O verdadeiro sentido do Natal – O que comemoramos nesta data?

Diác. Carlos Adriano, EPpresepio

Nas vésperas desta magna festa da Igreja – o Natal – que se aproxima cada vez mais, teceremos uma breve consideração teológica a respeito da comemoração da Natividade de Jesus.

            Ao celebrarmos uma data, temos em vista homenagearmos alguém, ou trazermos à memória um acontecimento concreto. Infelizmente, a festividade solene do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo vem sendo celebrada por muitos, sem que se tenha presente o seu verdadeiro sentido. Com frequência, o aniversariante desta solenidade instituída pela Igreja, não é ao menos recordado nas diversas festas que se dão entre os dias 24 e 25 de dezembro, em todas as partes do mundo. Pelo contrário, em muitos lugares ele é completamente esquecido, por vezes desprezado, e até mesmo ofendido. E é por isso que convém aos cristãos terem profundo conhecimento a propósito das diversas datas que a liturgia da Igreja exalta, entre elas, a que celebra o nascimento do Verbo Encarnado.

 

            Jesus, nome dado pelo anjo Gabriel ao anunciar a Maria Santíssima que ela conceberia o Filho de Deus, exprime ao mesmo tempo a identidade e a missão daquele que viria. Em hebraico quer dizer “Deus salva”. Jesus vem à terra para salvar os homens do pecado.[1]

            Por que Jesus é também chamado Cristo? O Catecismo da Igreja nos responde: “Cristo” em grego, “Messias” em hebraico, significa “ungido”. Jesus é o Cristo porque é consagrado por Deus, ungido pelo Espírito Santo para a missão redentora. Ele é o Messias esperado por Israel, enviado ao mundo pelo Pai. Jesus aceitou o título de Messias, precisando, porém, o seu sentido: “descido do céu” (Jo 3, 13), crucificado e depois ressuscitado, Ele é o Servo Sofredor “que dá a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20, 28). Do nome Cristo é que veio para nós o nome de cristãos.

            Jesus Cristo, a quem comemoramos o nascimento no Natal, é o Filho de Deus que se Encarnou no seio da Virgem Maria, por obra do Espírito Santo. Ele é inseparavelmente verdadeiro Deus e verdadeiro Homem na unidade da sua Pessoa divina. Ele fez-se verdadeiramente nosso irmão, sem com isso deixar de ser Deus, Nosso Senhor.[2]

 

            Os homens foram criados para terem, como fim último, a eterna bem-aventurança, o convívio com Deus face a face para todo o sempre. O próprio Deus, ao criar o homem, inscreve em seu coração o desejo de vê-lO.[3]

            Contudo, o homem, deixou que se apagasse em seu coração a confiança em relação a seu Criador e desobedeceu-O. Nesta desobediência a Deus, denominada pecado, o homem coloca o seu coração nas coisas temporais em detrimento de Deus, perde a graça e a santidade, e, portanto, a herança que lhe é reservada, impedindo assim o convívio com Deus, para os qual todos são chamados.

            O Natal é a comemoração da vinda d’Aquele que redime e salva os homens do pecado, convocando-os para sua Igreja e tornando-os filhos adotivos de Deus. E tal como um filho recebe uma herança de seu pai, também os homens são pela Encarnação elevados à dignidade de filhos de Deus e de herdeiros do Céu. 

            Uma vez conhecido o homenageado neste tempo litúrgico, e algumas consequências de sua vinda à terra, enchamo-nos de santo júbilo nesta comemoração. Sigamos os dizeres de Bento XVI, Papa felizmente reinante, ao conduzirmos nosso estado de espírito para a festa que se aproxima, com a alegria da qual Maria Santíssima nos deu exemplo.

 

A alegria pelo fato de que Deus se fez Menino. Esta alegria, invisivelmente presente em nós, encoraja-nos a caminhar com confiança. Modelo e ajuda deste íntimo júbilo é a Virgem Maria, por meio da qual nos foi oferecido o Menino Jesus. Que Ela, discípula fiel do seu Filho, nos conceda a graça de viver este tempo litúrgico vigilantes e diligentes na esperança.[4]

 


[1] Cf. CEC 430

[2] Cf. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 85 e 87.

[3] Cf. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 2.

[4]CELEBRAÇÃO DAS VÉSPERAS DO PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO, HOMILIA DO PAPA BENTO XVI, Basílica Vaticana, Sábado, 28 de Novembro de 2009.