Alguns aportes para a Liturgia de Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
A liturgia torna possível exercer uma ação mais profunda nas almas, não só levando-as a participar mais ativamente nos sagrados mistérios, mas também abrindo para elas, através da beleza dos rituais, a via pulchritudinis, por excelência.
Além da beleza que lhe é própria, a liturgia realiza por seu simbolismo e essência, e do modo mais esplendoroso possível, a sacralização das realidades temporais, em que se devem empenhar todos os fiéis. Na Celebração Eucarística, é o Céu que se liga à Terra, o espiritual ao temporal. É Cristo, ao mesmo tempo o arquétipo do gênero humano e o Filho de Deus, que se oferece ao Pai, para interceder por seus irmãos.
É próprio à natureza humana tender a imitar aquilo que admira, e nisso consiste a melhor forma de aprendizado. Não se poderá negar que uma liturgia celebrada com a devida compenetração e manifestando toda a beleza que lhe é inerente há de ter uma ação benéfica sobre os fiéis, moldando a fundo sua mentalidade e levando-os a imitarem em alguma medida o ritual presenciado.
Essa transposição do cerimonial não se cifra numa reprodução de gestos, mas em projetar para a vida temporal o ambiente de sacralidade presenciado nos atos litúrgicos. O pai ou a mãe que assistem a uma celebração esplendorosa, repetirão instintivamente no dia a dia, no “ritual” da igreja doméstica, o cerimonial da Igreja. Dar a bênção aos filhos, por exemplo, é uma forma de fazer presente o espírito católico na realidade temporal da família.
Extraído de:
DIAS, João Scognamiglio Clá. Considerações sobre a gênese e o desenvolvimento do movimento dos Arautos do Evangelho e seu enquadramento jurídico, 2008. Tese de Mestrado em Direito Canônico — Pontifício Instituto de Direito Canônico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.