O homem é, por natureza e por vocação, um ser religioso

Pe Pedro EPPe. Alex Barbosa de Brito, EP

O homem é, por natureza e por vocação, um ser religioso. Porque provém de Deus e para ele caminha, o homem só vive uma vida plenamente humana se viver livremente sua relação com Deus.O homem é feito para viver em comunhão com Deus, no qual encontra sua felicidade: “Quando eu estiver inteiramente em Vós, nunca mais haverá dor e provação; repleta de Vós por inteiro, minha vida será verdadeira” (Santo Agost., Conf. 10,28,39). (CATECISMO, 2001: 26)

“O homem é, por natureza e por vocação, um ser religioso” (CATECISMO, 2001: 26). Por natureza porque tendo sede do infinito, nunca se satisfaz inteiramente com as criaturas que se lhe apresentam pelos sentidos, por serem estas relativas e finitas. O homem tem sede natural de algo absoluto e transcendente que o tome por inteiro, em todas as suas potências, e na própria essência mesma de sua alma de modo eterno e infinito.

Por vocação, pois se o mesmo Deus criou a humanidade com esse instinto que a estimula a procurá-lo é porque de fato deseja que o faça, visto ser próprio da Sabedoria Divina não fazer nada sem uma finalidade. Esse desejo do absoluto no homem constitui, portanto, um chamado posto em sua própria natureza, sendo um sinal infalível de sua vocação religiosa.

Levando em consideração o que foi dito acima, fica fácil compreendermos o que é afirmado no parágrafo seguinte: “O homem é feito para viver em comunhão com Deus, no qual encontra sua felicidade”. (CATECISMO, 2001: 26)

Eis o que demonstra a este respeito São Tomás:

A beatitude última e perfeita, não pode estar senão na visão da divina essência, para a evidência do que duas cousas se devem considerar. A primeira é que o homem não é perfeitamente feliz, enquanto lhe resta algo a desejar e a buscar. A segunda é que a perfeição é relativa à natureza do seu objecto. Ora, o objecto do intelecto é a qüididade, i.é, a essência da cousa, como diz Aristóteles. Por onde, a perfeição do intelecto esta na razão directa do seu conhecimento da essência de uma cousa. De um intelecto, pois, que conhece a essência de um efeito sem poder conhecer, por ele, o que a causa essencialmente é, não se diz que atinge a causa em sim mesma, embora possa, pelo efeito, saber se ela existe. Por onde, permanece naturalmente no homem o desejo de também saber o que é a causa, depois de conhecido o efeito e de sabido que tem causa. E tal desejo é o de admiração e provoca a indagação, como diz Aristóteles. […] Se, pois, o intelecto humano, conhecendo a essência de um efeito criado, somente souber que Deus existe, a sua perfeição ainda não atingiu a causa primeira. E assim, terá sua perfeição pela união com Deus como o objeto em que só consiste a beatitude do homem conforme já se disse. (AQUINO, I-II Q. 3, A. 8, REP, 1980: 1057 , grifo nosso)

Entretanto, embora Deus tenha criado a humanidade com tais anseios naturais, estes são insuficientes para produzir de um modo perfeito esta relação, pela incapacidade da natureza humana acrescida pelas conseqüências do pecado original. É o que afirma o Doutor Angélico a respeito da Doutrina Sagrada:

Para a salvação do homem, é necessária uma doutrina, conforme à revelação divina, além das filosóficas, pesquisadas pela razão humana. Porque, primeiramente o homem é por Deus ordenado a um fim que lhe excede a compreensão racional […]. Ora, o fim deve ser previamente conhecido pelos homens, que para ele têm de ordenar as intenções e atos. De sorte que, para a salvação do homem, foi preciso, por divina revelação, tornarem-se-lhe conhecidas certas verdades superiores à razão. Mas também, naquilo que de Deus pode ser investigado pela razão humana, foi necessário ser o homem instruído pela revelação divina. Porque a verdade sobre Deus, exarada pela razão, por poucos chegaria aos homens, depois de longo tempo e de mistura com muitos erros. ( AQUINO, I Q. 1, A1, REP, 1980: 2)

Faz-se necessária, portanto, uma intervenção da própria Divindade, revelando-se em seu Mistério Trinitário como afirma o Catecismo (2001: 27):

Mediante a razão natural, o homem pode conhecer a Deus com certeza a partir de suas obras. Mas existe outra ordem de conhecimento que o homem de modo algum pode atingir por suas próprias forças, a da Revelação divina (Cf. Conc. Vaticano I: DS 3015). Por uma decisão totalmente livre, Deus se revela e se doa ao homem. Fá-lo revelando seu mistério, seu projeto benevolente, que concebeu desde toda a eternidade em Cristo em prol de todos os homens. Revela plenamente seu projeto enviando seu Filho bem-amado, Nosso Senhor Jesus Cristo, e o Espírito Santo.

