“Levantar e ir em missão”, pede Dom Claudio Hummes aos sacerdotes

D Claudio Hummes2Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 09-06-2010, Gaudium Press) “Sejam bem-vindos! Aqui em Roma nós os amamos e os reconhecemos por aquilo que são e por aquilo que fazem como presbíteros na vida e na missão da Igreja”. Foi com essa calorosa saudação que o prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Claudio Hummes, recebeu os sacerdotes que chegaram em Roma para as celebrações da conclusão do Ano Sacerdotal, que começam hoje e terminam na próxima sexta-feira na solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Para essa ocasião se espera a maior concelebração da história da Igreja, cerca de 15 mil sacerdotes do mundo todo reunidos.

O “renovar em cada um dos presbíteros a consciência e a atuação de sua verdadeira identidade sacerdotal e de sua espiritualidade específica” foi o objetivo do Ano Sacerdotal anunciado no ano passado pelo Santo Padre, como fez questão de salientar o cardeal Hummes. “Levantar e ir em missão” é o chamado para os sacerdotes de hoje.

 Segundo o purpurado, humilde, confiante e honrado é a imagem que todo sacerdote deveria passar em sua missão na Igreja, a todos os fiéis. O mundo precisa de “cristianização” nos países ocidentais já cristãos há séculos e que estão perdendo a fé e de também uma nova evangelização nos países onde o cristianismo ainda não é muito difundido, prossegiu.

Essa missão sacerdotal, para Dom Cláudio, deve acontecer primeiro com os mais pobres. “Esses são marginalizados e excluídos do altar dos bens materiais, sociais, culturais e frequentemente também o altar dos bens espirituais”, diz o cardeal Hummes, recordando que são eles os “destinatários privilegiados do Evangelho”.

Dom Mauro Piacenza, secretário da Congregação para o Clero, disse aos que estavam presentes à Basílica lateranense na adoração eucarística que para cada um deles a Igreja é Mãe e Esposa, “por cada um exulta, com cada um geme e em cada um confia”. Os sacerdotes são “aqueles escolhidos”, “amados” e envolvidos especialmente na Eucaristia por Jesus, explicou.

A cidade de Roma, nestes dias, até a próxima sexta-feira, será dominada pela numerosa presença de sacerdotes e religosas. As primeiras estatísticas registram a cifra de 9689 presenças nas celebrações da conclusão do Ano Sacerdotal. A América Latina é representada, atpe agora, pela Argentina com 88 padres, pelo Brasil com 194, pelo Chile com 32, pela Colômbia com 300, pelo Equador com 41, por Honduras com 32, pelo México com 198, pelo Paraguai com 60, pelo Perú com 3, pelo Uruguai com 8 e pela Venezuela com 29.

O ENCERRAMENTO DO ANO SACERDOTAL

D Claudio HummesCaros Presbíteros,

         A Igreja sem dúvida está muito feliz com o Ano Sacerdotal e agradece ao Senhor por haver inspirado o Santo Padre a decidir sua realização. Todas as informações que chegam aqui a Roma sobre as numerosas e multíplices iniciativas programadas pelas Igrejas locais no mundo inteiro para realizar este ano especial constituem a prova de como foi bem recebido e – podemos dizer – correspondeu a um verdadeiro e profundo anseio dos presbíteros e de todo o povo de Deus. Estava na hora de dar uma atenção especial de reconhecimento e de empreendimento em favor do grande, laborioso e insubstituível presbitério e de cada presbítero da Igreja.

         É verdade que alguns, mas proporcionalmente muito poucos, presbíteros, cometeram horríveis e gravíssimos delitos de abuso sexual contra menores, fatos que devemos rejeitar e condenar de modo absoluto e intransigente. Devem eles responder diante de Deus e diante dos tribunais, também civis. Mas estamos antes de tudo do lado das vítimas e queremos dar-lhes apoio tanto na recuperação como em seus direitos ofendidos.

         Por outro lado, os delitos de alguns não podem absolutamente ser usados para manchar o inteiro corpo eclesial dos presbíteros. Quem o faz, comete uma clamorosa injustiça. A Igreja, neste Ano Sacerdotal, procura dizer isto à sociedade humana. Qualquer pessoa de bom senso e boa vontade o entende.

