allá de la muerte es su costado atravesado por una lanza. En este sentido, un testigo ocular, el apóstol Juan, afirma: “uno de los soldados le atravesó el costado con una lanza y al instante salió sangre y agua” (Cf. Juan 19,34).
Queridos hermanos y hermanas: gracias, pues respondiendo a mi invitación, habéis venido en gran número a esta celebración en la que entramos en el Año Sacerdotal. Saludo a los señores cardenales y a los obispos, en particular al cardenal prefecto y al secretario de la Congregación para el Clero, junto a sus colaboradores, y al obispo de Ars. Saludo a los sacerdotes y a los seminaristas de los colegios de Roma; a los religiosos y religiosas y a todos los fieles. Dijo un saludo especial a Su Beatitud Ignace Youssef Younan, patriarca de Antioquía de los Sirios, venido a Roma para visitarme y manifestar públicamente la “ecclesiastica communio” [comunión eclesial, ndt.] que le he concedido.
Queridos hermanos y hermanas: detengámonos a contemplar juntos el Corazón traspasado del Crucificado. Una vez más acabamos de escuchar, en la breve lectura tomada de la Carta de san Pablo a los Efesios, que “Dios, rico en misericordia, por el grande amor con que nos amó, estando muertos a causa de nuestros delitos, nos vivificó juntamente con Cristo – por gracia habéis sido salvados y con él nos resucitó y nos hizo sentar en los cielos en Cristo Jesús” (Efesios 2,4-6). Estar en Cristo Jesús significa ya sentarse en los cielos. En el Corazón de Jesús se expresa el núcleo esencial del cristianismo; en Cristo se nos revela y entrega toda la novedad revolucionaria del Evangelio: el Amor que nos salva y nos hace vivir ya en la eternidad de Dios. Escribe el evangelista Juan: “Tanto amó Dios al mundo que dio a su Hijo único, para que todo el que crea en él no perezca, sino que tenga vida eterna” (3,16). Su Corazón divino llama entonces a nuestro corazón; nos invita a salir de nosotros mismos, y a abandonar nuestras seguridades humanas para fiarnos de Él y, siguiendo su ejemplo, a hacer de nosotros mismos un don de amor sin reservas.
Si es verdad que la invitación de Jesús a “permanecer en su amor” (Cf. Juan 15, 9) se dirige a todo bautizado, en la fiesta del Sagrado Corazón de Jesús, Jornada de Santificación Sacerdotal, esta invitación resuena con mayor fuerza para nosotros sacerdotes, en particular esta tarde, solemne inicio del Año Sacerdotal, que he convocado con motivo del 150° aniversario de la muerte del santo Cura de Ars. Me viene inmediatamente a la mente una hermosa y conmovedora afirmación, referida en el Catecismo de la Iglesia Católica: “El sacerdocio es el amor del Corazón de Jesús” (n. 1589). ¿Cómo no recordar con conmoción que directamente de este Corazón ha manado el don de nuestro ministerio sacerdotal? ¿Cómo olvidar que nosotros, presbíteros, hemos sido consagrados para servir, humilde y autorizadamente, al sacerdocio común de los fieles? Nuestra misión es indispensable para la Iglesia y para el mundo, que exige fidelidad plena a Cristo y una incesante unión con Él; es decir, exige que busquemos constantemente la santidad como hizo san Juan María Vianney. En la carta que os he dirigido con motivo de este año jubilar especial, queridos sacerdotes, he querido subrayar algunos aspectos que califican nuestro ministerio, haciendo referencia al ejemplo y a la enseñanza del santo Cura de Ars, modelo y protector de todos los sacerdotes, y en particular de los párrocos. Espero que este texto mío os sea de ayuda y aliento para hacer de este año una ocasión propicia para crecer en la intimidad con Jesús, que cuenta con nosotros, sus ministros, para difundir y consolidar su Reino, para difundir su amor, su verdad. Y, por tanto, “a ejemplo del santo cura de Ars, dejaos conquistar por Él y seréis también vosotros, en el mundo de hoy, mensajeros de esperanza, reconciliación y paz”.
¡Dejarse conquistar totalmente por Cristo! Este fue el objetivo de toda la vida de san Pablo, al que hemos dirigido nuestra atención durante el Año Paulino, que se encamina ya hacia su conclusión; esta ha sido la meta de todo el ministerio del santo cura de Ars, a quien invocaremos particularmente durante el Año Sacerdotal; que éste sea también el objetivo principal de cada uno de nosotros. Para ser ministros al servicio del Evangelio es ciertamente útil y necesario el estudio con una atenta y permanente formación pastoral, pero todavía es más necesaria esa “ciencia del amor”, que sólo se aprende de “corazón a corazón” con Cristo. Él nos llama a partir el pan de su amor, a perdonar los pecados y a guiar al rebaño en su nombre. Precisamente por este motivo no tenemos que alejarnos nunca del manantial del Amor que es su Corazón atravesado en la cruz.
Sólo así seremos capaces de cooperar eficazmente con el misterioso “designio del Padre”, que consiste en “hacer de Cristo el corazón del mundo”. Designio que se realiza en la historia en la medida en que Jesús se convierte en el Corazón de los corazones humanos, comenzando por aquellos que están llamados a estar más cerca de él, los sacerdotes. Nos vuelven a recordar este constante compromiso las “promesas sacerdotales”, que pronunciamos el día de nuestra ordenación y que renovamos cada año, el Jueves Santo, en la Misa Crismal. Incluso nuestras carencias, nuestros límites y debilidades deben volvenos a conducir al Corazón de Jesús. Si es verdad que los pecadores, al contemplarle, deben aprender el necesario “dolor de los pecados” que los vuelve a conducir al Padre, esto se aplica aún más a los ministros sagrados. ¿Cómo olvidar que nada hace sufrir más a la Iglesia, Cuerpo de Cristo, que los pecados de sus pastores, sobre todo de aquellos que se convierten en “ladrones de ovejas” (Juan 10, 1 y siguientes), ya sea porque las desvían con sus doctrinas privadas, ya sea porque las atan con los lazos del pecado y de muerte? También para nosotros queridos sacerdotes se aplica el llamamiento a la conversión y a recurrir a la Misericordia Divina, e igualmente debemos dirigir con humildad incesante la súplica al Corazón de Jesús para que nos preserve del terrible riesgo de dañar a aquellos a quienes debemos salvar.
Hace poco he podido venerar, en la Capilla del Coro, la reliquia del santo cura de Ars: su corazón. Un corazón inflamado de amor divino. Que se conmovía ante el pensamiento de la dignidad del sacerdote y hablaba a los fieles con tonos tocantes y sublimes, afirmando que ¡”después de Dios, el sacerdote lo es todo!… Él mismo no se entenderá bien sino en el cielo” (Cf. Carta para el Año Sacerdotal, p. 2). Cultivemos queridos hermanos, esta misma conmoción, ya sea para cumplir nuestro ministerio con generosidad y dedicación, ya sea para custodiar en el alma un verdadero “temor de Dios”: el temor de poder privar de tanto bien, por nuestra negligencia o culpa a las almas que nos han sido confiadas o de poderlas dañar. ¡Que Dios no lo permita! La Iglesia tiene necesidad de sacerdotes santos; de ministros que ayuden a los fieles a experimentar el amor misericordioso del Señor y sean sus testigos convencidos. En la adoración eucarística, que seguirá a la celebración de las Vísperas, pediremos al Señor que inflame el corazón de cada presbítero con esa caridad pastoral capaz de asimilar su personal “yo” al de Jesús sacerdote, para así poderlo imitar en la más completa entrega de uno mismo. Que nos obtenga esta gracia la Virgen Madre, de quien mañana contemplaremos con viva fe el Corazón inmaculado. El santo cura de Ars vivía una filial devoción por ella, hasta el punto de que en 1836, anticipándose a la proclamación del dogma de la Inmaculada Concepción, ya había consagrado su parroquia a María “concebida sin pecado”. Y mantuvo la costumbre de renovar a menudo esta ofrenda de la parroquia a la santa Virgen, enseñando a los fieles que “basta con dirigirse a ella para ser escuchados”, por el simple motivo que ella “desea sobretodo vernos felices”. Que nos acompañe la Virgen santa, nuestra Madre, en el Año Sacerdotal que hoy iniciamos, para que podamos ser guías firmes e iluminados para los fieles que el Señor confía a nuestros cuidados pastorales ¡Amen!