A respeito da finalidade dessa Revelação, eis o que acrescenta a mesma obra:

Deus, que “habita uma luz inacessível” (1Tm 6,16), quer comunicar sua própria vida divina aos homens, criados livremente por ele, para fazer deles, no seu Filho único, filhos adotivos (Cf. Ef 1,4-5). Ao revelar-se, Deus quer tornar os homens capazes de responder-lhe, de conhecê-lo e de amá-lo bem além do que seriam capazes por si mesmos. (CATECISMO, 2001: 28).

Como se observa no trecho acima, o fim da Revelação consiste no fato de o homem participar da própria vida divina, com os devidos socorros de Deus para torná-lo capaz de empresa tão além de suas forças. Essa vida divina faz com que a natureza humana torne-se intimamente unida a Deus, através da adoção filial, por meio de Jesus Cristo.

O motivo da Revelação é o amor de Deus: “Por amor, Deus revelou-se e doou-se ao homem”. (CATECISMO, 2001: 32).

Qual deve ser a resposta do homem a esse amor que Deus lhe manifesta pela Revelação? Encontrá-la-emos novamente no Catecismo (2001: 48): ”A resposta adequada a este convite é a fé. Pela fé, o homem submete completamente sua inteligência e sua vontade a Deus”.

Tal fé como fundamento da santidade traz como conseqüência o agir corretamente, como está no Catecismo (2001: 468): “Quem crê em Cristo torna-se Filho de Deus. Esta adoção filial o transforma, propiciando-lhe seguir o exemplo de Cristo. Ela torna-o capaz de agir corretamente e de praticar o bem”.

E o efeito dessa fé posta em obras de perfeição só pode ser o que vem em seguida, no mesmo trecho: “Em união com seu Salvador, o discípulo alcança a perfeição da caridade, a santidade. Amadurecida na graça, a vida moral desabrocha em vida eterna na glória do céu”. (CATECISMO, 2001: 468, grifo nosso)

Em decorrência do que foi exposto acima, torna-se evidente que a Revelação é uma conclamação à santidade pronunciada pelo próprio Deus, e tal conclamação se dirige à universalidade dos homens e mulheres:

Fique bem claro que todos os fiéis, qualquer que seja sua posição na Igreja ou na sociedade, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. A santidade promove uma crescente humanização. Que todos pois se esforcem, na medida do dom de Cristo, para seguir seus passos, tornando-se conformes à sua imagem, obedecendo em tudo à vontade do Pai, consagrando-se de coração à glória de Deus e ao serviço do próximo. A história da Igreja mostra como a vida dos santos foi fecunda, manifestando abundantes frutos da santidade no povo de Deus. (LUMEN GENTIUM, 2007: 223, grifo nosso)

Em Cristo Jesus somos todos chamados a pertencer à Igreja e, pela graça de Deus, a alcançar a santidade. (LUMEN GENTIUM,2007: 231)

A finalidade para a qual a Igreja propõe alguns desses fiéis que alcançaram a plenitude da vida cristã e já receberam o prêmio da bem-aventurança eterna à veneração pública está no seguinte fato, expresso nos trechos abaixo:

Ao canonizar certos fiéis, isto é, ao proclamar solenemente que esses fiéis praticaram heroicamente as virtudes e viveram na fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do Espírito de santidade que está em si e sustenta a esperança dos fiéis propondo-os como modelos e intercessores. (CATECISMO, 2001: 238, grifo nosso)

De fato, os que alcançaram a pátria e estão presentes ao Senhor, por ele, com ele e nele intercedem continuamente junto ao Pai. Fazem valer os méritos que obtiveram pelo único mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, por terem servido em tudo ao Senhor e completado em sua própria carne a paixão de Cristo, em favor do corpo, que é a Igreja. Sua fraternidade solícita é assim um precioso auxílio para a nossa fraqueza.[…]

A Igreja também sempre acreditou que os apóstolos e mártires de Cristo que, derramando seu sangue, deram o testemunho supremo de fé e de amor, estão particularmente unidos a nós. Por isso os venera com particular distinção, juntamente com a santa Virgem Maria e os santos anjos implorando piedosamente o auxílio de sua intercessão. A eles se unem imediatamente os que imitaram mais de perto a castidade e a pobreza de Cristo, seguidos de todos aqueles que se santificaram pela prática das virtudes cristãs e cujo carisma os recomenda á piedosa devoção e à imitação dos fiéis.

