AS CINCO PROVAS OU VIAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

tomas

Marcelo Rabelo (3º ano de Filosofia IFAT)

1.Apresentação geral das provas

As provas ou vias[1] da existência de Deus, mais do que demonstrações, são ‘contraprovas’, ou seja, “confirmações de uma verdade que a pessoa intimamente já possui”.[2] Não são abstrações de Deus, mas como interpretava Mondin, testemunhos recolhidos de Deus na natureza e na história a título de confirmação da voz daquele que já falou ao homem.[3] Estas vias procuram provar a existência de Deus tomando como ponto de partida o mundo, não o homem ou a idéia de Deus.

São Tomás de Aquino apresenta suas célebres cinco vias na S. Th. I, Q.2, a.3[4]. “Mesmo entre os contemporâneos, aqueles que negam Deus preocupam-se, sobretudo, em desmanchar essas famosas argumentações, que se sobressaem pela simplicidade, clareza, essencialidade e rigor lógico”.[5]

Antes de se iniciar este trabalho, propõe-se uma breve advertência de Mondin: as cinco vias não são criaturas de São Tomás de Aquino: não foi ele quem as descobriu; elas são resultados de uma longa tradição que remonta a Platão e Aristóteles, mas, “o vigor e a precisão com que as formula o Santo Doutor lhes dão um neto matriz de originalidade”.[6]

2. Contexto das cinco vias na Suma Teológica

O Aquinense questiona dois problemas fundamentais antecedentes à sua demonstração da existência de Deus. Primeiro se é evidente por si mesma; e se é possível demonstrá-la. Analisar-se-á sinteticamente estas duas questões.

Para justificar esta ordem, explica Royo Marín[7], tenha-se em conta que uma verdade pode ser evidente com uma evidência tão clara e imediata que não necessite demonstração alguma, como por exemplo, o todo é maior que as suas partes, o círculo é redondo, etc.; mas, pode-se tratar de uma verdade que não seja de evidencia imediata (a soma dos ângulos de um triângulo é igual a dois retos); então, cabe perguntar se pode chegar a esta última verdade por via demonstração e, em caso afirmativo, como se demonstra.

2.1 A existência de Deus é evidente por si mesma?

São Tomás de Aquino[8] começa por responder a esta questão do seguinte modo: “Algo pode ser evidente por si de duas maneiras: seja em si mesmo e não[9] para nós; seja em si mesmo e para nós”.[10]

Evidente em si mesma e não para nós, é aquela cujo predicado está objetivamente contido no sujeito, mas cuja evidência não aparece diante de nós senão depois de uma laboriosa demonstração, como ocorre, por exemplo, com a maior parte dos teoremas matemáticos.[11]

Evidente em si mesma e para nós é aquela que não necessita de nenhuma reflexão, pois o predicado está contido no sujeito de modo imediato. Exemplo: o circulo é redondo.[12]

Digo, portanto, que a proposição Deus existe, enquanto tal, é evidente por si, porque nela o predicado é idêntico ao sujeito. Deus é seu próprio ser, como ficará mais claro adiante. Mas como não conhecemos a essência de Deus, esta proposição não é evidente para nós, precisa ser demonstrada por meio do que é mais conhecido para nós, ainda que por sua própria natureza seja menos conhecido, isto é, pelos efeitos.[13]

2.2 É possível demonstrar a existência de Deus?

Dir-se-ia que não, pois como muitos afirmaram e outros confirmaram, a existência de Deus é um artigo de . Ora, não é possível demonstrá-los, porque a simples demonstração geraria a ciência; entretanto a se refere ao que não vemos.[14] Logo, a existência de Deus não é demonstrável.[15]

Responde o Aquinense: Existem dois tipos de demonstração: uma pela causa (propter quid). Outra, pelos efeitos (quia). Sempre que um efeito é mais manifesto do que sua causa, recorremos a ele a fim de conhecer a sua causa.[16]

Ora, por qualquer efeito podemos demonstrar a existência de sua causa, se pelos menos os efeitos desta causa são mais conhecidos para nós, porque como os efeitos dependem da causa, estabelecida a existência dos efeitos, segue-se necessariamente a preexistência de sua causa. Por conseguinte, se a existência de Deus não é evidente para nós, pode ser demonstrada pelos efeitos por nós conhecidos.[17]

Quanto à primeira objeção, deve-se dizer, de acordo com São Tomás, que a existência de Deus e outras verdades referentes a Ele, acessíveis à razão natural, não são artigos de fé, mas preâmbulos dos artigos. A Fé, continua o Santo Doutor, pressupõe o conhecimento natural, como a perfeição o que é perfectível. São Tomás conclui daí um interessante corolário. Aquele que não consegue apreender algo referente a Deus e que é demonstrável em si para nós, pode receber esta demonstração como objeto de Fé.[18]

Assim, “partindo das obras de Deus, pode-se demonstrar sua existência, ainda que por elas não possamos conhecê-lo perfeitamente quanto à sua existência”.[19]

 