http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/homilies/2009/documents/hf_ben-xvi_hom_20090619_anno-sac_sp.html

Bento XVI proclama um novo Ano Sacerdotal

CARTA DO SUMO PONTÍFICE

BENTO XVI

PARA A PROCLAMAÇÃO

DE UM ANO SACERDOTAL

POR OCASIÃO DO 150.º ANIVERSÁRIO

DO DIES NATALIS DO SANTO CURA D’ARS

Amados irmãos no sacerdócio,

Na próxima solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus, sexta-feira 19 de Junho de 2009 – dia dedicado tradicionalmente à oração pela santificação do clero – tenho em mente proclamar oficialmente um «Ano Sacerdotal» por ocasião do 150.º aniversário do «dies natalis» de João Maria Vianney, o Santo Patrono de todos os párocos do mundo.[1] Tal ano, que pretende contribuir para fomentar o empenho de renovação interior de todos os sacerdotes para um seu testemunho evangélico mais vigoroso e incisivo, terminará na mesma solenidade de 2010. «O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus»: costumava dizer o Santo Cura d’Ars.[2] Esta tocante afirmação permite-nos, antes de mais nada, evocar com ternura e gratidão o dom imenso que são os sacerdotes não só para a Igreja mas também para a própria humanidade. Penso em todos os presbíteros que propõem, humilde e quotidianamente, aos fiéis cristãos e ao mundo inteiro as palavras e os gestos de Cristo, procurando aderir a Ele com os pensamentos, a vontade, os sentimentos e o estilo de toda a sua existência. Como não sublinhar as suas fadigas apostólicas, o seu serviço incansável e escondido, a sua caridade tendencialmente universal? E que dizer da fidelidade corajosa de tantos sacerdotes que, não obstante dificuldades e incompreensões, continuam fiéis à sua vocação: a de «amigos de Cristo», por Ele de modo particular chamados, escolhidos e enviados?

Eu mesmo guardo ainda no coração a recordação do primeiro pároco junto de quem exerci o meu ministério de jovem sacerdote: deixou-me o exemplo de uma dedicação sem reservas ao próprio serviço sacerdotal, a ponto de encontrar a morte durante o próprio acto de levar o viático a um doente grave. Depois repasso na memória os inumeráveis irmãos que encontrei e encontro, inclusive durante as minhas viagens pastorais às diversas nações, generosamente empenhados no exercício diário do seu ministério sacerdotal. Mas a expressão utilizada pelo Santo Cura d’Ars evoca também o Coração traspassado de Cristo com a coroa de espinhos que O envolve. E isto leva o pensamento a deter-se nas inumeráveis situações de sofrimento em que se encontram imersos muitos sacerdotes, ou porque participantes da experiência humana da dor na multiplicidade das suas manifestações, ou porque incompreendidos pelos próprios destinatários do seu ministério: como não recordar tantos sacerdotes ofendidos na sua dignidade, impedidos na sua missão e, às vezes, mesmo perseguidos até ao supremo testemunho do sangue?

Infelizmente existem também situações, nunca suficientemente deploradas, em que é a própria Igreja a sofrer pela infidelidade de alguns dos seus ministros. Daí advém então para o mundo motivo de escândalo e de repulsa. O máximo que a Igreja pode recavar de tais casos não é tanto a acintosa relevação das fraquezas dos seus ministros, como sobretudo uma renovada e consoladora consciência da grandeza do dom de Deus, concretizado em figuras esplêndidas de generosos pastores, de religiosos inflamados de amor por Deus e pelas almas, de directores espirituais esclarecidos e pacientes. A este respeito, os ensinamentos e exemplos de S. João Maria Vianney podem oferecer a todos um significativo ponto de referência. O Cura d’Ars era humilíssimo, mas consciente de ser, enquanto padre, um dom imenso para o seu povo: «Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina».[3] Falava do sacerdócio como se não conseguisse alcançar plenamente a grandeza do dom e da tarefa confiados a uma criatura humana: «Oh como é grande o padre! (…) Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. (…) Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do céu e encerra-se numa pequena hóstia».[4] E, ao explicar aos seus fiéis a importância dos sacramentos, dizia: «Sem o sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem a há-de preparar para comparecer diante de Deus, lavando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer [pelo pecado], quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote. (…) Depois de Deus, o sacerdote é tudo! (…) Ele próprio não se entenderá bem a si mesmo, senão no céu».[5] Estas afirmações, nascidas do coração sacerdotal daquele santo pároco, podem parecer excessivas. Nelas, porém, revela-se a sublime consideração em que ele tinha o sacramento do sacerdócio. Parecia subjugado por uma sensação de responsabilidade sem fim: «Se compreendêssemos bem o que um padre é sobre a terra, morreríamos: não de susto, mas de amor. (…) Sem o padre, a morte e a paixão de Nosso Senhor não teria servido para nada. É o padre que continua a obra da Redenção sobre a terra (…) Que aproveitaria termos uma casa cheia de ouro, senão houvesse ninguém para nos abrir a porta? O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecónomo do bom Deus; o administrador dos seus bens (…) Deixai uma paróquia durante vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas. (…) O padre não é padre para si mesmo, é-o para vós».[6]