Ao contemplarmos a vida daqueles que seguiram fielmente a Cristo, somos estimulados a considerar sob uma nova luz a busca da cidade futura. Em meio às inúmeras veredas deste mundo, aprendemos o caminho certo para chegar à santidade, que consiste na perfeita união com Cristo, segundo o estado e a condição de cada um. Deus manifesta com clareza aos homens sua presença e sua face através da vida daqueles que, iguais a nós na humanidade, foram transformados de maneira mais perfeita segundo a imagem de Cristo. Por eles, Deus nos fala, dá-nos um sinal de seu reino e nos atrai para a verdade do Evangelho, por uma imensa quantidade de testemunhas. (LUMEN GENTIUM, pp. 233-234)

Entretanto, esta santidade que é em sua essência a mesma em todos aqueles que dela participam, manifesta formas acidentais diferentes na diversidade dos santos. Esta verdade vimo-la expressa no trecho supracitado do documento Lumen Gentium, no qual se percebe uma hierarquia e alteridade de santidades através da enumeração sintética das diversas classes de santos veneradas pela Igreja.

É o que encontramos em Saint-Laurent (1997: 47, grifo nosso):

Reina entre os santos uma admirável variedade. A virtude de um rei, como São Luís IX, não é igual à de um mendigo voluntário, como São Bento José Labre. A perfeição de um velho, como o grande Santo Antão do Deserto, não é a de um jovem, como Santo Estanislau Kostka. A santidade de um leigo, não é a de um sacerdote ou de um bispo. Cada um desses heróis sublimes da vida cristã tem a sua própria fisionomia sobrenatural.

Existe, portanto, além de uma vocação à santidade que se refere à generalidade dos homens, um chamado específico para cada um, um modo de ser santo diverso para cada família de almas e para cada ser humano em sua individualidade.

Para finalizarmos este tópico citaremos uma bela passagem sobre este assunto de Garrigou-Lagrange (1938: 28-29), na qual ele dá uma definição de santidade de um modo bastante claro e expressivo, fazendo-a uma conseqüência lógica da vivência profunda e radical da fé, da qual procede o amor a Deus e ao próximo:

Pode-se julgar a vida normal da santidade através de dois pontos de vista bem diferentes:

– Um, focalizando nossa natureza…

– Mas também tomando como referência os mistérios sobrenaturais da inabitação da Santíssima Trindade em nós, da Encarnação redentora e da Eucaristia.

Ora, esse último ponto de vista é o único que representa o juízo da sabedoria, per altissimam causam; o outro modo é pela ínfima causa […].

Se é verdade que a Santíssima Trindade habita em nós, que o Verbo se fez carne, que se oferece sacramentalmente por nós cada dia, na Missa e se dá a nós como alimento, se tudo isso é real, somente os santos que vivem dessa presença divina por conhecimento quase experimental freqüente, e por um amor sempre crescente, em meio às obscuridades e dificuldades da vida, somente esses santos estão inteiramente em ordem. E a vida de íntima união com Deus, longe de se apresentar, no que tem de essencial, como coisa extraordinária em si, aparece como a única normal.

Antes de chegarmos a essa união, somos como pessoas ainda meio adormecidas, que não vivem suficientemente do tesouro imenso que nos foi dado, e das graças sempre novas concedidas aos que querem seguir generosamente a Nosso Senhor.

Por santidade entendemos uma união íntima com Deus, isto é, uma grande perfeição de amor de Deus e do próximo, perfeição que permanece sempre na vida normal, pois o preceito do amor não tem limites.

Para precisar ainda mais, diríamos que a santidade é o prelúdio normal imediato da vida no Céu, prelúdio que é realizado ou na Terra, antes da morte, ou no Purgatório, e que supõe que a alma está perfeitamente purificada, capaz de receber a visão beatífica.

Também percebemos no extrato acima que a condição normal da natureza humana é a santidade, pois, se por ordem entendemos a reta disposição das coisas segundo sua natureza e de acordo com determinado fim, devemos inferir que a verdadeira ordem para uma pessoa humana está na união com Deus, sua causa e sua finalidade.

Liberdade e graça no homem ferido pelo pecado

Pe. Antônio Guerra, EP

Quem pode entender o pecado?”[1] Santo Agostinho comentava a ausência da inteligibilidade que existe no pecado

“Os delitos, de fato, quem os compreende? Pai, perdoa-os porque não sabem o que fazem. Por isto, disse, o servo é aquele que conserva essa doçura, suavidade de caridade e amor pela unidade. Mas eu mesmo que a conservo, ainda te peço, pois os delitos quem os compreende?”. [2]

O pecado é algo não inteligível e como tal, contrário à natureza inteligente. Nele muitas vezes encontramos esta procura da suavidade do deleite, como diz o Hiponense. Entretanto, esta é contrária à verdadeira suavidade que se fala na Dignitatis Humanae, com a qual a providência divina faz com que o homem: “possa conhecer cada vez mais a verdade imutável[3]. Mas a falsa suavidade que se encontra na transgressão da Lei Eterna turba os olhos que são feitos para a Verdade. Deteriorada a inteligência pela vontade pecaminosa, o homem perde a consciência reta.