3. Exposição das cinco vias

Como é sabido, a demonstração filosófica ou racional da existência de Deus se apóia quase exclusivamente no chamado princípio de causalidade, cuja formulação mais popular é a seguinte: todo efeito tem necessariamente uma causa. O conceito de efeito leva consigo inevitavelmente a exigência de uma causa, “pois do contrário o efeito careceria de sentido e deixaria automaticamente de ser efeito”.[20]

Não é preciso uma explicação profunda do princípio filosófico de causalidade. Para o Pe. Royo Marín, isto “não é necessário para nenhuma pessoa de são juízo”.[21]

Demonstrar-se-á, afinal, as cinco vias. Nos explica Fraile, O.P. que cada prova é completa, apodíctica e concluinte por si só, tendo seu ponto de partida e de término. Todas coincidem na afirmação de que em uma série causal concatenada não se pode proceder indefinidamente até o infinito. E todas convergem também num mesmo ponto de chegada, que é a necessidade da existência de um Ser Supremo, e o qual chamamos de Deus. [22]

Seguindo o dominicano,[23] pode-se representá-las assim:

3.1 Movimento

São Tomás introduz a primeira via da seguinte forma: “A primeira, e a mais clara, parte do movimento”.[24]

Por movimento, entende o Doctor Angelicus, não só no sentido restringido do movimento local, senão amplamente por qualquer mutação – local, quantidade ou qualitativa – ou seja, por qualquer passagem de potência a ato.

A existência real do movimento ou mudanças nos seres do Universo é um fato evidente:

nossos sentidos atestam, com toda a certeza, que neste mundo algumas coisas se movem. Ora, tudo o que se move é movido por outro. Nada se move que não esteja em potência em relação ao termo de seu movimento; ao contrário, o que move o faz enquanto se encontra em ato. Mover nada mais é, portanto, do que levar algo da potência ao ato.[25]

A primeira via, na Suma Teológica, corre mais ágil do que a análoga primeira via na Suma contra os gentios. Explica Mondin, que isso se deve ao fato de que na obra mais madura, (Suma Teológica) para justificar a premissa tudo o que se move é movido por outro, São Tomás de Aquino não recorre mais à cosmologia aristotélica, mas à doutrina metafísica do ato e da potência. Por isso, para uma explicação conclusiva do movimento, é preciso ascender a um ato puro, isto é, a um princípio do movimento que seja, em si mesmo, não movido e imóvel.[26]

“Assim, se o que move é também movido, o é necessariamente por outro, e este por outro ainda. Ora, não se pode continuar até ao infinito, pois neste caso não haveria um primeiro motor. […] é então necessário chegar a um primeiro motor, não movido por nenhum outro”.[27]

Sobre esta via comentou Royo Marín, que o argumento é de uma força demonstrativa para qualquer espírito reflexivo acostumado a alta especulação filosófica. Este primeiro Motor Imóvel, infinitamente perfeito, recebe o nome: Deus.[28]

3.2 A causa eficiente

Entende-se em filosofia por causa eficiente aquela que, “ao atuar, produz um efeito distinto de si mesma. Assim, o escultor é a causa eficiente da estátua esculpida por ele; o pai é a causa eficiente de seu filho.[29] Na segunda via, São Tomás de Aquino não gasta palavras para evidenciar este principio como ponto de partida para a ascensão a Deus. Para Mondin[30], o Aquinense se preocupa apenas em justificar a impossibilidade de um regresso ad infinitum na ordem das causas. Analisemos agora as palavras de São Tomás:

Encontramos nas realidades sensíveis a existência de uma ordem entre as causas eficientes; mas não se encontra, nem é possível, algo que seja a causa eficiente de si próprio, porque desse modo seria anterior a si próprio: o que é impossível. Ora, tampouco é possível, entre as causas eficientes, continuar até o infinito, porque […] a primeira é a causa das intermediárias e as intermediárias são a causa da última. […] Portanto, se não existisse a primeira entre as causas eficientes, não haveria a última nem a intermediária. Mas se tivéssemos de continuar até o infinito na série das causas eficientes, não haveria causa primeira; assim sendo, não haveria efeito último, nem causa eficiente intermediária, o que evidentemente é falso.[31]

Como se vê, “o argumento desta segunda via é também de uma forte evidencia demonstrativa”. A conclusão do mesmo é muito simples, eis aqui: “Logo, é necessário afirmar uma causa eficiente primeira, a que todos chamam Deus”.[32]

3.3 A contingência dos seres

O argumento fundamental da terceira via para demonstrar a existência de Deus pode formular-se sinteticamente do seguinte modo: “A contingência das coisas do mundo nos leva com toda certeza ao conhecimento da existência de um Ser necessário que existe por si mesmo, ao que chamamos Deus.

Antes de seguirmos na exposição, faz-se mister precisar os conceitos de ser contingente e ser necessário.