Tinha chegado a Ars, uma pequena aldeia com 230 habitantes, precavido pelo Bispo de que iria encontrar uma situação religiosamente precária: «Naquela paróquia, não há muito amor de Deus; infundi-lo-eis vós». Por conseguinte, achava-se plenamente consciente de que devia ir para lá a fim de encarnar a presença de Cristo, testemunhando a sua ternura salvífica: «[Meu Deus], concedei-me a conversão da minha paróquia; aceito sofrer tudo aquilo que quiserdes por todo o tempo da minha vida!»: foi com esta oração que começou a sua missão.[7] E, à conversão da sua paróquia, dedicou-se o Santo Cura com todas as suas energias, pondo no cume de cada uma das suas ideias a formação cristã do povo a ele confiado. Amados irmãos no sacerdócio, peçamos ao Senhor Jesus a graça de podermos também nós assimilar o método pastoral de S. João Maria Vianney. A primeira coisa que devemos aprender é a sua total identificação com o próprio ministério. Em Jesus, tendem a coincidir Pessoa e Missão: toda a sua acção salvífica era e é expressão do seu «Eu filial» que, desde toda a eternidade, está diante do Pai em atitude de amorosa submissão à sua vontade. Com modesta mas verdadeira analogia, também o sacerdote deve ansiar por esta identificação. Não se trata, certamente, de esquecer que a eficácia substancial do ministério permanece independentemente da santidade do ministro; mas também não se pode deixar de ter em conta a extraordinária frutificação gerada do encontro entre a santidade objectiva do ministério e a subjectiva do ministro. O Cura d’Ars principiou imediatamente este humilde e paciente trabalho de harmonização entre a sua vida de ministro e a santidade do ministério que lhe estava confiado, decidindo «habitar», mesmo materialmente, na sua igreja paroquial: «Logo que chegou, escolheu a igreja por sua habitação. (…) Entrava na igreja antes da aurora e não saía de lá senão à tardinha depois do Angelus. Quando precisavam dele, deviam procurá-lo lá»: lê-se na primeira biografia.[8]

O exagero devoto do pio hagiógrafo não deve fazer-nos esquecer o facto de que o Santo Cura soube também «habitar» activamente em todo o território da sua paróquia: visitava sistematicamente os doentes e as famílias; organizava missões populares e festas dos Santos Patronos; recolhia e administrava dinheiro para as suas obras sócio-caritativas e missionárias; embelezava a sua igreja e dotava-a de alfaias sagradas; ocupava-se das órfãs da «Providence» (um instituto fundado por ele) e das suas educadoras; tinha a peito a instrução das crianças; fundava confrarias e chamava os leigos para colaborar com ele.

O seu exemplo induz-me a evidenciar os espaços de colaboração que é imperioso estender cada vez mais aos fiéis leigos, com os quais os presbíteros formam um único povo sacerdotal[9] e no meio dos quais, em virtude do sacerdócio ministerial, se encontram «para os levar todos à unidade, “amando-se uns aos outros com caridade fraterna, e tendo os outros por mais dignos” (Rm 12, 10)».[10]Neste contexto, há que recordar o caloroso e encorajador convite feito pelo Concílio Vaticano II aos presbíteros para que «reconheçam e promovam sinceramente a dignidade e participação própria dos leigos na missão da Igreja. Estejam dispostos a ouvir os leigos, tendo fraternalmente em conta os seus desejos, reconhecendo a experiência e competência deles nos diversos campos da actividade humana, para que, juntamente com eles, saibam reconhecer os sinais dos tempos». [11]

O Santo Cura ensinava os seus paroquianos sobretudo com o testemunho da vida. Pelo seu exemplo, os fiéis aprendiam a rezar, detendo-se de bom grado diante do sacrário para uma visita a Jesus Eucaristia.[12] «Para rezar bem – explicava-lhes o Cura –, não há necessidade de falar muito. Sabe-se que Jesus está ali, no tabernáculo sagrado: abramos-Lhe o nosso coração, alegremo-nos pela sua presença sagrada. Esta é a melhor oração».[13] E exortava: «Vinde à comunhão, meus irmãos, vinde a Jesus. Vinde viver d’Ele para poderdes viver com Ele».[14] «É verdade que não sois dignos, mastendes necessidade!».[15] Esta educação dos fiéis para a presença eucarísticapara a comunhão adquiria um eficácia muito particular, quando o viam celebrar o Santo Sacrifício da Missa. Quem ao mesmo assistia afirmava que «não era possível encontrar uma figura que exprimisse melhor a adoração. (…) Contemplava a Hóstia amorosamente».[16] Dizia ele: «Todas as boas obras reunidas não igualam o valor do sacrifício da Missa, porque aquelas são obra de homens, enquanto a Santa Missa é obra de Deus».[17] Estava convencido de que todo o fervor da vida de um padre dependia da Missa: «A causa do relaxamento do sacerdote é porque não presta atenção à Missa! Meu Deus, como é de lamentar um padre que celebra [a Missa] como se fizesse um coisa ordinária!».[18] E, ao celebrar, tinha tomado o costume de oferecer sempre também o sacrifício da sua própria vida: «Como faz bem um padre oferecer-se em sacrifício a Deus todas as manhãs!».[19]

Esta sintonia pessoal com o Sacrifício da Cruz levava-o – por um único movimento interior – do altar ao confessionário. Os sacerdotes não deveriam jamais resignar-se a ver os seus confessionários desertos, nem limitar-se a constatar o menosprezo dos fiéis por este sacramento. Na França, no tempo do Santo Cura d’Ars, a confissão não era mais fácil nem mais frequente do que nos nossos dias, pois a tormenta revolucionária tinha longamente sufocado a prática religiosa. Mas ele procurou de todos os modos, com a pregação e o conselho persuasivo, fazer os seus paroquianos redescobrirem o significado e a beleza da Penitência sacramental, apresentando-a como uma exigência íntima da Presença eucarística. Pôde assim dar início a um círculo virtuoso. Com as longas permanências na igreja junto do sacrário, fez com que os fiéis começassem a imitá-lo, indo até lá visitar Jesus, e ao mesmo tempo estivessem seguros de que lá encontrariam o seu pároco, disponível para os ouvir e perdoar. Em seguida, a multidão crescente dos penitentes, provenientes de toda a França, haveria de o reter no confessionário até 16 horas por dia. Dizia-se então que Ars se tinha tornado «o grande hospital das almas».[20] «A graça que ele obtinha [para a conversão dos pecadores] era tão forte que aquela ia procurá-los sem lhes deixar um momento de trégua!»: diz o primeiro biógrafo.[21] E assim o pensava o Santo Cura d’Ars, quando afirmava: «Não é o pecador que regressa a Deus para Lhe pedir perdão, mas é o próprio Deus que corre atrás do pecador e o faz voltar para Ele».[22] «Este bom Salvador é tão cheio de amor que nos procura por todo o lado».[23]