         Dito necessariamente isso, voltamos a vós, caros presbíteros. Queremos dizer-vos, mais uma vez, que reconhecemos o que sois e o que fazeis na Igreja e na sociedade. A Igreja vos ama, vos admira e vos respeita. Sois também alegria para nossa gente católica no mundo, que vos acolhe e apoia, principalmente nestes tempos de sofrimentos.

        Daqui a dois meses chegaremos ao encerramento do Ano Sacerdotal. O Papa, caros sacerdotes, convida-vos de coração a vir de todo o mundo a Roma para este encerramento nos dias 9, 10 e 11 de junho próximo. De todos os países do mundo. Dos países mais próximos de Roma dever-se-ia poder esperar milhares e milhares, não é verdade? Então, não recuseis o convite premuroso e cordial do Santo Padre. Vinde e Deus vos abençoará. O Papa quer confirmar os presbíteros da Igreja. A vossa presença numerosa na Praça de São Pedro constituirá também uma forma propositiva e responsável de os presbíteros se apresentarem, prontos e não intimidados, para o serviço à humanidade, que lhes foi confiado por Jesus Cristo. A vossa visibilidade na praça, diante do mundo hodierno, será uma proclamação do vosso envio não para condenar o mundo, mas para salvá-lo (cfr. Jo 3,17 e 12,47). Em tal contexto, também o grande número terá um significado especial.

         Para essa presença numerosa dos presbíteros no encerramento do Ano Sacerdotal, em Roma, há ainda um motivo particular, que a Igreja hoje tem muito a peito. Trata-se de oferecer ao amado Papa Bento XVI nossa solidariedade, nosso apoio, nossa confiança e nossa comunhão incondicional, diante dos frequentes ataques que lhe são dirigidos, no momento atual, no âmbito de suas decisões referentes aos clérigos incursos nos delitos de abuso sexual contra menores. As acusações contra o Papa são evidentemente injustas e foi demonstrado que ninguém fez tanto quanto Bento XVI para condenar e combater corretamente tais crimes. Então, a presença massiva dos presbíteros na praça com Ele será um sinal forte da nossa decidida rejeição dos ataques de que é vítima. Portanto, vinde também para apoiar o Santo Padre.

         O encerramento do Ano Sacerdotal não constituirá propriamente um encerramento, mas um novo início. Nós, o povo de Deus e os pastores, queremos agradecer a Deus por este período privilegiado de oração e de reflexão sobre o sacerdócio. Ao mesmo tempo, propomo-nos de estar sempre atentos ao que o Espírito Santo quer nos dizer. Entretanto, voltaremos ao serviço de nossa missão na Igreja e no mundo com alegria renovada e com a convicção de que Deus, o Senhor da história, fica conosco, seja nas crises seja nos novos tempos.

         A Virgem Maria, Mãe e Rainha dos sacerdotes, interceda por nós e nos inspire no seguimento de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. 

Roma, 12 de abril de 2010.

Cardeal Cláudio Hummes

Arcebispo Emérito de São Paulo

Prefeito da Congregação para o Clero

Papa convida sacerdotes a participarem do Encontro Internacional de Sacerdotes em Roma, por ocasião da conclusão do Ano Sacerdotal

papa-comunhao“O Ano Sacerdotal seja uma ocasião a mais para os religiosos presbíteros, para intensificar o caminho de santificação e, para todos os consagrados e as consagradas, um estímulo para acompanhar e apoiar o seu ministério com fervorosa oração. Este ano de graça terá um momento culminante em Roma, no mês de junho próximo, no encontro internacional dos sacerdotes, ao qual convido todos os que exercem o Sagrado Ministério”.