A verdadeira liberdade ― afirmada na Gaudim et Spes ― é: “um sinal altíssimo da imagem divina”[4] impresso no homem que é criado à imagem e semelhança de Deus. Da liberdade provém a dignidade, quando: “libertando-se da escravidão das paixões, tende para o fim pela livre escolha do bem”[5].

Porém, ferida a alma pelo pecado voluntariamente cometido, o homem somente consegue realizar tal libertação das paixões com a ajuda da divina graça. Não esqueçamos que na DH, o Concílio cita como fonte os textos de São Tomás, nos quais fica claro que: “devido à corrupção da natureza se inclina ao bem privado, enquanto não seja curado pela graça divina[6].

O mesmo repete a Gaudium et Spes: “A liberdade do homem, ferida pelo pecado, só com a ajuda da graça divina pode tornar plenamente efetiva esta orientação para Deus[7].


[1] Salmo 18, 13.

[2] Santo Agostinho, Super Salmos, 18.

[3] DH 3.

[4] Gaudium et spes, 17: AAS 58 (1966) 1037.

[5] Ibidem.

[6] Suma Teológica I-II q. 109 a. 3 co.: “propter corruptionem na­tu­rae sequitur bonum privatum, nisi sanetur per gratiam Dei”.

[7] Gaudium et spes, 17: AAS 58 (1966) 1037.

A abertura a Deus como problema do senso e senso do problema em Juan Alfaro

Pe. François Bandet, EP

Na sua reflexão, Alfaro parte da experiência real do homem no próprio ato de existir. O que sou eu? Coisa que o homem se interroga a si mesmo e em cujo ato ele deve também tomar posição a seu respeito, enfrentando um problema que o estimula a procurar uma resposta. Não se trata de uma pergunta meramente teórica, mas conseqüentemente prática porque coloca em questão a sua liberdade.

No indagar a possível resposta a tal questão, qualquer um rende-se à evidência de não ser plenamente ele próprio, que é chamado a construir-se, a ser mais ele próprio através do liame com os outros. O paradoxo do homem de ser ele próprio, não podendo ao mesmo tempo ser plenamente ele próprio, faz do homem um mistério somente a ele próprio.

O homem toma também conta de não existir desde sempre e para sempre. De onde a revelação da limitação da experiência humana. A experiência de não vir ao mundo por ele próprio e de ter recebido uma existência não optada, resulta necessariamente na dúvida: “De onde venho? Porque vivo?”.[1] A morte faz que o momento transitório da nossa existência seja irreversível e irrepetível. Inicialmente é melhor formular a pergunta de um modo mais simples: “Vale a pena viver? A vida merece ser tomada a sério?”

Neste sentido, a fórmula de Kant permanece sempre muito atual: “O que posso saber, o que devo fazer, o que me é permitido esperar?”.[2] Trata-se de três aspectos de uma mesma questão: “O que é o homem?”.[3]

O homem é permanentemente projetado ao porvir esperado, mesmo posta qualquer outra meta em acréscimo.

O homem é livre e empenha a própria liberdade na decisão concreta que não pode realizar e levar ao fim sem interrogar-se o porquê disto. O porquê de toda a opção leva a que observe por si a questão do sentido último da existência humana. Em tal perspectiva, a questão do sentido último da vida toma um caráter transcendental. O homem poderá tomar o sentido da própria vida em apenas um ato que envolve toda a sua pessoa. Não basta o puramente contemplativo “conhece-te a ti mesmo”; é preciso o “constrói-te” a ti mesmo na autenticidade.[4] O homem pode ser definido como o criador da linguagem, da técnica, da cultura, da história etc. Porém, a característica mais evidente do ser humano é o fato que ele tem como destino procurar o sentido último da sua vida: “O homem foi posto no mundo à procura de si mesmo e do seu fim”.[5]

Segundo Alfaro, o problema do sentido último da vida transcende o campo do empiricamente verificável e, portanto, supera a competência da ciência. Isto quer dizer que o problema do sentido último implica que a resposta não possa ser evidente. Se fosse evidente, de fato, o homem não seria livre. Uma demonstração evidente do sentido último da vida permanece, por enquanto, excluída. Pode-se, em vez disso, fazer não tanto uma demonstração mas uma exposição, isto é, uma compreensão dos motivos, suficiente para justificar a opção, pois uma demonstração da evidência não deixaria a possibilidade da opção.

Posto isto, agora, onde se pode chegar, de onde se deve partir e como se deve proceder? Alfaro diz que se pode chegar à compreensão da resposta a dar ao problema do sentido da vida humana.[6] Por esse motivo, precisa saber de onde se deve partir; o ponto de partida será a esperança, e em concreto, a experiência essencial que é a experiência que o homem vive no ato de existir: a experiência do mundo, da morte e da história. Partir da experiência humana total é de importância decisiva para a reflexão sobre o problema do sentido da vida.