Todos nós, sacerdotes, deveríamos sentir que nos tocam pessoalmente estas palavras que ele colocava na boca de Cristo: «Encarregarei os meus ministros de anunciar aos pecadores que estou sempre pronto a recebê-los, que a minha misericórdia é infinita».[24] Do Santo Cura d’Ars, nós, sacerdotes, podemos aprender não só uma inexaurível confiança no sacramento da Penitência que nos instigue a colocá-lo no centro das nossas preocupações pastorais, mas também o método do «diálogo de salvação» que nele se deve realizar. O Cura d’Ars tinha maneiras diversas de comportar-se segundo os vários penitentes. Quem vinha ao seu confessionário atraído por uma íntima e humilde necessidade do perdão de Deus, encontrava nele o encorajamento para mergulhar na «torrente da misericórdia divina» que, no seu ímpeto, tudo arrasta e depura. E se aparecia alguém angustiado com o pensamento da sua debilidade e inconstância, temeroso por futuras quedas, o Cura d’Ars revelava-lhe o segredo de Deus com um discurso de comovente beleza: «O bom Deus sabe tudo. Ainda antes de vos confessardes, já sabe que voltareis a pecar e todavia perdoa-vos. Como é grande o amor do nosso Deus, que vai até ao ponto de esquecer voluntariamente o futuro, só para poder perdoar-nos!».[25] Diversamente, a quem se acusava de forma tíbia e quase indiferente, expunha, através das suas próprias lágrimas, a séria e dolorosa evidência de quão «abominável» fosse aquele comportamento. «Choro, porque vós não chorais»:[26] exclamava ele. «Se ao menos o Senhor não fosse assim tão bom! Mas é assim bom! Só um bárbaro poderia comportar-se assim diante de um Pai tão bom!».[27] Fazia brotar o arrependimento no coração dos tíbios, forçando-os a verem com os próprios olhos o sofrimento de Deus, causado pelos pecados, quase «encarnado» no rosto do padre que os atendia de confissão. Entretanto a quem se apresentava já desejoso e capaz de uma vida espiritual mais profunda, abria-lhe de par em par as profundidades do amor, explicando a inexprimível beleza de poder viver unidos a Deus e na sua presença: «Tudo sob o olhar de Deus, tudo com Deus, tudo para agradar a Deus. (…) Como é belo!»[28] E ensinava-lhes a rezar assim: «Meu Deus, dai-me a graça de Vos amar tanto quanto é possível que eu Vos ame!».[29]

No seu tempo, o Cura d’Ars soube transformar o coração e a vida de muitas pessoas, porque conseguiu fazer-lhes sentir o amor misericordioso do Senhor. Também hoje é urgente igual anúncio e testemunho da verdade do Amor: Deus caritas est (1 Jo 4, 8). Com a Palavra e os Sacramentos do seu Jesus, João Maria Vianney sabia instruir o seu povo, ainda que frequentemente suspirava convencido da sua pessoal inaptidão a ponto de ter desejado diversas vezes subtrair-se às responsabilidades do ministério paroquial de que se sentia indigno. Mas, com exemplar obediência, ficou sempre no seu lugar, porque o consumia a paixão apostólica pela salvação das almas. Procurava aderir totalmente à própria vocação e missão por meio de uma severa ascese: «Para nós, párocos, a grande desdita – deplorava o Santo – é entorpecer-se a alma»,[30] entendendo, com isso, o perigo de o pastor se habituar ao estado de pecado ou de indiferença em que vivem muitas das suas ovelhas. Com vigílias e jejuns, punha freio ao corpo, para evitar que opusesse resistência à sua alma sacerdotal. E não se esquivava a mortificar-se a si mesmo para bem das almas que lhe estavam confiadas e para contribuir para a expiação dos muitos pecados ouvidos em confissão. Explicava a um colega sacerdote: «Dir-vos-ei qual é a minha receita: dou aos pecadores uma penitência pequena e o resto faço-o eu no lugar deles».[31] Independentemente das penitências concretas a que se sujeitava o Cura d’Ars, continua válido para todos o núcleo do seu ensinamento: as almas custam o sangue de Cristo e o sacerdote não pode dedicar-se à sua salvação se se recusa a contribuir com a sua parte para o «alto preço» da redenção.

No mundo actual, não menos do que nos tempos difíceis do Cura d’Ars, é preciso que os presbíteros, na sua vida e acção, se distingam por um vigoroso testemunho evangélico. Observou, justamente, Paulo VI que «o homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres ou então, se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas».[32] Para que não se forme um vazio existencial em nós e fique comprometida a eficácia do nosso ministério, é preciso não cessar de nos interrogarmos: «Somos verdadeiramente permeados pela Palavra de Deus? É verdade que esta é o alimento de que vivemos, mais de que o sejam o pão e as coisas deste mundo? Conhecemo-la verdadeiramente? Amamo-la? De tal modo nos ocupamos interiormente desta palavra, que a mesma dá realmente um timbre à nossa vida e forma o nosso pensamento?».[33] Assim como Jesus chamou os Doze para estarem com Ele (cf. Mc 3, 14) e só depois é que os enviou a pregar, assim também nos nossos dias os sacerdotes são chamados a assimilar aquele «novo estilo de vida» que foi inaugurado pelo Senhor Jesus e assumido pelos Apóstolos.[34]

