Carta aos Sacerdotes – Congregação para o Clero

105-0514_IMGCaros Sacerdotes,

Na próxima solenidade do Sagrado Coração de Jesus (que será no dia 15 de junho de 2012) celebraremos, como de costume, a “ Jornada Mundial de Oração pela Santificação do Clero”.
A expressão da Escritura, «esta é a vontade de Deus: a vossa santificação !» (1Ts 4,3), mesmo que dirigida a todos os cristãos, refere -se de modo particular a nós, sacerdotes, que respondemos não apenas ao convite de “santificar -nos”, mas também àquele de nos tornarmos “ministros da santificação” para os nossos irmãos.
Em nosso caso, esta “vontade de Deus”, por assim dizer, redobrou -se, multiplicou-se ao infinito, e isto de tal modo que podemos e devemos obedecê -la em cada ação ministerial que levamos a cabo.
Este é o nosso magnífico destino: não podemos santificar-nos sem trabalhar pela santificação dos nossos irmãos, e não podemos trabalhar pela santificação dos nossos irmãos sem que primeiro tenhamos trabalhado e ainda trabalhemos em nossa própria santificação.
Introduzindo a Igreja no novo milênio, o Beato João Paulo II nos recordava a normalidade deste “ideal de perfeição”, que deve ser oferecido desde o início a todos: «Perguntar a um catecúmeno: “Queres receber o Batismo?” significa ao mesmo tempo perguntar-lhe: “Queres fazer-te santo?”»1.
Certamente, no dia da nossa Ordenação Sacerdotal, esta mesma pergunta batismal ressoou novamente em nosso coração, solicitando ainda a nossa resposta pessoal; mas esta nos foi feita, também, para que soubéssemos transmiti-la aos nossos fiéis, conservando-lhe a beleza e a preciosidade.

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Domingo de Páscoa – Ressurreição do Senhor

clerus

Recebido de Clerus.org (Congregação para o Clero)

Quão grande deve ter sido a admiração que expressaram os olhos de Maria Madalena! Quão grande o tremor ao ver a sepultura, onde estava o corpo Daquele que foi a causa da mudança de rumo fundamental e definitiva de sua vida, e que agora está aberta e vazia: “Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram”.

O corpo de Jesus era a última coisa que restava àquele pequeno grupo de pessoas, fascinados por Ele. Parecia que o poder daquela época tivesse vencido. E agora, aquele pequeno tesouro, contido num sepulcro destinado a estar fechado para todo o sempre, tinha sido “retirado”.

A preciosidade daquele corpo e daquele lugar é a única razão que poderia explicar a corrida de Pedro e João, quando apenas receberam a notícia da Madalena: agora, Jesus não estava mais com eles, tinham a necessidade de um sepulcro, junto ao qual poderiam chorar a perda do Mestre, e queriam estar certos que ninguém o tivesse profanado.

A passagem evangélica de hoje nos chama a atenção não pelas as coisas que nos são relatadas, mas por aquelas que não são descritas: não nos é dito como o Senhor ressuscitou e não nos é descrito como os discípulos o viram! O que realmente domina a cena é o “sepulcro vazio”.

viewTão logo entraram naquela cova cavada na pedra, deram-se conta de tudo o que havia acontecido: “Viu e creu” (Jo. 20,8). Mas o que viram? “As faixas de linho no chão, e o pano que tinha coberto a cabeça de Jesus: este pano não estava com as faixas, mas enrolado num lugar à parte” (Jo. 20,6-7). Em si, um fato banal, sem significado relevante, mas que foi suficiente para fazer com que os olhos de João se abrissem à verdade. “Ressuscitei e estarei sempre contigo” (Cf. Antifona de entrada), assim deve ter escutado, com o próprio coração, o discípulo amado!

Ademais, se paramos um momento para refletir, o Senhor continua a entrar em nossas vidas através dos encontros, gestos ou situações que, para a maior parte das pessoas, poderiam resultar insignificantes, mas que para nós assumem a mesma importância que tiveram aqueles panos de linho para o discípulo amado.