Uma vez assumido como ponto de partida a experiência humana total, o passo seguinte terá caráter fenomenológico: A realidade “aparece” no fenômeno, que é o apontamento do seu “mostrar-se” originário. O Homem, desta forma, não pode contentar-se a viver e experimentar, renunciando a entender a realidade. Então, após a análise formal do problema do sentido da vida humana, será necessário entrar na discussão sobre se a vida tem ou não sentido.

O método que Alfaro segue é o seguinte:

a) Existencial: o ponto de partida é a realidade do homem;

b) Fenomenológico: Faz que a pergunta nasça da realidade completa e parte de um método que leva em consideração o ser numa situação concreta;

c) Transcendental: Procura a razão profunda que transcende o fenômeno e a existência.[7]

Dado que o homem não tem uma experiência imediata de Deus, deve aceitar que o problema de Deus será possível apenas enquanto experiência da qual nasce o problema do homem que culmina pela sua natureza em qualquer coisa que é outro homem, o mundo e a história. Para Alfaro isto significa então que o problema de Deus poderá surgir apenas enquanto conexo ao problema do homem.

É preciso dizer que se o homem não fosse constitutivamente aberto ao transcendente, não se poderia sequer se aproximar de Deus. O problema de Deus é correlato ao problema do homem.

Se não é possível dar ao problema do homem uma resposta “demonstrativa”, mas apenas “mostrativa”, analogamente seria impossível dar uma resposta “demonstrativa” ao problema de Deus.[8]


[1] Idem, ibidem, p. 12-13.

[2] Cf. KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura (Kritik der reinen Vernunft).

[3] ALFARO, Juan. Dal problema dell’uomo al problema di Dio (1988), Queriniana, Brescia, 1991, p. 26.

[4] Idem, ibidem, p. 17.

[5] Idem, ibidem.

[6] Cf. Idem, ibidem, p. 19.

[7] Idem, ibidem, p. 21.

[8] Idem, ibidem., p. 23.

O encontro de São João Batista com Jesus

batistaMons. João Clá Dias, EP

I – UM DOS MAIS BELOS ENCONTROS DA HISTÓRIA

            “O semelhante se alegra com seu semelhante”, diz um antigo provérbio latino, e de fato é esse um princípio intrínseco a todos os seres com vida, na medida em que sejam passíveis de felicidade. Deus assim nos criou e fez uns dependerem dos outros, aperfeiçoando- nos com o mais entranhado dos instintos, o de sociabilidade. Se para um pássaro constitui motivo de gáudio o encontrar-se com outro da mesma espécie, para nós, esse fenômeno é mais intenso. Ora, se grande é o júbilo de duas crianças afins ao se encontrarem pela primeira vez no colégio, qual não terá sido a reação dos dois maiores homens de todos os tempos, ao se contemplarem face a face?
            Assim se realizou um dos mais belos encontros da História, João Batista diante de Jesus; para melhor compreendê- lo, analisemos as analogias entre um e outro.

Traços de semelhança entre Jesus e João

 
 
 

            Apesar de serem duas pessoas infinitamente distantes entre si pela natureza – João é mero homem, Jesus é a Segunda Pessoa da Trindade Santíssima – numerosos traços de semelhança os unem.

            Jesus é o alfa e o ômega da História. João é o começo do Evangelho e o fim da antiga Lei (1). Assim o afirma o próprio Nosso Senhor: “Com efeito, todos os profetas e a Lei profetizaram até João” (Mt 11, 13-14).

            Segundo Tertuliano, João Batista é uma “figura única na História, adornada em vida de um prestígio sobre-humano, que se levanta misteriosa e solene nos confins de ambos os Testamentos” (2). Dele afirma Jesus: “Na verdade vos digo que entre os nascidos de mulher, não veio ao mundo outro maior que João Batista” (Mt 11, 11).
Além do mais, a concepção de ambos, de Jesus e de João, é precedida pelo anúncio do mesmo embaixador São Gabriel Arcanjo (Lc 1, 11-19 e 26- 34). As mensagens não diferem muito, em seus termos, uma da outra. Os nomes de Jesus e de João foram designados por Deus (Lc 1,13 e 31).

            No próprio ato de anunciar o nascimento, o Mensageiro celeste profetiza também o futuro tanto do Precursor (Lc 1,13-17) quanto do Messias (Lc 1,31-33).

O perfil do Precursor

            Sobre Jesus, se fôssemos analisar as grandezas de suas qualidades e de suas obras, “nem todo o mundo poderia conter os livros que seria preciso escrever” (Jo 21, 25).
            No Batista, tudo é sui generis, a começar pela profecia de sua vinda, proferida por Isaías e Malaquias: “Uma voz exclama: Abri no deserto um caminho para o Senhor, traçai na estepe uma pista para nosso Deus” (Is 40, 3); “Vou mandar meu mensageiro para preparar o meu caminho” (Mal 3, 1).