O Ser contingente é aquele que existe, mas que poderia não existir. Ou também, aquele que começou a existir e deixará de existir algum dia, constituindo assim todos os seres corruptíveis do universo.[33]

Ser necessário é aquele que existe e não pode deixar de existir; ou também, aquele que, tendo a existência de si e por si mesmo, existiu sempre e não deixará jamais de existir.[34]

Prossigamos agora o pensamento de São Tomás:

Encontramos, entre as coisas, as que podem ser ou não ser, uma vez que algumas se encontram que nascem e perecem. Conseqüentemente podem ser e não ser. […] Se tudo pode não ser, houve um momento em que nada havia. Ora, se isso é verdadeiro, ainda agora não existiria; pois o que não é só passa a ser por intermédio de algo que ja é. Por conseguinte, se não houve ente algum, foi impossível que algo começasse a ser; logo, hoje, nada existiria. […] Assim, nem todos os entes são possíveis, mas é preciso que algo seja necessário entre as coisas. Ora, tudo o que é necessário tem, ou não, a causa de sua necessidade de um outro. Aqui também não é possível continuar até o infinito na série das coisas necessárias.

Nota-se neste argumento a utilização novamente do principio de causalidade, (pois o que é, só passa a ser por intermédio de algo que já é), entretanto, situado sobre outro ponto de vista distinto. Vejamos agora como a conclusão do argumento da terceira via segue a mesma linha de raciocínio da segunda. “Portanto, é necessário afirmar a existência de algo necessário por si mesmo, que não encontra alhures a causa de sua necessidade, mas que é causa da necessidade para os outros”.[35] E esta, quando questionada até o fim, leva a razão a reconhecer uma origem primeira, necessária, incontingente, absoluta: Deus

            3.4 Os graus de perfeição

A quarta via chega à existência de Deus pela consideração dos distintos graus de perfeição que se encontram nos seres criados. Talvez seja “a mais profunda desde o ponto de vista metafísico; e, por isso mesmo, é a mais difícil de captar pelos iniciados nas altas especulações filosóficas”.[36] Vamos expô-la brevemente, seguindo sempre o Doutor Angélico:

Encontra-se nas coisas algo mais ou menos bom, mais ou menos verdadeiro, mais ou menos nobre etc. Ora, mais e menos se dizem coisas diversas conforme elas se aproximam diferentemente daquilo que é em si o máximo.[37] Assim, mais quente é o que mais se aproxima do que é sumamente quente. Existe em grau supremo algo verdadeiro, bom, nobre e, conseqüentemente o ente em grau supremo. […] Por outro lado, o que se encontra no mais alto grau em determinado gênero é causa de tudo que é desse gênero: assim o fogo, que é quente, no mais alto grau, é causa do calor de todo e qualquer corpo aquecido. […] Existe então algo que é, para todos os outros entes, causa do ser, de bondade e de toda a perfeição: nós o chamamos Deus.[38]

Como se pode facilmente notar, a estrutura argumentativa da quarta via é inteiramente semelhante às anteriores. Parte de um fato experimental completamente certo e evidente – a existência de diversos graus de perfeição nos seres –, a razão natural se remonta a necessidade de um ser perfeitíssimo que tenha a perfeição em grau máximo. Este Ser, para Royo Marín,[39] é o manancial de todas as perfeições que encontramos em graus  diversos em todos os demais seres.

3.5 A ordem do universo

Esta via merece um estudo mais amplo. Vejamos inicialmente a breve exposição de São Tomás:

A quinta via é tomada do governo das coisas. Com efeito, vemos que algumas que carecem de conhecimento, como os corpos físicos, agem em vista de um fim, o que se manifesta pelo fato de que, sempre ou na maioria das vezes, agem da mesma maneira, a fim de alcançarem o que é ótimo. Fica claro que não é por acaso, mas em virtude de uma intenção, que alcançam o fim. Ora, aquilo que não tem conhecimento não tende a um fim, a não ser dirigido por algo que conhece e que é inteligente, como a flecha pelo arqueiro. Logo, existe algo inteligente pelo qual todas as coisas naturais são ordenadas ao fim, e a isso nós chamamos Deus.[40]

Nota-se que esta se eleva de uma multiplicidade ordenada a uma inteligência ordenadora. Para chegar a esta conclusão, o Aquinense utiliza o princípio de finalidade.[41]

Outro ponto que salta à vista, comparando a estrutura desta via com as outras, é a ausência da premissa regressum ad infinitum. Vários comentadores observam, entre eles Mondin, que esta lacuna é facilmente explicável, “pois Tomás de Aquino já havia citado várias vezes, nas vias precedentes, o absurdo de se tentar recorrer a uma série infinita”.[42]

Historicamente, esta via sempre foi a mais percorrida, antes e depois de São Tomás. A essa via, enumera Mondin[43], “recorreram Platão, Aristóteles, Zenão, Fílon, Clemente de Alexandria, Orígenes, Plotino, Agostinho, Anselmo, Boaventura, Descartes, Malebranche, Vico, Leibniz, Wolf, Rosmini e outros”. Estatísticas recentes confirmaram que mais de 80% dos americanos fundam a própria em Deus, na ordem do cosmos.[44]