Foi precisamente a adesão sem reservas a este «novo estilo de vida» que caracterizou o trabalho ministerial do Cura d’Ars. O Papa João XXIII, na carta encíclica Sacerdotii nostri primordia – publicada em 1959, centenário da morte de S. João Maria Vianney –, apresentava a sua fisionomia ascética referindo-se de modo especial ao tema dos «três conselhos evangélicos», considerados necessários também para os presbíteros: «Embora, para alcançar esta santidade de vida, não seja imposta ao sacerdote como própria do estado clerical a prática dos conselhos evangélicos, entretanto esta representa para ele, como para todos os discípulos do Senhor, o caminho regular da santificação cristã».[35] O Cura d’Ars soube viver os «conselhos evangélicos» segundo modalidades apropriadas à sua condição de presbítero. Com efeito, a sua pobreza não foi a mesma de um religioso ou de um monge, mas a requerida a um padre: embora manejasse com muito dinheiro (dado que os peregrinos mais abonados não deixavam de se interessar pelas suas obras sócio-caritativas), sabia que tudo era dado para a sua igreja, os seus pobres, os seus órfãos, as meninas da sua «Providence»,[36] as suas famílias mais indigentes. Por isso, ele «era rico para dar aos outros e era muito pobre para si mesmo».[37] Explicava: «O meu segredo é simples: dar tudo e não guardar nada».[38] Quando se encontrava com as mãos vazias, dizia contente aos pobres que se lhe dirigiam: «Hoje sou pobre como vós, sou um dos vossos».[39] Deste modo pôde, ao fim da vida, afirmar com absoluta serenidade: «Não tenho mais nada. Agora o bom Deus pode chamar-me quando quiser!».[40] Também a sua castidade era aquela que se requeria a um padre para o seu ministério. Pode-se dizer que era a castidade conveniente a quem deve habitualmente tocar a Eucaristia e que habitualmente a fixa com todo o entusiasmo do coração e com o mesmo entusiasmo a dá aos seus fiéis. Dele se dizia que «a castidade brilhava no seu olhar», e os fiéis apercebiam-se disso quando ele se voltava para o sacrário fixando-o com os olhos de um enamorado.[41] Também a obediência de S. João Maria Vianney foi toda encarnada na dolorosa adesão às exigências diárias do seu ministério. É sabido como o atormentava o pensamento da sua própria inaptidão para o ministério paroquial e o desejo que tinha de fugir «para chorar a sua pobre vida, na solidão».[42] Somente a obediência e a paixão pelas almas conseguiam convencê-lo a continuar no seu lugar. A si próprio e aos seus fiéis explicava: «Não há duas maneiras boas de servir a Deus. Há apenas uma: servi-Lo como Ele quer ser servido».[43] A regra de ouro para levar uma vida obediente parecia-lhe ser esta: «Fazer só aquilo que pode ser oferecido ao bom Deus».[44]

No contexto da espiritualidade alimentada pela prática dos conselhos evangélicos, aproveito para dirigir aos sacerdotes, neste Ano a eles dedicado, um convite particular para saberem acolher a nova primavera que, em nossos dias, o Espírito está a suscitar na Igreja, através nomeadamente dos Movimentos Eclesiais e das novas Comunidades. «O Espírito é multiforme nos seus dons. (…) Ele sopra onde quer. E fá-lo de maneira inesperada, em lugares imprevistos e segundo formas precedentemente inimagináveis (…); mas demonstra-nos também que Ele age em vista do único Corpo e na unidade do único Corpo».[45] A propósito disto, vale a indicação do decreto Presbyterorum ordinis: «Sabendo discernir se os espíritos vêm de Deus, [os presbíteros] perscrutem com o sentido da fé, reconheçam com alegria e promovam com diligência os multiformes carismas dos leigos, tanto os mais modestos como os mais altos».[46] Estes dons, que impelem não poucos para uma vida espiritual mais elevada, podem ser de proveito não só para os fiéis leigos mas também para os próprios ministros. Com efeito, da comunhão entre ministros ordenados e carismas pode brotar «um válido impulso para um renovado compromisso da Igreja no anúncio e no testemunho do Evangelho da esperança e da caridade em todos os recantos do mundo».[47] Queria ainda acrescentar, apoiado na exortação apostólica Pastores dabo vobis do Papa João Paulo II, que o ministério ordenado tem uma radical «forma comunitária» e pode ser cumprido apenas na comunhão dos presbíteros com o seu Bispo.[48]É preciso que esta comunhão entre os sacerdotes e com o respectivo Bispo, baseada no sacramento da Ordem e manifestada na concelebração eucarística, se traduza nas diversas formas concretas de uma fraternidade sacerdotal efectiva e afectiva.[49] Só deste modo é que os sacerdotes poderão viver em plenitude o dom do celibato e serão capazes de fazer florir comunidades cristãs onde se renovem os prodígios da primeira pregação do Evangelho.

O Ano Paulino, que está a chegar ao fim, encaminha o nosso pensamento também para o Apóstolo das nações, em quem refulge aos nossos olhos um modelo esplêndido de sacerdote, totalmente «doado» ao seu ministério. «O amor de Cristo nos impele – escrevia ele –, ao pensarmos que um só morreu por todos e que todos, portanto, morreram» (2 Cor 5, 14). E acrescenta: Ele «morreu por todos, para que os vivos deixem de viver para si próprios, mas vivam para Aquele que morreu e ressuscitou por eles» (2 Cor 5, 15). Que programa melhor do que este poderia ser proposto a um sacerdote empenhado a avançar pela estrada da perfeição cristã?

Amados sacerdotes, a celebração dos cento e cinquenta anos da morte de S. João Maria Vianney (1859) segue-se imediatamente às celebrações há pouco encerradas dos cento e cinquenta anos das aparições de Lourdes (1858). Já em 1959, o Beato Papa João XXIII anotara: «Pouco antes que o Cura d’Ars concluísse a sua longa carreira cheia de méritos, a Virgem Imaculada aparecera, noutra região da França, a uma menina humilde e pura para lhe transmitir uma mensagem de oração e penitência, cuja imensa ressonância espiritual há um século que é bem conhecida. Na realidade, a vida do santo sacerdote, cuja comemoração celebramos, fora de antemão uma viva ilustração das grandes verdades sobrenaturais ensinadas à vidente de Massabielle. Ele próprio nutria pela Imaculada Conceição da Santíssima Virgem uma vivíssima devoção, ele que, em 1836, tinha consagrado a sua paróquia a Maria concebida sem pecado e havia de acolher com tanta fé e alegria a definição dogmática de 1854».[50] O Santo Cura d’Ars sempre recordava aos seus fiéis que «Jesus Cristo, depois de nos ter dado tudo aquilo que nos podia dar, quis ainda fazer-nos herdeiros de quanto Ele tem de mais precioso, ou seja, da sua Santa Mãe».[51]

À Virgem Santíssima entrego este Ano Sacerdotal, pedindo-Lhe para suscitar no ânimo de cada presbítero um generoso relançamento daqueles ideais de total doação a Cristo e à Igreja que inspiraram o pensamento e a acção do Santo Cura d’Ars. Com a sua fervorosa vida de oração e o seu amor apaixonado a Jesus crucificado, João Maria Vianney alimentou a sua quotidiana doação sem reservas a Deus e à Igreja. Possa o seu exemplo suscitar nos sacerdotes aquele testemunho de unidade com o Bispo, entre eles próprios e com os leigos que é tão necessário hoje, como o foi sempre. Não obstante o mal que existe no mundo, ressoa sempre actual a palavra de Cristo aos seus apóstolos, no Cenáculo: «No mundo sofrereis tribulações. Mas tende confiança: Eu venci o mundo» (Jo 16, 33). A fé no divino Mestre dá-nos a força para olhar confiadamente o futuro. Amados sacerdotes, Cristo conta convosco. A exemplo do Santo Cura d’Ars, deixai-vos conquistar por Ele e sereis também vós, no mundo actual, mensageiros de esperança, de reconciliação, de paz.