 

PAPA BENTO XVI, 

Homilia na Celebração das Vésperas da Festa da

Apresentação do Senhor, 2 de fevereiro de 2010

  

  Ano SacerdotalCongresso internacional de sacerdotes

Roma, 9-11 de junho de 2010

  “FIDELIDADE DE CRISTO, FIDELIDADE DO SACERDOTE”

 

1. PROGRAMAÇÃO OFICIAL

 

09 de junho de 2010, quarta-feira

                                                           Basílica de São paulo fora dos muros

“ Conversão e Missão”

9h                              Invocação do Espírito Santo

Conferência do Em.mo Card. Joachim Meisner, Arcebispo de Köln

Adoração Eucarística, com possibilidade de confissões

Celebração da Santa Missa presidida pelo Em.mo Card. Cláudio Hummes, Prefeito da Congregação para o Clero

 

10 de junho de 2010, quinta-feira

                                                           Basílica de santa maria maior

“ O Cenáculo: invocação do Espírito Santo com Maria,  em comunhão fraterna”

 

9h                             Invocação do Espírito Santo

Conferência do Em.mo Card. Marc Ouellet, Arcebispo de Québec

Adoração Eucarística, com possibilidade de confissões

Celebração da Santa Missa presidida pelo Em.mo Card. Tarcisio Bertone, Secretário de Estado de Sua Santidade

                  

à noite                    Encontro na PRAÇA DE SÃO PEDRO

Vigília

Testemunhos e momentos musicais

Diálogo com S. S. Bento XVI

Adoração e bênção eucarística

    

11 de junho de 2010, sexta-feira – Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

                                                                                        Basílica de São Pedro

“Com Pedro, em comunhão eclesial”

de manhã             Celebração da Santa Missa presidida pelo S.S. Bento XVI

Para as celebrações eucarísticas é necessário trazer TÚNICA E ESTOLA BRANCA

 

O PRESENTE PROGRAMA PODERÁ  SOFRER  VARIAÇÕES E/OU INTEGRAÇÕES

2.     Ficha de Inscrição para o congresso 

 Para obter o Programa e a Ficha de Inscrição, clicar aqui http://www.annussacerdotalis.org/clerus/allegati/2212/PROGRAMACAO_FICHA%20DE%20INSCRICAO.doc

 

“O Padre não se tornará homem de Deus se não for homem de oração”, afirma Cardeal Hummes

d-claudio-hummesItaici (Quinta, 04-02-2010, Gaudium Press) O arcebispo emérito de São Paulo e prefeito da Congregação para o Clero, Dom Cláudio Hummes enviou ontem (3) uma mensagem especial aos mais de 500 padres reunidos em Itaici, em Indaiatuba (SP), onde se realiza o 13º Encontro Nacional de Presbíteros (ENP).

Na carta, dirigida particularmente aos participantes do ENP, Cardeal Hummes aborda o tema do Ano Sacerdotal vivido pela Igreja, “Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote!”, e recorda o desejo do Papa Bento XVI de que este ano especial seja “um tempo de profunda renovação interior dos sacerdotes”.

Segundo o cardeal, ser pastor segundo o coração de Deus é o “grande desafio” para os sacerdotes de todos os tempos, constituindo, dessa maneira, o “maior tesouro que o nosso Pai poderia oferecer aos fiéis de nossas comunidades”.

O prelado ressalta ainda que o sacerdote só será “Bom Pastor” na medida em que, através do exercício diário do seu ministério, se dedique “integralmente a Cristo e, por Ele, com Ele e Nele, aos irmãos, em total fidelidade”.

Para o cardeal, o povo brasileiro deseja “vivamente” que seus sacerdotes sejam “homens de Deus” e “homens de oração”. Dessa forma, na vida dos sacerdotes a oração e a intimidade com Deus são “essenciais e insubstituíveis”.

“A oração na vida do presbítero ou ocupa um lugar central ou será um belo ideal, distante de ser concretizado”, assinalou o cardeal. Se o trabalho pastoral não for precedido de oração, perderá seu valor e eficácia.

Cardeal Hummes recordou, ainda, o “Encontro Internacional de Sacerdotes” com o Papa Bento XVI, em Roma, que será realizado nos dias 9, 10 e 11 junho desse ano. Sobre o evento, convidou todos os padres a participar desse “marcante gesto de comunhão eclesial”.

Ao final da mensagem, o Cardeal Cláudio Hummes exortou todos os sacerdotes a viver o Ano Sacerdotal: “Grande é o dom da vossa vocação e urgente um novo ardor missionário a fazer-se presente no coração sacerdotal de cada um de vós”.

