A Via Pulchritudinis, o caminho da Verdade e da Bondade

Tradução do original em italiano de l’Assemblea plenaria del Pontificio Consiglio della Cultura – 27 al 28 marzo 2006 –  La Via pulchritudinis – Cammino privilegiato di evangelizzazione e di dialogo.

altarPropondo uma estética teológica, Hans Urs von Balthasar pretendia abrir os horizontes do pensamento à meditação e à contemplação da beleza de Deus, do seu mistério e de Cristo no qual Ele se revela. Na introdução ao primeiro volume da sua obra magistral, Glória, o teólogo cita a palavra beleza “que para nós será a primeira” e não exprime a levada em relação ao bem que “também perdeu a sua força de atração” e na qual “os argumentos a favor da verdade exauriram a sua força de conclusão lógica”.

A nossa palavra inicial se chama beleza… A beleza é a última palavra que o intelecto pensante pode ousar pronunciar, porque essa não faz senão coroar, qual auréola de esplendor inefável, o dúplice astro da verdade e do bem e a sua relação indissolúvel. Essa é a beleza desinteressada sem a qual o velho mundo era incapaz de se entender, mas a qual se colocou na ponta dos pés do moderno mundo de interesses, para abandoná-lo à sua cupidez e à sua tristeza. Essa é a beleza que não é mais amada e protegida nem mesmo pela religião e que, todavia, salta como uma máscara do próprio rosto, coloca a nu os tratos que ameaçam tornar incompreensíveis aos homens… Os quais, em seu nome, ondulam o sorriso nos lábios, julgando-a como uma bagatela exótica de um passado burguês, do qual pode estar seguro de que — secretamente ou abertamente — não é mais capaz de rezar e, logo, não é mais capaz de amar…

Num mundo sem beleza — mesmo se os homens não se arriscam a ficar sem esta palavra e a têm continuamente nos lábios, equivocando o sentido — num modo que não está forçosamente provado, mas que não é mais capaz de vê-la, de se relacionar com ela, e mesmo o bem perdeu a sua força de atração, a evidencia de seu dever-ser-preenchido… Num mundo que não se crê mais capaz de afirmar o belo, os argumentos a favor da verdade esgotaram a sua força de conclusão lógica.[1]

 

Paralelamente, com outras preocupações, Aleksandr I. Solženicyn nota com acento profético, no seu discurso pela atribuição do Prêmio Nobel da Literatura:

Esta antiga trindade da Verdade, do Bem e da Beleza não é simplesmente uma caduca fórmula da parada, como era assinalado nos tempos da nossa presunçosa juventude materialista. Se, como diziam os sábios, o cume destes três arbustos se reúnem, enquanto os rebentos da Verdade e do Bem, muito precoces e indefesos são esmagados, desfeitos e não chegam à maturidade, talvez estranhos, imprevistos, inesperados serão os rebentos da Beleza a despontar e a crescer no mesmo lugar e serão eles de tal modo que cumprem o trabalho dos três.[2]

 

Então, bem longe de renunciar a propor a Verdade e o Bem, que estão no coração do Evangelho, é necessário seguir uma via que permita para esses juntar o coração do homem e da cultura. Padre Turoldo, cantor da beleza, reporta esta significativa afirmação de D. Barsotti:

O mistério da beleza! Até a verdade e o bem tornaram-se beleza, a verdade e o bem parecem permanecer de alguma forma estranhas ao homem, impõem-se-lhe do exterior; ele lhes adere, mas não os possui; exigem-lhe uma obediência que de alguma forma os mortifica.[3]

 

O mundo nascente tem uma urgente necessidade, como sublinhava Paulo VI na sua vibrante mensagem aos Artistas de 8 de Dezembro 1965, no encerramento do Concílio Ecumênico Vaticano II:

O mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero. A beleza, como a verdade, é a que traz alegria ao coração dos homens, é este fruto precioso que resiste ao passar do tempo, que une as gerações e as faz comungar na admiração.[4]

 

Contemplada com ânimo puro, a beleza fala diretamente ao coração, eleva interiormente da estupefação ao maravilhamento, da admiração à gratidão, da felicidade à contemplação. Portanto, cria um terreno fértil para a escuta e o diálogo com o homem e para aferrá-lo inteiramente de mente e coração, inteligência e razão, capacidade criadora e imaginação. Essa, de fato, dificilmente deixa indiferença: suscita emoções, coloca num certo dinamismo de profundas transformações interiores que geram alegria, sentimento de leveza, desejo de participar gratuitamente nesta mesma beleza, de se apropriar dela interiorizando-a e inserindo-a na própria existência concreta.