Depois de dois mil anos, aquele sepulcro está ainda vazio, mas diante de um acontecimento desses, cada um de nós é chamado a tomar uma decisão. Como fazê-lo de forma consciente, sem que sejam outros a decidirem por nós? Não nos servem grandes conhecimentos ou uma inteligência superior. Podemos ser testemunhas do Senhor Ressuscitado, podemos reconhecer no sinal das faixas ali deixadas, a sua ressurreição, somente se estamos dispostos a deixar que Ele entre em nossas vidas e as cumulem com o seu Espírito. Será a amizade com Cristo, a familiaridade com Ele, dia após dia, que nos levará a darmo-nos conta “de tudo o que Jesus fez” (At. 10,39) e nos ajudará a compreender que a esperança – de justiça, de bem, de bondade, de verdade, de beleza – que se ascendeu quando o encontramos, realmente se realizará.

O cristão não é um visionário ou um iludido, mas sim uma pessoa dotada de simplicidade de coração, a tal ponto que o leva a chamar as coisas pelo próprio nome e, dessa forma, o que para o mundo é uma “sepultura vazia”, para nós tornou-se o maior sinal da única Presença que pode satisfazer os anseios do nosso coração.

“Ressuscitei e estarei sempre contigo” é o que o Senhor, neste momento, está dizendo também a você!

Todas as citações bíblicas de www.clerus.org/bibliaclerusonline/

Dignidade e santidade no sacerdote

mons-mauro-piacenza“Deus Pai Todo-Poderoso, concede a estes vossos filhos a dignidade do presbiterato. Renova a efusão do vosso Espírito de santidade. Cumpram fielmente, ó Senhor, o ministério no segundo grau sacerdotal que de vós receberam e com o seu exemplo conduzam todos à íntegra conduta de vida”

 

Pontificale Romanum. De Ordinatione Episcopi, presbyterorum et diaconorum,

editio typica altera , Typis Polyglottis Vaticanis 1990

 

 

Cidade do Vaticano, 15 de janeiro de 2010.

 

 

Caríssimos irmãos no Sacerdócio

             A parte essencial da prece consecratória recorda-nos que o Sacerdócio é essencialmente um dom e, a partir da ótica do “dom sobrenatural”, contém uma dignidade que todos, fiéis leigos e clérigos, são sempre chamados a reconhecer. Trata-se de uma dignidade que não provém dos homens, mas que é puro dom da graça à qual foram chamados e que ninguém pode reivindicar como direito.

            A dignidade do presbiterato concedida pelo “Deus Pai Todo-Poderoso” deve transparecer na vida dos sacerdotes: na sua santidade, na humanidade acolhedora e cheia de humildade e caridade pastoral, na luminosidade da fidelidade ao Evangelho e à doutrina da Igreja, na sobriedade e solenidade da celebração dos Divinos Mistérios, no uso da veste eclesiástica! Tudo no sacerdote deve recordar a ele mesmo e ao mundo, que é destinatário de um dom não merecido e que, por sua vez, o faz ser presença eficaz do Absoluto no mundo, para a salvação dos homens.

            O Espírito de santidade, implorado para que se renove a sua efusão, é garantia para poder viver “em santidade” a vocação recebida e, contemporaneamente, condição da possibilidade de “cumprir fielmente o ministério”. A fidelidade é o encontro esplêndido entre a liberdade fiel de Deus e a liberdade criada e ferida do homem que, com a força do Espírito, torna-se sacramentalmente capaz de “conduzir todos à íntegra conduta de vida”: uma vida que seja realmente íntegra e que seja integralmente cristã.

            O Sacerdote, revestido pelo Espírito do Pai Onipotente, é chamado a “orientar” –  com o ensinamento e a celebração dos sacramentos e, sobretudo, com a própria vida – o caminho de santificação do povo a ele confiado, na certeza que este é o único fim para  o qual o próprio presbiterato existe: o Paraíso!

            O dom do Pai faz dos “filhos-Sacerdotes” homens prediletos; uma portio electa populi Dei, que é chamada a “ser eleita” e a resplandecer também pela santidade de vida e  pelo testemunho de fé.