Mas porque esta via é tão conhecida e assimilada, inclusive em nossos dias? Consideremos alguns aspectos citados por Royo Marín: “Vamos ilustrar esta quinta via com numerosos exemplos indiscutíveis, tomados do mundo que nos rodeia”.[45]

1.º Existem no firmamento celeste trilhões de astros, mais que os grãos de areia de todas as praias do mundo;

2.º Todos estes astros são de uma magnitude enorme;

3.º Todos se movem a rapidíssimas velocidades;

4.º Mas todos estão sujeitos pelas leis da matéria, que com suas complexas ações e reações mútuas criam um corpo de forças intricadíssimo;

5.º No entanto, conservam uma ordem tão perfeita que o astrônomo pode indicar em qualquer tempo a trajetória futura de qualquer astro.

Em mecânica, um dos problemas mais difíceis de resolver é o chamado dos três corpos, ou seja, determinar a posição de três massas que se influem mutuamente segundo as leis da gravidade. Neste problema se empenharam os mais potentes gênios matemáticos. Entretanto, a solução definitiva não se conhece.[46]

Se ao invés de três, são quatro os corpos, o problema se complica de um modo aterrador que não cabe no entendimento humano.[47] Mas se não nos enganamos, existem trilhões de corpos…

Prossigamos agora a solução de Royo Marín[48] a este problema dos trilhões de corpos.

1.º Tem de haver um entendimento que conheça e resolva o problemas das massas siderais;

2.º Que saiba em cada instante a posição exata de cada uma delas;

3.º E que por isso prevê e evite todas as infinitas contingências possíveis de desequilíbrio, em tão emaranhado e extenso campo de forças;

4.º Entendimento que tenha a seu serviço um poder tal, que consiga esse complexo ordenado e dinâmico de astros que se deslizam sem ruído e a menor vacilação, através do espaço, desde há mil milhões de anos;

5.º Este entendimento não é do homem;

6.º Logo, é de um ser superior ao homem a que chamamos Deus. Logo Deus existe!

Se não existe um Criador infinitamente sábio e poderoso, a ordem do mundo, desde as galáxias até ao grão de areia, deve-se atribuir ao azar. “não há solução intermediária”[49] Mas o azar não explica de nenhum modo esta ordem.

4. Considerações finais

A precaução com que São Tomás procede na estruturação de suas provas da existência de Deus tem sido insuficientemente observada pelos tomistas. Supostos os princípios metafísicos, o Aquinense não se apóia em nenhuma só lei do mundo físico, senão em fatos particulares deste.[50] Há coisas que se movem – não diz: tudo é movido –; Há graus do ser; por conseguinte, há um ser primeiro. Tal é sempre sua maneira de proceder.[51]

A tendência de tomistas modernos de deduzir do mundo visível, imediatamente como de um salto, o infinito, tem prejudicado o verdadeiro sentido das provas do Doutor Angélico. “São Tomás é o mais modesto entre todos os tomistas e, por conseguinte, o mais sábio”.[52] Manser esclarece esta ousada afirmação: as provas da existência de Deus, aponta sempre um só objetivo, que é demonstrar a existência de um ser primeiro, que não depende de nenhum outro e do qual todos dependem. Isto é tudo.

Por tudo quanto foi dito neste capítulo, depreende-se que a crença em Deus pertence as funções normais da inteligência humana.

Explica o prof. Corrêa de Oliveira[53] que, diante desta demonstração da existência de Deus através das cinco vias, só há três atitudes possíveis: ou o homem afirma, na plenitude de sua certeza, que há um Deus; ou nega com certeza não menor que Deus existe; ou duvida, perante a complexidade dos argumentos apresentados pró e contra a existência de Deus, e neste caso, “ou é positivista (abandonando completamente a esperança de encontrar a verdade em matéria religiosa), ou está em um período de formação, e espera que mais cedo ou mais tarde resolverá a questão”.[54] Mas, em qualquer caso, ou afirma, ou nega, ou duvida.

Para quem nega ou duvida, Royo Marín qualifica de ateu. E “o ateu é um caso clínico, como o de um que perde a razão. […] A incredulidade não consiste em não crer, senão em crer no mais difícil antes que o mais fácil”,[55]

Seria possível discutir com os modernos sobre o valor das provas de Deus? “é absolutamente inútil, enquanto subjetivistas, não admitem o valor real do princípio de causalidade”.[57] E consequentemente, colocam em dúvida toda transcendentalidade de nosso conhecimento. As vias tomistas para eles não têm nenhum valor. Entretanto, “só Kant merece menção especial”.[58]

A partir de Kant, a questão da existência de Deus tornou-se um dos pontos centrais da mudança de reflexão da filosofia. Ele procura demonstrar que qualquer argumentação especulativa sobre a realidade de Deus é vazia.[59] É também, o objeto da exposição do próximo capítulo.


