A essência de nossa vida cristã

Mons. João S. Clá Dias, EPDom Miguel de Mañara fundador Santa Caridad Sevilla

Em nosso egoísmo, somos levados a nos considerar o centro de nossas atenções e preocupações, mas a essência de nossa vida cristã é social: “Amai-vos, uns aos outros” (Jo 13, 34; 15, 12; 15, 17); ou: “Quem ama ao próximo, cumpriu a lei” (Rom, 13, 8). Jesus pesa nossos atos em função de nossa misericórdia com o próximo, ou seja, Ele usa, para nos julgar, de um critério social.

Deus distribui seus bens de forma desigual aos homens, para que uns possam dispensar e outros receber. Isso se passa não só no campo material como também, e sobretudo, no campo cultural e espiritual. Pela misericórdia e justiça unidas, seremos nós julgados diante de todos os anjos e homens.

Preparemo-nos, pois, neste Advento, para receber Jesus que vem na plenitude de sua misericórdia, e roguemos Àquela que O traz a este mundo sua poderosa intercessão para o nosso segundo encontro com Ele, quando vier de improviso, na plenitude de sua justiça.

Arautos do Evangelho, n. 47

Que sabedoria nasce em Belém?

bento-xviCidade do Vaticano (Sexta, 18-12-2009, Gaudium Press) Nesta quinta-feira à tarde, no primeiro dia da novena de Natal com os universitários romanos, o Papa Bento XVI presidiu, na Basílica de São Pedro, o encontro com a recitação solene das Vésperas, em preparação para o Natal. Na ocasião, o Pontífice fez a seguinte pergunta aos estudantes: Que sabedoria nasce em Belém? Resposta dada pelo próprio Papa: a Sabedoria de Deus. De acordo com o Santo Padre, o desígnio divino ficou escondido por muito tempo e foi revelado por Deus na história da salvação. No decorrer da história, essa sabedoria assumiu a face humana de Jesus.

Sobre isso, o Santo Padre afirmou que é um paradoxo. “O paradoxo cristão consiste justamente em identificar a sabedoria divina com o homem Jesus de Nazaré e a sua história”. A solução deste paradoxo, segundo o pontífice, estaria na palavra Amor, com A maiúscula. “A profunda aspiração do homem à vida eterna tocou o coração de Deus, Logos, que não se envergonhou de assumir a condição humana”.

Bento XVI disse também que um professor cristão ou um jovem estudante cristão tem dentro de si este amor apaixonado pela Sapiência Divina, que faz com que ele encontre em tudo que lê sinais divinos. “Capta as suas marcas nas partículas elementares e nos versos dos poetas; nos códigos jurídicos e nos acontecimentos da história; nas obras artísticas e nas expressões matemáticas”, disse o Papa.

A importância dos estudos foi destacada pelo Papa, mas estudos tendo em vista sempre a humildade. “Trata-se de estudar, aprofundar os conhecimentos, mantendo um espírito de ‘pequenos’, um espírito humilde, como o de Maria, ‘sede da Sabedoria'”.

Para ilustrar este ponto, Bento XVI perguntou mais uma vez aos estudantes: “Quem é que se encontrava na noite de Natal na Gruta de Belém a acolher e a adorar a Sapiência, quando nasceu?”. O Santo Padre mesmo respondeu, novamente: “Não eram os doutores das leis, os sapientes. Ali, estavam Maria, José, e os pastores, somente os ‘pequenos’ do Evangelho”. Para Bento XVI, não podemos ter medo de nos aproximarmos da Gruta de Belém, como se tal ação fosse nos fazer perder o espírito crítico, a nossa modernidade.

O pontífice afirmou que as pessoas descobrirão a verdade sobre Deus e o homem na Gruta de Belém e que a primeira forma de “caridade intelectual” é ajudar os outros a descobrirem o verdadeiro rosto de Deus.