            A memória do dom recebido e sempre renovado pelo Espírito e a proteção da Beata Virgem Maria, Serva do Senhor e Tabernáculo do Espírito Santo, ajudem a cada um dos sacerdotes a “cumprir fielmente” a própria missão no mundo, na espera do prêmio eterno reservado aos filhos eleitos, do qual são também herdeiros!

  

X Mauro Piacenza

Arcebispo tit. de Victoriana

Secretário

 Email recebido de sistema@cclergy.va enviado pela Congregação para o Clero www.clerus.org 

Estar estrictamente unidos a Cristo, Sumo Sacerdote

Dom Mauro Piacenza - Secretário da Congregação para o Clero

Dom Mauro Piacenza

      Vaticano a 15 de octubre de 2009

 

Queridos hermanos en el Sacerdocio:

             La única razón de nuestra vida y de nuestro ministerio es Jesús de Nazaret, Señor y Cristo. La existencia de los Sacerdotes tiene en Él y sólo en Él el propio origen y el propio fin y, en el tiempo, el total y entero desarrollo. El contacto íntimo y personal con Jesús Resucitado, vivo y presente, es realmente la única experiencia, que pude empujar a un hombre a darse totalmente a Dios por medio de los hermanos.

             Sabemos muy bien, queridísimos, en qué manera el Señor nos ha seducido, cómo su presencia haya sido en nosotros un hecho irresistible, como afirma el profeta: “Me has seducido, Señor, y me he dejado seducir, has hecho fuerza y has vencido! (Ger. 20,7). Esta seducción, como cualquier cosa preciosa, es necesaria que sea defendida, custodiada, protegida y alimentada con el fin de que no se pierda o, todavía peor, que no llegue a ser un frívolo recuerdo, insuficiente para resistir el golpe – tantas veces agresivo – de la realidad del mundo. La intimidad divina, origen de todo apostolado, es el secreto para guardar permanentemente la maravillosa presencia del Señor.

             Ante cualquier motivación, aunque buena, somos Sacerdotes para “estar estrictamente unidos a Cristo, Sumo Sacerdote”, unidos a Aquel que es nuestra única salvación, el Amado de nuestro corazón, la Roca sobre la cual construimos cada momento de nuestro ministerio, Aquel que es más íntimo que nosotros mismos y al que más deseamos. Cristo, Sumo Sacerdote, nos atrae hacia sus adentros. Esta unión con Él, que es el Sacramento del Orden, lleva en sí la participación a su ofrecimiento: “Unirse a Cristo supone la renuncia. Hace que no queramos imponer nuestro camino y nuestra voluntad; que no queramos llegar a ser esto u lo otro, sino que nos abandonamos a El, dónde y en el modo en el que El quiera servirse de nosotros” (Benedicto XVI, Homilía en la Santa Misa Crismal, 9.IV.2009). La expresión “estar unidos” nos recuerda que todo esto no es obra nuestra, fruto de nuestro esfuerzo voluntario, sino obra de la Gracia en nosotros: Es el Espíritu Santo que nos configura ontológicamente a Cristo Sacerdote y nos da  la fuerza a fin de perseverar hasta el fin en esa participación a la vida y por eso es obra divina. La “víctima pura”, que es Cristo Señor, llama a cada uno al insustituible valor del celibato, que implica la perfecta continencia por el Reino de los cielos y aquella pureza, que hace que sea “agradable a Dios” nuestra entrega a favor de los hombres.

             La intimidad con Jesucristo y la protección de la Beata Virgen María – “toda bella” y “toda pura” – nos sostengan en nuestro diario camino de participación a aquella Obra de Otro, en que consiste el ministerio sacerdotal, sabiendo que tal participación es portadora de salvación sobre todo para nosotros que la vivimos: Cristo es, en tal sentido, nuestra vida.

 X Mauro Piacenza

Arzobispo titular de Vittoriana

Secretario

 

Reflexiones del Arzobispo Secretario

Recibido de: <sistema@cclergy.va>

www.clerus.org

Consumir toda a própria existência no anúncio de Jesus Cristo

Como faz mensalmente, Dom Mário Piaceza (Secretário da Congregação para o Clero) apresenta profundas reflexões sobre o sentido do sacerdócio, e neste mês elas se centram no compromisso, que deve ser realizado de maneira digna e sábia.