[1] São Tomás de Aquino prefere usar o termo via aos termo argumento, provaou demonstração; quer indicar uma trajetória, um caminho a ser percorrido para alcançar uma meta que leva a mente a reconhecer a necessidade da existência de Deus.

[2] MONDIN, Battista. Quem é Deus?: elementos de teologia filosófica. Tradução de José Maria de Almeida. 2.ed. São Paulo: Paulus, 2005. p.183.

[3] Cf. Idem.

[4] O Doutor Angélico apresenta provas da existência de Deus em pelo menos uma dezena de escritos, exibindo classificações diversas, como na Suma contra Gentes, lib. I, cap. XIII, XV, XVI, XLIV; lib. II, cap. XV; lib. III, cap. XLIV. De Veritate, q.5, a.2. De Potentia, q.3, a.5. Compedium Theologiae, cap. III. Física, lib. VIII, lec. 2; lib. VIII, lec. 9 e seguintes. Metafísica, lib. XII, lec. 5 e seguintes.

[5] MONDIN, Battista. Op. Cit. p. 230.

[6] Cf. G. GUILHHERMO FRAILE, O. P. Historia de La filosofia: filosofia judia y musulmana; alta escolástica y decadência. Madrid: BAC, 1986. V.II 2º. p. 393.

[7] Cf. ROYO MARÍN, Antonio, O.P. Dios y su obra. Madrid: BAC, 1963. p.3-4.

[8] As citações da Suma Teológica deste trabalho são extraídas da 2.ed. São Paulo: Loyola, 2003.

[9] Grifo meu.

[10] S.Th. I, Q.2, a.1

[11] Cf. ROYO MARÍN, Antonio. Op. Cit., p.4.

[12] Idem.

[13] S.Th. I, Q.2, a.1

[14] Esta é a primeira objeção do próprio São Tomás sobre a possibilidade de demonstração. Ela merece um maior destaque, pois envolve uma das maiores originalidades de seu pensamento: o equilíbrio da relação entre fé e razão.

[15] Cf. S.Th. I, Q.2, a.2

[16] Idem.

[17] Idem.

[18] Cf. S.Th. I, Q.2 a.2 ad 1

[19] S.Th I, Q.3, a.2 ad 3

[20] ROYO MARÍN, O. P. Op. Cit., p.9.

[21] Idem.

[22] Cf. G. GUILHHERMO FRAILE, O. P. Op. Cit., p. 393-394

[23] Cf. Idem. p. 394.

[24] S.Th. I, Q.2 a.3

[25] S.Th. I, Q.2 a.3

[26] Cf. MONDIN, Batista. Op. Cit., p.232.

[27] S.T. I q.2 a.3

[28] Cf. ROYO MARÍN, O. P. Op. Cit., p.11,14.

[29] Idem.

[30] Cf. MONDIN, Batista. Op. Cit., p.234.

[31] S.Th. I, Q.2 a.3

[32] Idem.

[33] Cf. ROYO MARÍN, O. P. Op. Cit., p.16.

[34] Idem.

[35] S.Th. I, Q.2 a.3

[36] ROYO MARÍN, O. P. Op. Cit., p.18.

[37] Mondin explica muito bem que, quando São Tomás se refere aos termos graus e máximo, aparentemente a reflexão parece ser puramente no plano lógico e material. Assim, na escala das cores pode-se falar de um vermelho que é maximamente vermelho; qualquer outra tinta vermelha será mais ou menos vermelha na medida em que se aproxime mais ou menos do vermelho ideal. Mas o plano de São Tomás é ontológico: seu ponto de partida são graus de ser, graus de bondade, graus da verdade. (Cf. MONDIN, Batista. Op. Cit., p.237).

[38] S.Th. I, Q.2 a.3

[39] Cf. ROYO MARÍN, O. P. Op. Cit., p.19.

[40] S.T. I q.2 a.3

[41] O princípio de finalidade ou finalismo reconhece a presença de tendências voltadas para fins bens precisos. Na filosofia grega, o reconhecimento da importância do finalismo (isto é, da causa final) para uma adequada explicação do que acontece no universo é mérito de Aristóteles. Com o cristianismo, a explicação do finalismo torna-se mais completa, enquanto este recebe um adequado fundamento na criação: obra de um Deus generoso e providente, que produz todas as coisas para a consecução do bem do homem. Porém, apesar de todas as críticas e reservas que foram levantadas contra o finalismo, é preciso dizer que ele não só permanece sempre como uma explicação possível (ao menos para quem segue um sadio realismo), mas também como a explicação plenamente satisfatória para a maravilhosa ordem que reina tanto no microcosmo quanto no macrocosmo. (Cf. MONDIN, Batista. Op. Cit. p.427).

[42] MONDIN, Batista. Op. Cit., p.238.

[43] Idem, p.239.

[44] Cf. Idem.

[45] ROYO MARÍN, O. P. Op. Cit., p.20.

[46] Cf. Idem.

[47] Idem.

[48] Idem.

[49] ROYO MARÍN, O. P. Op. Cit., p. 30

[50] Cf. MANSER, G. M., O. P.  La esencia del tomismo. 2.ed.  Madrid: Selecciones Gráficas, 1953, p.412.

