Documentos basilares para o estudo da formação dos seminaristas

Pe. Carlos Adriano, EP

Para se estabelecer um estudo a respeito da formação seminarística nos dias de hoje e sobre os diversos elementos que a compõem, é preciso delimitar onde se encontram as principais diretrizes que tenham servido de fonte para a elaboração da atual legislação do Código, ou para a interpretação da mesma.

Primeiramente, deve-se atentar para o decreto Optatam Totius sobre a formação sacerdotal, do Concílio Vaticano II:

[…] o Concílio Vaticano II, que teve como objetivo último a renovação de toda a Igreja, advertiu também a estreita relação entre essa desejada renovação e o ministério dos sacerdotes. Fruto deste convencimento dos Padres conciliares é o decreto Optatam Totius, em que se proclama a transcendental importância da formação sacerdotal e se expõem os princípios fundamentais que devem inspirá-la, conservando e confirmando o já provado pelos séculos de experiência, e inovando ao mesmo tempo com o que as novas circunstâncias podem exigir (RINCÓN-PEREZ, 1991, p. 178 — tradução minha).

Como se poderá observar, o documento não descarta a experiência da Igreja na formação dos sacerdotes, muito pelo contrário, valoriza-a, mas exorta a que, nas leis eclesiásticas dirigidas para a formação sacerdotal, sejam introduzidas inovações que correspondam à evolução dos tempos.

 O sagrado Concílio reconhece que a desejada renovação de toda a Igreja depende, em grande parte, do ministério sacerdotal, animado do espírito de Cristo; proclama, por isso, a gravíssima importância da formação dos sacerdotes e declara alguns dos seus princípios fundamentais, pelos quais sejam confirmadas as leis já aprovadas pela experiência dos séculos e se introduzam nelas as inovações que correspondam às suas constituições e decretos e à evolução dos tempos. Esta formação sacerdotal, por causa da unidade do mesmo sacerdócio, é necessária aos dois cleros e de qualquer rito. Portanto, estas prescrições, que se referem diretamente ao clero diocesano, devem ser acomodadas na devida proporção a todos os sacerdotes (OT, proêmio).

O decreto conciliar trata sobre diversos temas atinentes à formação sacerdotal: desde a promoção das vocações, organização dos seminários maiores, formação espiritual e ainda outros assuntos de exclusiva relevância.

Além desse documento, o presente estudo deve ter como base a Ratio Fundamentalis Institutiones Sacerdotalis, e a Exortação Apostólica Pastores dabo vobis:

O Concílio Vaticano II dedicou um decreto (Optatam Totius) à formação para o sacerdócio. A disciplina do CIC responde às suas orientações, que recolhem uma tradição multissecular, com as adaptações necessárias às circunstâncias atuais. Ademais, existe para a Igreja universal, um plano de formação (Ratio Fundamentalis Institutiones Sacerdotalis), cujas linhas básicas devem ser seguidas pelas Conferências Episcopais e pelos regulamentos dos seminários (cf. cc. 242-243). Em 25.III.1992, João Paulo II publicou a Exortação Apostólica Pastores dabo vobis, que trata da formação dos sacerdotes na situação atual (CENALMOR E MIRAS, 2004, p. 178).

A Ratio Fundamentalis Institutiones Sacerdotalis, que consiste em normas fundamentais para a formação sacerdotal, foi elaborada pela Congregação para a Educação Católica, e publicada primeiramente em 6 de janeiro de 1970, deixando de vigorar com a promulgação do Código de Direito Canônico de 1983.

Adaptando-se à necessidade de se criar uma nova Ratio, a Congregação para a Educação Católica publicou novas diretrizes em 10 de março de 1985, acrescentando, na verdade, muito poucas mudanças em relação ao documento anterior (cf. Enchiridium, p. 326).

Todos esses documentos têm uma particular influência na legislação atual em relação aos responsáveis pela formação dos seminaristas.

Papa destaca necessidade de uma preparação adequada para os sacerdotes

Cidade do Vaticano (Quarta, 03-02-2010, Gaudium Press) Dando continuidade ao mote do Ano Sacerdotal e ao temapapa central das mensagens pelo Dia Mundial da Vida Consagrada, o Papa Bento XVI voltou a falar, hoje, da necessidade de uma sólida e adequada formação para os sacerdotes de todo o mundo. “O desenvolvimento da cultura exige, daqueles que exercem o ministério da Palavra, em vários níveis, que sejam preparados”, afirmou a sacerdotes e seminaristas, e também a fiéis, na audiência geral desta quarta-feira.

O tema de sua nova catequese sobre importantes teólogos da história da Igreja foi São Domingos, fundador da Ordem dos Pregadores (mais conhecidos como Frades Dominicanos), e promotor da dimensão espiritual e acadêmica da teologia. No tradicional encontro com os fiéis, que aconteceu na manhã desta quarta-feira na Sala Paulo VI, estiveram presentes cerca de cinco mil pessoas.

“Domingos nasceu na Espanha, em Caleruega, por volta de 1170. Pertencia a uma família nobre da Velha Castela e, apoiado por um tio sacerdote, formou-se em uma célebre escola de Palência. Distinguiu-se logo pelo seu interesse no estudo da Sagrada Escritura e pelo amor pelos pobres, a ponto de vender os livros, que naquele tempo eram um bem de grande valor, para socorrer, com o lucro, as vítimas da fome”.

Conforme explicou o Papa, o Santo dedicou-se a dois enormes desafios para a Igreja de seu tempo: missão “ad gentes” e reevangelização das comunidades cristãs, especialmente por causa da “laceração religiosa da vida cristã no sul da França e da ação de alguns grupos heréticos”. Sua atividade pastoral acontecia nas cidades, principalmente nas universidades, onde “as novas tendências intelectuais eram um desafio para a fé dos cultos”.

São Domingos, além disso, é um exemplo para a Igreja Católica também no mundo moderno, disse Bento XVI, “com o fogo missionário que ardia em seu coração e que o impelia a anunciar e testemunhar o Evangelho”. Domingos de Gusmão recomendava, “para o bom sucesso da missão evangelizadora”, a vida comunitária em pobreza e o estudo como preparação ao apostolado. Por isso o santo sublinhava a importância de uma sólida formação teológica no campo acadêmico e cultural. Missão essa que até hoje é realizada pelos dominicanos.

O Santo Padre exortou particularmente os “sacerdotes, os consagrados e também todos os fiéis a encontrar uma profunda “alegria interior” em contemplar a beleza das verdades que vêm de Deus”.

São Domingos, junto aos dominicanos, é também promotor do rosário. “São Domingos contava com a terna devoção à Virgem Mãe, que depois tomaria a forma da recitação do terço, e com a fecunda retaguarda espiritual das monjas contemplativas”, disse o Papa na síntese em língua portuguesa.