Vaticano, 12 de setembro de 2009

Caríssimos irmãos no Sacerdócio,

A «Nova evangelização» exige de cada um de nós, a um compromisso sempre renovado de apostolado e anúncio. O mandato do Senhor aos Apóstolos é, neste sentido, explícito e inequivocável: «Ide ao mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado, será salvo» (Mc. 16,15-16a). O compromisso assumido durante a ordenação sacerdotal é exatamente aquele de “realizar o ministério da palavra”, ou seja, consumir toda a própria existência no anúncio de Jesus Cristo, Verbo incarnado, morto e ressuscitado, resposta única e autêntica às exigências do coração humano.

A solicitude no “serviço da palavra” não pode ser simplesmente de alguns sacerdotes, particularmente sensíveis a tal dimensão, mas é a característica própria e irrenunciável do ministério presbiteral, constituindo a parte essencial do munus docendi, que foi recebido através do sacramento da Ordem, pela ação do Espírito Santo.

O rito prevê o compromisso de realizar este serviço de maneira “digna” e “sábia”. A dignidade reenvia imediatamente ao objeto do anúncio: Jesus Cristo Salvador. Nenhum presbítero anuncia a si mesmo ou as próprias idéias, nem mesmo interpretações personalistas ou subjetivas do único e eterno Evangelho. Somos chamados a reconhecer a suprema “dignidade” Daquele que nos tornamos portadores e, por conseguinte, somos chamados a realizar tal serviço de forma “digna”. Tal consciência traduz-se no compromisso de um aprofundamento constante das Sagradas Escrituras, «Palavra de Deus enquanto (…) colocada por escrito sob a inspiração do Espírito Santo» (Dei Verbum, 9). Certamente, este aprofundamento é exegético-teológico, mas principalmente, espiritual. O verdadeiro conhecimento das Escrituras é aquele do coração, que nasce da quotidiana intimidade com as mesmas, da Lectio divina, feita no álveo da Tradição dos Padres, da meditação profunda que, gradualmente, mas eficazmente, conforma a alma ao Evangelho, transformando cada sacerdote em um “evangelho vivente”. Nós bem sabemos que “o Evangelho não é só palavra, mas o próprio Cristo é o Evangelho” (Bento XVI, Homilia, 12/09/09) e a Ele somos chamados a conformar-nos, também através do exercício do ministério do anúncio.

Juntamente com a dignidade de tal serviço, a Sacra Liturgia indica a “sabedoria” como característica. Tal característica, pressupõe a prudência e a capacidade de olhar a realidade segundo a totalidade dos seus fatores, sem absolutizar o ponto de vista humano, mas sempre em referência ao Único e Absoluto que é Deus. Uma pregação sábia leva em consideração, antes de tudo, as reais exigências daqueles aos quais se dirige, nunca impondo interpretações arbitrárias e insuficientes, mas sempre favorecendo a única coisa que realmente é necessária: o real encontro dos irmãos que a nós foram confiados com Deus. A sabedoria é capaz de distinguir circunstâncias, tempos e modos, é humilde e não coloca o pregador acima Daquele que deve anunciar e, muito menos acima da Igreja, que há mais de dois mil anos conserva o Evangelho.

Enfim, realizar de maneira sábia o “ministério da palavra” significa estar sempre claramente conscientes da obra de Deus em todo anúncio: é Ele que prepara os corações, é Ele que vai ao encontro dos homens, é Ele que faz desabrochar as flores de conversão e amadurecer os frutos da caridade. O Único “relativismo” que se admite é aquele que diz respeito a nós mesmos: devemos ser, como pregadores, totalmente “relativos a Deus”!

Dessa forma, descobriremos a eficácia e a beleza do ministério que nos foi confiado. Através do anúncio da Palavra, nos conscientizaremos daquela companhia íntima do Senhor, que ama quem dá com alegria e nunca abandona o seu servo, e contemplaremos, cheios de comoção, os frutos que Ele permitir e sentiremos a Sua companhia também nos momentos de Cruz.

Mauro Piacenza
Arcebispo Titular de Vittoriana
Secretário