[51] Idem, p.414.

[52] Idem, p.415.

[53] Cf. CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Deus e a constituição. In: O legionário, n.76, 8 mar. 1931.

[54] Idem.

[55] ROYO MARÍN, O. P. Op. Cit., p. 30-31.

[56] CLÁ DIAS, João. Conferência proferida em 26 de mai. 1997.

[57] Cf. MANSER, G. M., O. P. Op. Cit. p.416.

[58] Idem.

[59] Cf. MONDIN, Op. Cit., p.89.

L’atto di credere come “synthesis fidei”

Pe. José Francisco Hernández, EP

1. RAPPORTO FEDE-RAGIONEdoutores-lei

Quale è il rapporto fra il dono di Dio e la ragione umana? La ragione non può essere causa della fede, altrimenti la fede non sarebbe un dono gratuito. La fede non può essere una conclusione tipo 2+2=4. Ci sono tre orientamenti diversi per spiegare questo rapporto:

1.1  Visione analitica, razionalista del rapporto fede-ragione

Questa concezione analizza tutte e due separatamente. La ragione sarebbe una con-causa della fede. È l’atteggiamento della teologia classica.

Secondo l’apologetica classica, con la ragione si può dimostrare la fede. Ma le cinque vie di San Tommaso non sono autonome; si trovano all’interno del trattato su Dio, cioè riguardo a Dio la ragione ha qualcosa da dire. Alla fine di ogni via l’Aquinate scrive: omnes dicunt Deum. Lui non pensa che si possa credere in Dio senza la fede, non fa una filosofia prima. Secondo San Tommaso, dunque, non si può dimostrare Dio con la sola ragione, ma sì la possibilità di Dio.

1.2  Visione dialettica, fideista del rapporto fede-ragione

Il termine dialettica si usa qui in quanto contrapposizione al dialogo. Dio è così forte che non può dialogare con l’uomo. L’esponente paradigmatico di questa corrente è soprattutto Karl Barth. L’importante per un luterano è quello che Dio fa. Quello che l’uomo fa non conta nulla; deve solo accogliere. Da qui il concetto di giustificazione: è soltanto Dio che salva; non ci entrano per nulla le opere dell’uomo.

Invece, la dottrina cattolica dice che ci vuole la collaborazione con la grazia di Dio: la fede senza le opere non salva (Gc 2, 17).

1.3  Visione sintetica del rapporto fede-ragione

Secondo questa visione, il primato ce l’ha il dono di Dio. Quasi tutti i teologi cattolici sono passati dalla visione analitica a questa sintetica. Il dono di Dio è la causa della fede; la ragione ne è soltanto la condizione di possibilità. Non è una visione 1+1=2. Piuttosto corrisponde al senso della parabola del seminatore: se il seme non trova un terreno preparato non germina.

Si dice sintetica non perché sia la sintesi fra due elementi (le due correnti sopraccitate), ma perché è la sintesi di tutta la realtà, è la visione globale che racchiude tutta la realtà umana.

Non si tratta, dunque, di due piani staccati: fede e ragione, ma interconnessi. Con la fede, la ragione vede di più, viene potenziata. Il dono di Dio è illuminante. C’è un ruolo epistemologico illuminativo della fede: l’amore è più amore, l’amicizia è più amicizia. Ma anche il peccato è più profondo anche. Si può stabilire un’analogia con la unione ipostatica delle due nature, umana e divina, in Gesù Cristo: l’umanità di Gesù è nella sua pienezza perché ha il Verbo di Dio sostanzialmente unito ad essa; il primato però ce l’ha il Verbo di Dio.

2. ELEMENTI DELL’ATTO DI FEDE

Vogliamo qui analizzare l’atto di fede, l’atto di credere, come in un laboratorio. Possiamo dire che esso ha due elementi fondamentali:

2.1  L’atto di fede come dono di Dio

Il dono di Dio ha due funzioni, «gli aiuti interiori dello Spirito Santo, il quale muova il cuore e lo rivolga a Dio, apra gli occhi dello spirito» (DV 5):

2.1.1  La fede come illuminazione

Il dono di Dio ha una funzione illuminativa. Il Mistero Pasquale è il grande segno del cristianesimo. Lumen Christi: Il Risorto è presente tra di noi come Luce che illumina il senso ultimo della vita; la sua ultima parola non è stata la morte, la croce, ma la luce, la risurrezione. Questo aspetto si può rilevare in diversi brani dell’Antico come del Nuovo Testamento (soprattutto Ef 1,18). Anche San Tommaso si riferisce ad esso quando dice: «Per lumen fidei vident esse credenda» (II-IIae, q. 1 a. 5 ad 1) e quando si riferisce alla «oculata fides» (III, q. 55 a. 2 ad 1).