Homilía Card. Cláudio Hummes para los nuevos obispos del mundo

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ALGUNOS PÁRRAFOS DE LA HOMILÍA DEL CARDENAL

CLÁUDIO HUMMES, EL 21.IX.2009, EN LA REUNIÓN

DE LOS NUEVOS OBISPOS DE TODO EL MUNDO REUNIDOS EN ROMA

Queridos hermanos Obispos:

Estamos celebrando el Año Sacerdotal. También los Presbíteros, como ministros ordenados y principales colaboradores de su respectivo Obispo, están sacramentalmente unidos a la misión apostólica. Este año especial ha sido convocado por el Santo Padre a favor de los Presbíteros a motivo de que ellos non son sustituibles y de su importancia en la Iglesia. Como tales, hoy tienen una particular necesidad de ser sostenidos y de llegar a una renovación espiritual y pastoral. Es por eso que fraternalmente quisiera proponeros el estar muy cercanos a vuestros Presbíteros, rezar por ellos y con ellos. El Santo Padre desea, con gran intensidad de corazón, que este Año Sacerdotal sea bien recibido y bien realizado por parte de los Obispos en sus diócesis. Nuestros Presbíteros sienten la necesidad de sentirse amados y sostenidos en su vocación y misión, sobre todo por parte de su Obispo y de su comunidad. Quieren ser reconocidos por aquello que son y por lo que hacen. También tienen necesidad de ser ayudados y orientados con el fin de poder renovar en sus corazones la verdadera identidad del sacerdocio y el verdadero sentido del celibato. En este contexto será decisivo renovar y fortalecer su espiritualidad presbiteral, que encuentra su fundamento en el ser verdaderos e incondicionales discípulos de Jesucristo, quien les ha configurado a El, Cabeza y Pastor de la Iglesia. A favor de este modo de ser discípulos, en tal modo determinante en su vida, sirve tantísimo a los Presbíteros la escucha y la lectura orante de la Palabra de Dios, la celebración diaria de la Santa Misa, la recepción frecuente del Sacramento de la Confesión, el rezo de la Liturgia de las Horas, la visita frecuente al Santísimo Sacramento, la plegaria del Rosario y otros medios para enriquecerse espiritualmente y de encuentro e intimidad personal con Jesucristo. También son muy importantes los Ejercicios Espirituales y la formación permanente.

Además hay que suscitar la conciencia misionaria de los Presbíteros. La Iglesia sabe que existe una urgencia misionaria en todo el mundo, pero non sólo ad gentes, sino también al interno del mismo rebaño de la Iglesia, ya establecida desde siglos en los países del mundo cristiano. Hay que promover en nuestras diócesis y en nuestras parroquias un verdadero afán misionario. Todos nuestros países son ahora tierra de misión en sentido estricto de la palabra. Es necesario encender en nuestros presbíteros y en nosotros mismos un nuevo fuego, una nueva pasión para alzarse e ir al encuentro de las personas, allí donde viven y trabajan, para llevarles de nuevo el Kerigma, el primer anuncio de la persona de Jesucristo, muerto y resucitado y de su Reino, conduciéndoles a un encuentro personal primero y después comunitario con el Señor. Benedicto XVI, nuestro amado Papa, refiriéndose a la situación de nuestros países de secular tradición cristiana ha dicho: “Debemos reflexionar seriamente sobre el modo en el que hoy podamos realizar una verdadera evangelización, no sólo una nueva evangelización sino muchas veces una verdadera y propriamente primera evangelización. […] No es suficiente el que nosotros busquemos el modo de conservar la grey ya existente” (discurso a los Obispos alemanes, 21.VIII.2005) sino que tenemos necesidad de una verdadera misión. No basta acoger a las personas que nos vienen a las parroquias o a las rectorías. Es necesario urgentemente levantarse y andar a la búsqueda, ante todo, de tantísimos bautizados, que se han alejado de la participación a la vida de nuestras comunidades y, después, hacia todos aquellos que poco o nada conocen a Jesucristo. La misión ha renovado siempre a la Iglesia. Lo mismo acontece a los Presbíteros cuando van a la misión. He aquí todo un programa a desarrollar en este Año Sacerdotal.

Cardenal Cláudio Hummes

Arzobispo Emérito de San Pablo

Prefecto de la Congregación para el Clero

Carta de Dom Claudio Hummes aos presbíteros

Jesus disse: “Eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo” (Jo 12,47).