Com a minha bênção.

Vaticano, 16 de Junho de 2009.

[Benedictus PP. XVI]


[1] Assim o proclamou o Sumo Pontífice Pio XI, em 1929.

[2] «Le Sacerdoce, c’est l’amour du cœr de Jésus», in Le Curé d’Ars. Sa pensée – son cœur, obra cuidada por Abbé Bernard Nodet (ed. Xavier Mappus, Foi Vivante, 1966), pág. 98. Em seguida, será citada: Nodet. A mesma frase aparece no Catecismo da Igreja Católica, n. 1589.

[3] Nodet, 101.

[4] Ibid., 97.

[5] Ibid., 98-99.

[6] Ibid., 98-100.

[7] Ibid., 183.

[8] MONNIN A., Il Curato d’Ars. Vita di Gian-Battista-Maria Vianney, vol. I (ed. Marietti, Turim 1870), pág. 122.

[9] Cf. Lumen gentium, 10.

[10] Presbyterorum ordinis, 9.

[11] Ibid., 9.

[12] «A contemplação é o olhar de fé, fixado em Jesus. “Eu olho para Ele e Ele olha para mim” – dizia, no tempo do seu santo Cura, um camponês d’Ars em oração diante do sacrário» (Catecismo da Igreja Católica, n. 2715).

[13] Nodet, 85.

[14] Ibid., 114.

[15] Ibid., 119.

[16] MONNIN A., o.c., II, pág. 430ss.

[17] Nodet, 105.

[18] Ibid., 105.

[19] Ibid., 104.

[20] MONNIN A., o.c., II, pág. 293.

[21] Ibid., II, pág. 10.

[22] Nodet, 128.

[23] Ibid., 50.

[24] Ibid., 131.

[25] Ibid., 130.

[26] Ibid., 27.

[27] Ibid., 139.

[28] Ibid., 28.

[29] Ibid., 77.

[30] Ibid., 102.

[31] Ibid., 189.

[32] Evangelii nuntiandi, 41.

[33] BENTO XVI, Homilia na Missa Crismal (9 de Abril de 2009).

[34] Cf. BENTO XVI, Discurso à Assembleia plenária da Congregação do Clero (16 de Março de 2009).

[35] Parte I.

[36] Este foi o nome que deu à casa onde fez alojar e educar mais de 60 meninas abandonadas. Para mantê-la, a nada se poupava: «J’ai fait tous les commerces imaginables» – dizia ele sorrindo (Nodet, 214).

[37] Nodet, 216.

[38] Ibid., 215.

[39] Ibid., 216.

[40] Ibid., 214.

[41] Cf. ibid., 112.

[42] Cf. ibid., 82-84.102-103.

[43] Ibid., 75.

[44] Ibid., 76.

[45] BENTO XVI, Homilia na Vigília de Pentecostes (3 de Junho de 2006).

[46] N. 9.

[47] BENTO XVI, Discurso aos Bispos amigos do Movimento dos Focolares e da Comunidade de Santo Egídio (8 de Fevereiro de 2007).

[48] Cf. n. 17.

[49] Cf. JOÃO PAULO II, Exort. ap. Pastores dabo vobis, 74.

[50] Carta enc. Sacerdotii nostri primordia, parte III.

[51] Nodet, 244.

Fonte

Ladainha de Jesus Sacerdote e Vítima


Senhor, tende piedade de nós Senhor, tende piedade de nós
Cristo, tende piedade de nós Cristo, tende piedade de nós
Senhor, tende piedade de nós Senhor, tende piedade de nós

Cristo, ouvi-nos Cristo, ouvi-nos
Cristo, atendei-nos Cristo, atendei-nos

Deus, Pai celestial, tende piedade de nós
Deus Filho, Redentor do mundo,
Espírito Santo que sois Deus,
Santíssima Trindade que sois um só Deus,

Jesus, Sacerdote e Vítima, tende piedade de nós
Jesus, Sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedec,
Jesus, Sacerdote a quem o Pai enviou a evangelizar os pobres,
Jesus, Sacerdote que na última Ceia instituístes o memorial do Vosso sacrifício,
Jesus, Sacerdote sempre vivo para interceder por nós,

Jesus, Pontífice a quem o Pai ungiu com a força do Espírito Santo,
Jesus, Pontífice tomado de entre os homens,
Jesus, Pontífice constituído em favor dos homens,
Jesus, Pontífice do nosso testemunho,
Jesus, Pontífice de maior glória que Moisés,
Jesus, Pontífice do autêntico Templo,
Jesus, Pontífice dos bens futuros,
Jesus, Pontífice inocente, imaculado e santo,
Jesus, Pontífice misericordioso e fiel,
Jesus, Pontífice consumido pelo zelo do Pai e das almas,
Jesus, Pontífice perfeito para sempre,
Jesus, Pontífice que entrastes nos céus derramando o Vosso próprio sangue,
Jesus, Pontífice que iniciaste um novo caminho em nosso favor,
Jesus, Pontífice que nos amastes e nos purificastes do pecado pelo Vosso sangue,
Jesus, Pontífice que Vos entregastes a Deus como oblação e vítima,
Jesus, Vítima dos Homens,
Jesus, Vítima santa e imaculada,

Jesus, Vítima indulgente,
Jesus, Vítima pacífica,

Jesus, Vítima de propiciação e digna de louvor,
Jesus, Vitima da reconciliação e da paz,
Jesus, Vítima na qual temos a fé e o acesso para Deus,
Jesus, Vítima que vive pelos séculos dos séculos,

Sede-nos propício, atendei-nos, Senhor
Sede-nos propício, livrai-nos, Senhor

Da busca temerária do ministério, livrai-nos, Senhor
Do pecado do sacrilégio,
Do espírito de incontinência,
De desejos desonestos,

De toda ignominiosa simonia,
Do abuso dos bens da Igreja,
Do amor do mundo e das suas vaidades,
Da indigna celebração dos Vossos Mistérios,

Pelo Vosso sacerdócio eterno,
Pela Vossa santa unção, pela qual o Pai Vos constituiu como Sumo Sacerdote,
Pelo Vosso espírito sacerdotal,
Por aquele ministério pelo qual glorificastes na terra a Deus Pai,
Pela cruenta imolação do Vosso corpo na cruz, realizada de uma vez para sempre,
Por aquele mesmo Sacrifício que se renova cada dia no altar,
Por aquele poder divino, que exerceis de maneira invisível por meio dos sacerdotes,

Para que Vos digneis conservar na santidade toda a Ordem Sacerdotal,
Nós Vos rogamos, Senhor, ouvi-nos
Para que concedas ao teu povo pastores segundo o Vosso coração,
Para que os enchas de espírito sacerdotal,
Para que os lábios dos sacerdotes guardem a Vossa sabedoria,
Para que envieis operários para a Vossa messe,
Para que aumenteis o número de fiéis dispensadores dos Vossos mistérios,

Para que lhes façais perseverantes no ministério que lhes haveis confiado,
Para que lhes concedeis paciência no ministério, eficácia na ação e perseverança na oração,
Para que, por seu intermédio, se promova em toda a parte o culto do Santíssimo Sacramento,
Para que recebais no gozo eterno os que desempenharam o ministério,

Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós, Senhor.