            Mais impressionante ainda é a sua santificação no seio materno operada pela Santíssima Virgem: “Porque, logo que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, o menino saltou de alegria no meu ventre” (Lc 1, 44).

            A grandeza de sua missão é profetizada pelo próprio pai: “E tu, menino, serás chamado o profeta do Altíssimo, porque irás à frente do Senhor, a preparar os seus caminhos; para dar ao seu povo o conhecimento da salvação” (Lc 1, 76-77).
A rudeza da forma de vida escolhida pelo Batista lhe confere uma aura de austeridade ímpar: “Ora o menino crescia e se fortificava no espírito. E habitou nos desertos até o dia da sua manifestação a Israel” (Lc 1, 80). “Andava João vestido de pêlo de camelo, (…) e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre” (Mc 1, 6).

            Ao iniciar suas pregações, foi acolhido pela opinião pública da época com enorme prestígio, pois, já ao seu nascimento, “o temor se apoderou de todos os seus vizinhos, e divulgaram-se todas essas maravilhas por todas as montanhas da Judéia. Todos os que as ouviram as ponderavam no seu coração dizendo: ‘Que virá a ser este menino?’ Porque a mão do Senhor estava com ele” (Lc 1, 65-66). Logo de início, João atraiu multidões: “E iam ter com ele toda a região da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém” (Mc 1, 5), “porque todos tinham a João como verdadeiro profeta” (Mc 11, 32).
            Os soldados, os publicanos e as multidões lhe perguntavam “Mestre, que devemos fazer?” (Lc 3, 10-14). O próprio Herodes, querendo matá-lo “teve medo do povo, porque este o considerava como um profeta” (Mt 14, 5). Essa grande fama se estendeu até após sua morte:
“porque todos tinham João como um profeta” (Mt 21, 26).
As repercussões sobre sua figura, palavras e obras ecoaram entre os vales e os montes da Terra Prometida, a ponto de o povo chegar a pensar “que talvez João fosse o Cristo” (Lc 3, 15).

Pois bem, fixemos em nossa lembrança essa gloriosa projeção alcançada em vida por São João Batista e abramos um parênteses para considerar a principal de suas virtudes: a da restituição, a qual consiste essencialmente em atribuir a Deus os dons d’Ele recebidos.

II – INVEJA E AMBIÇÃO, VÍCIOS UNIVERSAIS

            A ambição é uma paixão tão universal quanto o é a vida humana. Quase se poderia dizer que ela se instala na alma antes mesmo do uso da razão, sendo facilmente discernível no modo de a criança agarrar seu brinquedo ou na ânsia de ser protegida. Ao tomar consciência de si e das coisas, os impulsos primeiros de seu ser convidá-la-ão a chamar a atenção sobre sua pessoa e, se ela cede, ter-se-á iniciado o processo da ambição. O desejo de ser conhecida e estimada é a primeira paixão que macula a inocência batismal. Quantos de nós não nos lançamos nos abismos da ambição, da inveja e da cobiça já nos primeiros anos de nossa infância? Essas provavelmente foram as raízes dos ressentimentos que tenhamos tido a propósito da glória dos outros. Sim, pelo fato de desejarmos a estima de todos, por nos crermos no direito à glória e ao louvor dos nossos circunstantes, constitui para nós uma ofensa o sucesso dos outros. Por isso São Tomás define a inveja como sendo “a tristeza do bem alheio enquanto se considera como mal próprio, porque diminui a própria glória ou excelência” (3).
Há paixões que se mantêm letárgicas até a adolescência, assim não o é a inveja; ela se manifesta já na infância e acompanha o homem até a hora de sua morte. Não será difícil aos pais observar os sinais desse vício, em seus pequenos. Irmãos ou irmãs, entre si, não poucas vezes terão problemas por se imaginarem eclipsados pelas qualidades ou privilégios de seus mais próximos. Quantas vezes não acontece de ser necessário separar-se irmãos, ou irmãs, na tentativa de corrigir essas rivalidades que podem chegar a extremos inimagináveis, tal qual se deu entre os primeiros filhos de Eva, Caim e Abel?

            A ambição e a inveja são mais universais do que parece à primeira vista; poucos se vêem livres de suas garras. Elas se levantam e tomam corpo em relação aos que nos são mais próximos, como afirma São Tomás: “A inveja é do bem alheio enquanto diminui o nosso. Portanto, somente se suscita a respeito daqueles que se quer igualar ou superar. Isto não sucede em pessoas que diferem muito de nós em tempo, espaço e lugar, senão nas que nos estão próximas” (4).

            Assim, ao sábio será mais difícil invejar o general, e vice- versa, ou, uma médica a uma costureira; mas dentro da mesma profissão, quanto mais relacionadas forem as pessoas entre si, mais intensa se manifestará essa paixão.