2.1.2  La fede come orientamento vissuto, personale e comunicativo (DV 5.8; LG 12)

Il dono di Dio non illumina soltanto dall’esterno, ma incide sul cuore, sul centro della persona e, quindi, illumina il senso di tutta la vita della persona. Chi non ha fede può magari pensare che la dottrina cattolica è una regola morale buona, interessante, ma non si sentirà spinto a regolare la sua intera vita da essa.

2.2  L’atto di fede come atto umano

Per la fede, «l’uomo gli si abbandona [a Dio] tutt’intero e liberamente» (DV 5).

2.2.1  Praeambula fidei

Sono i “preamboli della fede”. È la “via preparatoria della fede” (FR 67). Si tratta di un’espressione coniata dalla Scolastica che vuol dire che la ragione è un preambolo per la fede. Nella teologia classica, i praeambula fidei avevano un ruolo fondamentale, forte; erano chiari, si sapeva con chiarezza quali erano. Nella società postmoderna tutto è più sfumato e, quindi, non è chiaro quali siano i preamboli della fede. Né la filosofia classica né l’Illuminismo erano relativisti come lo è la cultura postmoderna. La postmodernità è la prima volta nella Storia che non si sa bene come si debba fare questo dialogo tra fede e ragione. quaranta anni fa era chiaro che bisognava studiare Kant e Marx per capire la società di allora. C’è stata molta discussione su questo concetto perché può essere capito in due sensi:

– come preambula logica (non crono-logica, temporale);

– come condizione di possibilità. È questa l’interpretazione attuale nella teologia fondamentale. Sono le condizioni di possibilità per essere credente. La parabola del seminatore, come accennato prima, illustra in modo adeguato questo concetto: la terra deve essere preparata perché il seme possa fruttificare. La ragione è il soggetto della fede. Dio ha voluto il dono della libertà umana, anche se essa possa essere condizionata da tanti fattori. Non si tratta, dunque, di condizioni di possibilità soltanto teoretiche ma anche pratiche. Nella pastorale, quello che si fa è creare condizioni di possibilità per la fede.

Il n. 67 dell’enciclica Fides et Ratio parla di quattro condizioni di possibilità della fede:

a) La conoscenza naturale di Dio

Se uno non ha una apertura verso la possibilità che ci sia Dio, non crederà mai.

b) La possibilità di distinguere la rivelazione divina dagli altri fenomeni, nel riconoscimento della sua credibilità

Se non si ammette la possibilità che Dio intervenga nella Storia e abbia lasciato delle tracce concrete, non si può aver fede.

c) La capacità del linguaggio umano di parlare in forma significativa e vera anche di ciò che supera qualsiasi esperienza umana

Un positivista del linguaggio dirà che il linguaggio non può esprimere Dio. È vero che Dio non si può concettualizzare tutto. Se non ci fosse la analogia non potremmo fare teologia; noi parliamo di Dio con un linguaggio analogico, comparativo. Questo argomento ha a che fare con temi scottanti oggi come oggi: semiologia, semiotica moderna.

d) La ricerca delle condizioni nelle quali l’uomo pone da sé le prime domande fondamentali sul senso della vita, sul fine che ad essa vuole dare e su ciò che l’attende dopo la morte

È la ricerca sul senso della vita. Se uno non si domanda sul senso della vita vedrà la fede come una semplice regola morale.

2.2.2  Ratio fidei

Cosa fa un credente quando un non credente gli chiede ragione della sua fede? Solvere rationes, confutare le ragioni: non bisogna dimostrare la fede ma mostrarla, cioè smontare le ragioni dell’altro, mostrare che non sono ragioni consistenti. San Tommaso non farebbe mai quello che ha fatto l’Illuminismo: separare fede e ragione, neanche avrebbe mai usato la figura della Fides et Ratio (le due ali), perché non si tratta di due ali autonome l’una dall’altra in senso stretto. La ragione è il soggetto della fede, ma è un soggetto che può chiudersi alla fede. Quindi, quando la Fides et Ratio parla di autonomia bisogna capire bene il termine.

2.2.3  Apertura o comunicabilità della ragione

La ragione aperta è la struttura interiore – più che previa o posteriore – dell’atto di credere. La fede cioè presuppone una ragione aperta. Ci sono diverse denominazioni:

– la ragione vista come ragione vitale (Ortega y Gasset / Gómez Caffarena). Include l’intuizione, l’amore, tutta la persona, tutta la vita. È per ragione vitale che si fanno le scelte importanti nella vita.

– la ragione vista come ordine degli affetti (Sequeri). Nel suo trattato di fede, dice che la ragione da un ordine a tutto quel complesso vitale.

– la ragione vista come ragione comunicativa (Habermas). Lui sottolinea che la dimensione comunicativa non può essere dimenticata, poiché la persona umana non è soltanto azione e sfera privata. È anche importante l’amore, l’amicizia, l’etica, il volontariato, ecc.

– la ragione come ragione sapienziale (FR 81, quindi, Giovanni Paolo II). È una ragione sensitiva. Ad esempio, i Padri hanno una teologia sapienziale, molto legata nel loro caso, alla liturgia, e molto legata al cuore.