Cristo, Sacerdote eterno, ouvi-nos.
Cristo, Sumo e eterno Sacerdote, atendei-nos.

Oremos


Ó Deus, Vós que cuidais e santificais a Vossa Igreja, por meio do Vosso Espírito, suscitai nela dispensadores fiéis e idôneos para os Santos Mistérios, para que por seu ministério e exemplo, o povo cristão, protegido por Vós, progrida no caminho da Salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Ó Deus, que ordenastes aos Vossos discípulos, enquanto celebravam o culto e depois de terem jejuado, de separar Saulo e Barnabé para a obra a que os tinha destinado, assisti a vossa Igreja em oração, Vós que conheceis os nossos corações, e mostrai-nos aqueles que escolhestes para o ministério. Por Cristo Nosso Senhor,

R/. Amém

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Litaniae Jesus Christi Sacerdotis et Victimae

Kyrie, eleison …… Kyrie, eleison

Christe, eleison …… Christe, eleison

Kyrie, eleison …… Kyrie, eleison

Christe, audi nos …… Christe, audi nos

Christe, exaudi nos …… Christe, exaudi nos

Pater de caelis, Deus, …… miserere nobis

Fili, Redemptor mundi, Deus, ….. miserere nobis

Spiritus Sancte, Deus, …… miserere nobis

Sancta Trinitas, unus Deus, …… miserere nobis

Iesu, Sacerdos et Victima, …… miserere nobis

Iesu, Sacerdos in aeternum secundum ordinem Melchisedech, ….. miserere nobis

Iesu, Sacerdos quem misit Deus evangelizare pauperibus, …. miserere nobis

Iesu, Sacerdos qui in novissima cena formam sacrificii perennis instituisti, ….. miserere nobis

Iesu, Sacerdos semper vivens ad interpellandum pro nobis, ….. miserere nobis

Iesu, Pontifex quem Pater unxit Spiritu Sancto et virtute, …. miserere nobis

Iesu, Pontifex ex hominibus assumpte, ….. miserere nobis

Iesu, Pontifex pro hominibus constitute, …. miserere nobis

Iesu, Pontifex confessionis nostrae, ….. miserere nobis

Iesu, Pontifex amplioris prae Moysi gloriae, …. miserere nobis

Iesu, Pontifex tabernaculi veri, … miserere nobis

Iesu, Pontifex futurorum bonorum, ….. miserere nobis

Iesu, Pontifex sancte, innocens et impollute, …. miserere nobis

Iesu, Pontifex fidelis et misericors, ….. miserere nobis

Iesu, Pontifex Dei et animarum zelo succense, ….. miserere nobis

Iesu, Pontifex in aeternum perfecte, …… miserere nobis

Iesu, Pontifex qui per proprium sanguinem caelos penetrasti, ….. miserere nobis

Iesu, Pontifex qui nobis viam novam initiasti, ….. miserere nobis

Iesu, Pontifex qui dilexisti nos et lavisti nos a peccatis in sanguine tuo, …… miserere nobis

Iesu, Pontifex qui tradidisti temetipsum Deo oblationem et hostiam, ……. miserere nobis

Iesu, Hostia Dei et hominum, ……. miserere nobis

Iesu, Hostia sancta et immaculata, …… miserere nobis

Iesu, Hostia placabilis, ….. miserere nobis

Iesu, Hostia pacifica, ….. miserere nobis

Iesu, Hostia propitiationis et laudis, ….. miserere nobis

Iesu, Hostia reconciliationis et pacis, ….. miserere nobis

Iesu, Hostia in qua habemus fiduciam et accessum ad Deum, ….. miserere nobis

Iesu, Hostia vivens in saecula saeculorum, …… miserere nobis

Propitius esto! …… parce nobis, Iesu

Propitius esto! ….. exaudi nos, Iesu

A temerario in clerum ingressu, ….. libera nos, Iesu

A peccato sacrilegii, ….. libera nos, Iesu

A spiritu incontinentiae, ….. libera nos, Iesu

A turpi quaestu, …… libera nos, Iesu

Ab omni simoniae labe, …… libera nos, Iesu

Ab indigna opum ecclesiasticarum dispensatione, …… libera nos, Iesu

Ab amore mundi eiusque vanitatum, ……. libera nos, Iesu

Ab indigna Mysteriorum tuorum celebratione, ……. libera nos, Iesu

Per aeternum sacerdotium tuum, …… libera nos, Iesu

Per sanctam unctionem, qua a Deo Patre in sacerdotem constitutus es, …… libera nos, Iesu

Per sacerdotalem spintum tuum, …… libera nos, Iesu

Per ministerium illud, quo Patrem tuum super terram clarificasti, …… libera nos,

Iesu Per cruentam tui ipsius immolationem semel in cruce factam, …… libera nos, Iesu

Per illud idem sacrificium in altari quotidie renovatum, …… libera nos, Iesu

Per divinam illam potestatem, quam in sacerdotibus tuis invisibiliter exerces, …… libera nos, Iesu

Ut universum ordinem sacerdotalem in sancta religione conservare digneris, …… Te rogamus, audi nos

Ut pastores secundum cor tuum populo tuo providere digneris, ….. Te rogamus, audi nos

Ut illos spiritus sacerdotii tui implere digneris, ….. Te rogamus, audi nos

Ut labia sacerdotum scientiam custodiant, …… Te rogamus, audi nos

Ut in messem tuam operarios fideles mittere digneris, ….. Te rogamus, audi nos

Ut fideles mysteriorum tuorum dispensatores multiplicare digneris, ….. Te rogamus, audi nos

Ut eis perseverantem in tua voluntate famulatum tribuere digneris, ….. Te rogamus, audi nos

Ut eis in ministerio mansuetudinem, in actione sollertiam et in orationem constantia concedere digneris, … Te rogamus, audi nos

Ut per eos sanctissimi Sacramenti cultum ubique promovere digneris, …… Te rogamus, audi nos

Ut qui tibi bene ministraverunt, in gaudium tuum suscipere digneris, …… Te rogamus, audi nos

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, …… parce nobis, Domine

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, …… exaudi nos, Domine

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, …… miserere nobis, Domine

Iesu, Sacerdos, …… audi nos

Iesu, Sacerdos, …… exaudi nos.