            Em conseqüência, poder-se-ia dizer que jamais se excitaria esse mau pendor nas almas dos contemporâneos de Jesus face a suas qualidades, pois a diferença entre Ele e qualquer pessoa deste mundo é simplesmente infinita. De fato, esse seria o normal relacionamento dos outros com o Redentor, se seu nascimento e vida fossem refulgentes de poder e de glória. Mas Ele veio ao mundo numa gruta em Belém, foi envolto em panos e depositado na manjedoura sobre palha, viveu em Nazaré exercendo a profissão de carpinteiro para auxiliar seu pai. Assim, só mesmo um forte olhar de fé poderia discernir nesse Menino uma Pessoa de Deus. E essas aparências contrárias à sua divindade chegaram a ser tão extremas que Jesus conferiu o título de bem-aventurado a quem não se envergonhasse de segui-lO (Mt 11, 6). Se Ele tivesse manifestado todo o fulgor da infinita distância existente entre a natureza divina de sua Pessoa e a nossa humana, não haveria quase mérito na restituição dos bens que d’Ele recebemos.
            É justamente em função das primeiras palavras pronunciadas por Maria em seu cântico de ação de graças, ouvidas com alegria por João Batista no seio materno, que toma brilho a mais alta virtude do Precursor: “A minha alma glorifica o Senhor; e o meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador porque olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1, 46-48). Essa foi a formação recebida pelo menino-profeta ao longo dos meses durante os quais Maria viveu em casa de Isabel: humildade e servidão. Como teria sido de um valor inestimável se os pontífices e fariseus do Sinédrio houvessem sido educados na mesma escola de João! Certamente não se teriam reunido depois da ressurreição de Lázaro, para decretar a morte de Jesus (Jo 11, 47-53).

III – SÃO JOÃO BATISTA E A VIRTUDE DA RESTITUIÇÃO

            Aproximemo-nos de João nas margens do rio Jordão e analisemos seu prestígio de pregador. Profeta como igual nunca houve em Israel, fundador e chefe de uma escola, todo o povo o procura. Entretanto, seu renome está condenado a uma lenta morte, sua instituição deverá dissolver-se paulatinamente, sobre a glória de sua obra far-se-á um grande eclipse, pois um valor mais alto se aproxima. Esse era o momento do ressentimento, da ambição ferida e talvez até da inveja. Muito pelo contrário, a reação de João foi de heróica humildade e ilimitada servidão, como encontramos narrado no Evangelho de hoje.

29 No dia seguinte João viu Jesus, que vinha ter com ele …           

Assim como Maria foi à sua prima Santa Isabel, é Jesus quem se dirige a João, e agora pela segunda vez. O discípulo amado não nos relata o Batismo de Jesus como o faz Mateus (3, 13-17) e, segundo São João Crisóstomo, Jesus volta a encontrar-se com o Batista para desfazer o equívoco de que, na primeira vez, Ele tivesse ido procurá-lo tal qual o faziam todos, ou seja, para confessar seus pecados ou para obter a purificação dos mesmos pelas águas do Jordão.

  … e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, eis O que tira o pecado mundo”.

            Assim como hoje nossa fé se robustece em méritos ao contemplar uma Hóstia consagrada e crer na Presença Real de Jesus Eucarístico, também naqueles dias era indispensável, para benefício de todos, o Redentor apresentar- Se sob osvéus de nossa natureza. Jesus, desde o nascimento até essa ocasião, era um homem comum e corrente em todas as suas aparências. Tornava- se necessário ir descerrando pouco a pouco esses véus, a fim de introduzir o povo na verdadeira perspectiva debaixo da qual fosse possível prestar- Lhe um culto de latria. Excelente meio escolheu o Salvador: suscitou um varão que havia comovido toda Israel por sua figura constituída de mistério, profetismo e santidade, saído de dentro de uma vida feita de ascese e penitência, o Precursor.
            Era chegado o momento de os judeus ouvirem, de lábios dignos da máxima credibilidade, a proclamação da grandeza do Messias ali presente. A preparação dos corações estava concluída, o caminho do Senhor já se encontrava endireitado, a voz ecoara pelo deserto, o Filho de Deus precisava ser conhecido e, para tal, era indispensável muita clareza na comunicação: “Eis o Cordeiro de Deus”.
            O conhecimento de Deus é bem diferente do nosso. Vivemos no tempo, e a cronologia é fundamental em nosso processo intelectivo. Para Deus tudo é presente e, ao criar, fez Ele depender uns seres de outros. No pináculo da criação, colocou Cristo como Causa, Modelo, Regente e Guia, e, tendo em vista o pecado e o Redentor, criou o cordeiro para simbolizar este grandioso aspecto de seu Unigênito Encarnado, o de vítima expiatória, numa clara referência ao “cordeiro pascal” (Ex 12, 3-6), ou quiçá, ao duplo sacrifício diário oferecido no Templo (Ex 29, 38), ou como comenta Orígenes: “Porque Ele, tomando sobre si nossas aflições e tirando os pecados de todo mundo, recebeu a morte como batismo” (5).