– la ragione come ragione ampia (J. Ratzinger). Doppia domanda: da dove? da dove vengo? (Origine); verso dove? verso dove vado? (Termine). In fondo, si tratta della domanda di senso.

2.3  Verso una sintesi

Ci sono diverse formulazioni che cercano di articolare il rapporto tra fede e ragione:

2.3.1  Punto di partenza:  “la interazione tra fede e ragione” (FR cap. VI)

Circolarità tra fede e ragione. Intuitivamente si potrebbe capire così: quando si muove l’una, si muove anche l’altra. Ma la fede illumina la ragione e ne da il tesoro, ci insegna ad essere veramente uomini.

2.3.2  “L’argomentazione cumulativa” (Illative sense) di J. H. Newman

Newman aveva in mente rispondere ai positivisti. L’assenso nella vita umana non è soltanto nozionale (2+2=4) ma reale: le grandi scelte della vita, ecc. Quindi, la fede non è primariamente un assenso nozionale ma soprattutto reale, vitale.

L’assenso reale si fa attraverso un senso illativo, una argomentazione cumulativa. Bisogna collegare gli indizi. La ragione umana non è un qualcosa di meramente nozionale ma ha una componente intuitiva. Si tratta di un positivismo aperto. Altri nominativi importanti su questa scia sono A. Dulles, H.J. Pottmeyer e W. Kasper.

2.3.3  “Les yeux de la foi” (P. Rousselot)

Essi «rendono possibile la conoscenza della credibilità». La fede cioè ha anche i suoi occhi. La grazia non toglie la natura ma le da la sua forza.

Questa visione ha suscitato una grande polemica all’inizio del s. XX perché sembrava protestante, troppo fideista. H.U. v. Balthasar si sentiva discepolo di Rousselot ed è stato colui che ha contribuito di più alla riabilitazione del suo maestro. Fisichella si trova anche su questa scia.

2.3.4  Teologia trascendentale

«L’affinità tra la rivelazione e la realizzazione piena della vita». In questa scia si trovano: K. Rahner, H. Fries, B. Welte ed altri. Si tratta di mettere in relazione trascendentale il dono di Dio e la ragione umana.

Per Rahner, in concreto, la ragione umana si sintetizza in tre domande: vale la pena amare? vale la pena morire? vale la pena sperare in un futuro?

2.3.5  Personalismo

«L’opzione fondamentale dell’atto di credere». In questa corrente si trovano: J. Alfaro, M. Seckler ed altri. La fede non è una cosa in più ma è qualcosa che tocca il nocciolo della persona umana. Tutto si fa intorno a questa opzione fondamentale.

2.3.6  Conclusione

«La convergenza di senso» (STh III, q. 55, a. 6 ad 1). ;Newman, K.Rahner, H.Verweyen, H.Wagner, Swinburne,SPN).

3. LA CREDIBILITÀ COME “PROPOSTA DI SENSO” TEOLOGICA, STORICA E ANTROPOLOGICA

La credibilità, come proposta sensata portatrice di senso, pieno e definitivo, parte dalle due istanze basilari dalle quali trae la sua ragion di essere: l’istanza teologica – dalla fede – e la istanza filosofica – dalla ragione – che si articola attorno alla sua duplice dimensione: quella storica e quella antropologica (FR  14).

3.1  Proposta di senso teologica

Il senso teologico pieno di un’affermazione di fede concreta parte sempre da una prospettiva di fede, che, a sua volta, parte dalla comprensione teologica della rivelazione come «vera stella di orientamento per l’uomo» (FR 15). L’auditus fidei sarà il momento fondante teologico-dogmatico della credibilità.

3.2  Proposta di senso storica

Il senso storico delle affermazioni di fede affonda le sue radici nella storia. Così, si deve tener presente che la storia include una triplice forma: quella originaria dei fatti, la forma riflessiva – o narrazione – e la forma filosofica.

3.3  Proposta di senso antropologica

Il senso antropologico di un’affermazione di fede è in diretto riferimento alla persona umana concreta. È l’apporto più decisivo del rinnovamento della teologia fondamentale contemporanea: la persona umana come essere storico radicato nell’immanenza della sua storicità; come essere indigente, bisognoso di senso definitivo; come essere alla ricerca del dono di una parola e di un senso ultimo.

4. Conclusione

La credibilità ha dunque il compito di mostrare la rivelazione come una “proposta sensata” nella sua triplice dimensione: teologica; filosofico-storica; e filosofico-antropologica. Sarà così che si potrà affermare che «sono degne di fede (credibilia) le tue testimonianze, Signore», giacché in verità «è credibile/affidabile il Dio che ci ha chiamato a vivere nella comunione con il suo Figlio Gesù Cristo, nostro Signore» (1Cor 1,9).

 

HERNÁNDEZ, José Francisco. Elaborato sulla Tesi nº 4: L’atto di credere come “synthesis fidei” – Salvador Pié-Ninot. Pontificia Università Gregoriana Roma, 22 Maggio 2008.