Caros Presbíteros,

A atual cultura ocidental dominante, sempre mais difundida em todo o mundo, através da mídia global e da mobilidade humana, também nos países de outras culturas, apresenta novos desafios, não pouco empenhativos, para a evangelização. Trata-se de uma cultura marcada profundamente por um relativismo que recusa toda afirmação de uma verdade absoluta e transcendente e, em consequência, arruina também os fundamentos da moral e se fecha à religião. Dessa forma, perde-se a paixão pela verdade, relegada a uma “paixão inútil”. Jesus Cristo, no entanto, apresenta-se como a Verdade, o Logos universal, a Razão que ilumina e explica tudo o que existe. O relativismo, ademais, vem acompanhado de um subjetivismo individualista, que põe no centro de tudo o próprio ego. Por fim, chega-se ao niilismo, segundo o qual não há nada nem ninguém pelo qual vale a pena investir a própria inteira vida e, portanto, a vida humana carece de um verdadeiro sentido. Todavia, é preciso reconhecer que a atual cultura dominante, pós-moderna, traz consigo um grande e verdadeiro progresso científico e tecnológico, que fascina o ser humano, principalmente os jovens. O uso deste progresso, infelizmente, não tem sempre como escopo principal o bem do homem e de todos os homens. Falta-lhe um humanismo integral, capaz de dar-lhe seu verdadeiro sentido e finalidade. Poderíamos referir-nos ainda a outros aspectos dessa cultura: consumismo, libertinagem, cultura do espetáculo e do corpo. Não se pode, porém, não frisar que tudo isso produz um laicismo, que não quer a religião, faz de tudo para enfraquecê-la ou, ao menos, relegá-la à vida particular das pessoas.

Essa cultura produz uma descristianização, por demais visível, na maioria dos países cristãos, especialmente no Ocidente. O número das vocações sacerdotais caiu. Diminuiu também o número dos presbíteros, seja pela falta de vocações seja pelo influxo do ambiente cultural em que vivem. Tais circunstâncias poderiam conduzir-nos à tentação de um pessimismo desencorajante, que condena o mundo atual, e induzir-nos à retirada para a defensiva, nas trincheiras da resistência.

Jesus Cristo, ao invés, afirma: “Eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo” (Jo 12,47). Não podemos nem desencorajar-nos nem ter medo da sociedade atual nem simplesmente condená-la. É preciso salvá-la! Cada cultura humana, também a atual, pode ser evangelizada. Em cada cultura há “sementes do Verbo”, como aberturas para o Evangelho. Certamente, também na nossa atual cultura. Sem dúvida, também os assim chamados “pós-cristãos” poderiam ser tocados e reabrir-se, caso fossem levados a um verdadeiro encontro pessoal e comunitário com a pessoa de Jesus Cristo vivo. Em tal encontro, cada pessoa humana de boa vontade pode, por Ele, ser alcançada. Ele ama a todos e bate à porta de todos, porque quer salvar a todos, sem exceção. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida, para todos. É o único mediador entre Deus e os homens.

Caríssimos Presbíteros, nós, pastores, nos tempos de hoje, somos chamados com urgência à missão, seja “ad gentes”, seja nas regiões dos países cristãos, onde tantos batizados afastaram-se da partecipação em nossas comunidades ou, até mesmo, perderam a fé. Não podemos ter medo nem permanecer quietos em casa. O Senhor disse a seus discípulos: “Por que tendes medo, homens fracos na fé?” (Mt 8, 26). “Não se acende uma lâmpada e se coloca debaixo do alqueire, mas no candieiro, para que ilumine a todos os que estão na casa” (5,15). “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). “Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28,20).

Não lançaremos a semente da Palavra de Deus apenas da janela de nossa casa paroquial, mas sairemos ao campo aberto da nossa sociedade, a começar pelos pobres, para chegar também a todas as camadas e instituições sociais. Iremos visitar as famílias, todas as pessoas, principalmente os batizados que se afastaram. Nosso povo quer sentir a proximidade da sua Igreja. Faremo-lo, indo à nossa sociedade com alegria e entusiasmo, certos da presença do Senhor conosco na missão e certos de que Ele baterá à porta dos corações aos quais O anunciarmos.

Cardeal Cláudio Hummes

Arcebispo Emérito de São Paulo

Prefeito da Congregação para o Clero