            O cordeiro é um animal pacífico e pacificador. Solto no pasto ou posto na baia, ele tranqüiliza os corcéis fogosos, evitando-lhes ferimentos inúteis.
            A afirmação de João é feita no presente do indicativo -“Aquele que tira” – para indicar a perpetuidade do ato redentor.


30 Este é Aquele de quem eu disse: Depois de mim vem um homem que é superior a mim, porque era antes de mim, …


            É patente tratar-se aqui de um Homem de corpo e alma. Embora tenha nascido depois do Batista, este último confessa publicamente não só que Jesus lhe é superior, mas também que já existia antes dele. E é real, pois, enquanto Verbo de Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Ele é eterno. Assim, neste versículo, o Precursor proclama a Humanidade unida à Divindade, numa só Pessoa. É a revelação do mistério da Encarnação.


31 … e eu não O conhecia, mas vim batizar em água, para Ele ser reconhecido em Israel.

            João quis evitar o equívoco da parte do povo, o qual poderia julgar serem suas afirmações sobre Jesus feitas com base no parentesco existente entre ambos. E realmente, o Batista se retirara ao deserto ainda menino e não estivera com Ele antes. Portanto, suas declarações eram fruto de um discernimento essencialmente profético, como também é profética sua missão, pois torna claro o objetivo de seu batismo: o reconhecimento do Messias, da parte do povo.


32 João deu este testemunho: “Vi o Espírito descer do Céu em forma de pomba e repousou sobre ele”.


            O mistério da Santíssima Trindade não havia sido revelado até então; entretanto, de dentro da Teologia como é hoje conhecida, torna-se patente a presença das Três Pessoas nessa proclamação de João Batista.

            A pomba é inocente por sua natureza e, ao contrário das aves de rapina, não se alimenta de carnes mortas, mas sim de sementes da terra. Gemem quando estão enamoradas. Eis um belo símbolo do Espírito Santo, a Inocência que nos instrui, ilumina e santifica com gemidos inefáveis dentro de nós.


33 Eu não O conhecia, mas O que me mandou batizar em água, disseme: Aquele sobre quem vires descer e repousar o Espírito, esse é O que batiza no Espírito Santo.

            Reafirma São João Batista não ter antes conhecido Jesus. Compreende-se sua insistência a esse respeito, pois os laços familiares eram vigorosos naqueles tempos e havia o risco de interpretarem as palavras do Precursor sob um prisma meramente humano.
            Era indispensável fixar a atenção de todos na origem divina de suas proclamações, daí a referência Àquele que o havia mandado batizar.


34 Eu O vi, e dei testemunho de que Ele é o Filho de Deus.


            Sim, Jesus é o Unigênito do Pai. Enquanto os outros todos – inclusive a Santíssima Virgem – somos filhos adotivos, Jesus é gerado e não criado, desde toda a eternidade. João já havia declarado ser o Messias o Cordeiro de Deus, que batizaria no Espírito Santo. Porém, esta é a primeira vez que declara tratar-se especificamente do Filho de Deus.


IV – CONCLUSÃO: CASTIGO DA AMBIÇÃO E DA INVEJA

            O castigo de Deus à ambição e à inveja se faz presente não só na eternidade, mas também nesta vida. Quem se deixa arrastar por esses vícios, perde a noção do verdadeiro repouso e passa a viver constantemente na preocupação, na inquietude e na ansiedade. Sempre estará atormentado pelo pavor de ficar à margem, de ser esquecido, igualado ou superado. Sua existência será um inferno antecipado e essas paixões se constituirão em seus próprios carrascos.

            Pelo contrário, quanta felicidade, paz e doçura têm as almas que são despretensiosas, reconhecedoras dos bens e das qualidades alheias, restituidoras a Deus dos dons por Ele concedidos.

            Entremos na escola de Maria, e d’Ela aprendamos a restituir a Deus nosso ser, nossa família e todos os nossos haveres. Ela nos ensinará a glorificar ao Senhor por ter contemplado o nosso nada e, como resultado, nosso espírito exultará de alegria (Lc 1, 47), a exemplo de seu primeiro discípulo, São João Batista.

1 ) Suma Teológica III, q. 38, a. 1 ad. 2.

2 ) Cf. Adversus Marcionem, IV, 33: PL 2, 471.
3 ) Suma Teológica II-II, q. 36, a. 1.

4 ) Suma Teológica II-II, q. 36, a.1, ad. 2.

5 ) Apud Catena Áurea, in Jo I, 29.

(Revista Arautos do Evangelho, Jan/2005, n. 37, p. 6 à 11)

 Ver também: http://presbiteros.blog.arautos.org/2010/01/07/pregacao-de-joao-e-batismo-de-jesus/