Oremus

Ecclesiae tuae, Deus, sanctificator et custos, suscita in ea per Spiritum tuum idoneos el fideles sanctorum mysteriorum dispensatores, ut eorum ministerio el exemplo christiana plebs in viam salutis te protegente dirigatur. Per Christum Dominum nostrum. Amen.

Deus, qui ministrantibus et ieiunantibus discipulis segregari iussisti Saulum et Barnabam in opus ad quod assumpseras eos, adesto nunc Ecclesiae tuae oranti, et tu, qui omnium corda nosti, ostende quos elegeris in ministerium. Per Christum Dominum nostrum. Amen.

Fonte: Congregação para o Clero.

Nota explicativa para o incremento da prática da adoração eucarística contínua e benefício de todos os sacerdotes e das vocações sacerdotais

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Nota explicativa para o incremento, nas Dioceses (paróquias, santuários, capelas, mosteiros, conventos, seminários), da prática da adoração eucarística contínua em benefício de todos os sacerdotes e das vocações sacerdotais

Na Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, o Santo Padre Bento XVI traduziu de forma concreta o perene ensinamento da Igreja a respeito da centralidade da adoração eucarística na vida eclesial, dirigindo um apelo prático à adoração perpétua a todos os Pastores, Bispos e Sacerdotes, e ao Povo de Deus: “Juntamente com a assembléia sinodal, recomendo, pois, vivamente aos pastores da Igreja e ao povo de Deus a prática da adoração eucarística tanto pessoal como comunitária. Para isso, será de grande proveito uma catequese específica na qual se explique aos fiéis a importância deste ato de culto que permite viver, mais profundamente e com maior fruto, a própria celebração litúrgica. Depois, na medida do possível e sobretudo nos centros mais populosos, será conveniente individuar igrejas ou capelas que se possam reservar propositadamente para a adoração perpétua. Além disso, recomendo que na formação catequética, particularmente nos itinerários de preparação para a Primeira Comunhão, se iniciem as crianças no sentido e na beleza de demorar-se na companhia de Jesus, cultivando o enlevo pela sua presença na Eucaristia” (Sacramentum Caritatis, 67).

Para fortalecer o apelo do Santo Padre, a Congregação para o Clero, em sua solicitude pelos Presbíteros, propõe que:

1. cada Diocese encarregue um sacerdote de se dedicar – na medida do possível – em tempo integral ao ministério específico de promoção da adoração eucarística e à coordenação desse importante serviço na Diocese. Dedicando-se generosamente a esse ministério, ele mesmo terá a possibilidade de viver essa particular dimensão da vida litúrgica, teológica, espiritual e pastoral, se possível num lugar especificamente reservado para essa finalidade, identificado pelo próprio Bispo, onde os fiéis poderão, assim, se beneficiar da adoração eucarística perpétua. Tal como já existem os Santuários Marianos, dirigidos por reitores que exercem um ministério particular adaptado a suas exigências específicas, poderá haver quase uma espécie de “Santuários Eucarísticos”, com sacerdotes responsáveis por eles, que irradiem e promovam o especial amor da Igreja pela Santíssima Eucaristia, dignamente celebrada e continuamente adorada. Um ministério como esse, dentro do presbitério, lembrará a todos os sacerdotes diocesanos, como disse Bento XVI, que “precisamente na Eucaristia se encontra o segredo da sua santificação. […] O presbítero deve ser em primeiro lugar adorador e contemplativo da Eucaristia” (Ângelus de 18 de setembro de 2005);

2. sejam identificados lugares específicos que possam ser reservados especificamente para a adoração eucarística contínua. Para essa tarefa, os párocos, os reitores e os capelães devem ser encorajados a introduzir em suas comunidades a prática da adoração eucarística, tanto pessoal quanto comunitária, de acordo com as possibilidades de cada um e num esforço coletivo de incremento da vida de oração. Não deixem de ser envolvidas nessa prática todas as forças vivas, a começar das crianças que se preparam para a Primeira Comunhão;

3. as Dioceses interessadas nesse projeto poderão buscar subsídios apropriados para organizar a adoração eucarística contínua nos Seminários, nas Paróquias, nas Capelas, nos Santuários, nos Mosteiros, nos Conventos. A Providência Divina não deixará de permitir que se encontrem também benfeitores que contribuam com obras aptas a pôr em prática este projeto de renovação eucarística das Igrejas particulares, como, por exemplo: construção ou adaptação de um lugar de culto para a adoração, dentro de um edifício de culto maior; aquisição de um ostensório solene ou nobre paramento litúrgico; o patrocínio de material litúrgico-pastoral-espiritual para essa promoção;

4. as iniciativas voltadas ao Clero local, sobretudo as relativas a sua formação permanente, devem ser sempre permeadas de um clima eucarístico, que deverá ser efetivamente favorecido pela dedicação de um tempo adequado à adoração do Santíssimo Sacramento, de modo que essa adoração se torne, ao lado da Santa Missa, a força propulsora de todo e qualquer esforço individual e comunitário;

5. as formas de adoração eucarística poderão ser diferentes nos diversos lugares, de acordo com as possibilidades concretas. Por exemplo:

– adoração eucarística perpétua vinte e quatro horas por dia;

– adoração eucarística contínua das primeiras horas da manhã até a noite;

– adoração eucarística de tanto a tanto, todos os dias;

– adoração eucarística de tanto a tanto, num ou mais dias da semana;

– adoração eucarística em circunstâncias particulares, como festas ou comemorações.

A Congregação para o Clero expressa sua gratidão aos Ordinários que venham a se tornar animadores de um projeto como este, que não deixará de renovar espiritualmente o Clero e o povo de Deus de suas Igrejas particulares.

Com a finalidade de poder acompanhar de perto o desenvolvimento deste gesto desejado pelo Santo Padre, pedimos a cada Ordinário, interessado nesta iniciativa, que assinale a esta Congregação os desdobramentos relativos à adoração eucarística contínua em sua Diocese, sobretudo indicando que sacerdotes e locais se comprometeram com esse importante apostolado eucarístico.

A Congregação para o Clero não deixará, sempre que solicitada, de oferecer outros eventuais esclarecimentos a esta matéria.

Do Vaticano, a 8 de dezembro de 2007

Solenidade da Imaculada Conceição de Maria


Entenda-se por “adoração eucarística contínua” não apenas a adoração ininterrupta, vinte e quatro horas por dia, mas também a adoração contínua das primeiras horas da manhã até as últimas horas da noite. Essa forma pode estar mais ao alcance dos sacerdotes e dos fiéis das pequenas comunidades. É claro que, sempre que o número de fiéis for maior e houver disponibilidade, poder-se-á examinar a possibilidade de manter a Eucaristia em exposição ininterruptamente.