A Via da Beleza responde ao íntimo desejo de felicidade que está albergado no coração de todos os homens. Ela abre horizontes infinitos, que levam o ser humano a sair de si próprio, da rotina e do efêmero instante que passa, para se abrir ao Transcendente e ao Mistério, a desejar, como fim último do seu desejo de felicidade e da sua nostalgia de absoluto, esta Beleza original que é o próprio Deus, Criador de toda a beleza criada. Muitos Padres fizeram referência a isto no Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia, em Outubro de 2005. O homem, no seu íntimo desejo de felicidade, pode encontrar-se colocado de frente para o mal do sofrimento e da morte. Do mesmo modo, as culturas são de tal maneira postas diante de fenômenos análogos aos malefícios, que poderão conduzir até ao seu eclipse. A voz da beleza ajuda a abrir-se à luz da verdade, e ilumina, de tal forma, a condição humana, ajudando-a a colher o significado da dor. Desse modo, favorece a sanar os males.

A Via Pulchritudinis. Tradução de VICTORINO DE ANDRADE, José. in: Lumen Veritatis. São Paulo: Associação Colégio Arautos do Evangelho, n. 6, jan-mar 2009.   p. 126-128.


[1] H. Urs von Balthasar, Gloria. Gli aspetti estetici della Rivelazione. I, Milano 1975, 10-11.

[2] Lezione per il Premio Nobel, in Opere, t. IX, YMCA Press, Vermont-Paris 1981, p. 9.

[3] “Bellezza” in Nuovo Dizionario di Mariologia, Ed. Paoline, 1985, p. 222-223.

[4] O Papa João Paulo II retomou esta afirmação essencial na sua Lettera agli Artisti, n. 11.

I nuovi movimenti ecclesiali

papa-joao-paulo-iiJosé Manuel Jiménez Aleixandre, EP 

 

Raccogliendo gli elementi dei numerosi pronunciamenti di Giovanni Paolo II, Feliciani (nel 1991) così presenta alcuni “tratti essenziali di queste realtà comunitarie”[1] (le parole fra virgolette sono di Giovanni Paolo II):

Secondo il pontefice il termine “movimento” indica, innanzitutto, una “concreta realtà ecclesiale” generata da “un carisma preciso”, dotato di una propria “originalità”, “donato alla persona del Fondatore in circostanze e modi determinati”[2]. Tale dono dello Spirito è, per sua natura, “comunicativo” e fa quindi nascere “quell’affinità spontanea tra le persone e quell’amicizia di Cristo che dà origine ai movimenti”. Ancor più precisamente “il passaggio dal carisma originario al movimento avviene per la misteriosa attrattiva esercitata dal Fondatore su quanti si lasciano coinvolgere nella sua esperienza spirituale” [3].

Il carisma proprio dei movimenti ha poi, sempre a giudizio di Giovanni Paolo II, la peculiarità di riguardare non una determinata categoria di fedeli, ma il battezzato in quanto tale.

Per Feliciani, il pontefice afferma che in questi battezzati coinvolti nella sequela del carisma del fondatore, sorge “un impulso missionario, che porta ad incontrare gli uomini e le donne della nostra epoca nelle concrete situazione in cui essi si trovano[4]“.

Le caratteristiche desunte da Feliciani, da questi insegnamenti pontifici, per qualificare i “nuovi movimenti”, sono tre:

1.     I “movimenti” hanno una “natura essenzialmente carismatica”. E Feliciani fa un’interessante osservazione non priva di risvolti giuridici: “l’adesione a un movimento è di carattere talmente personale ed esistenziale da rendere una iscrizione formale di per sé non necessaria e nemmeno sufficiente, poiché consiste, in ultima analisi, nella volontà di partecipare al carisma che gli è proprio”.

2.     La seconda è il coinvolgimento di “persone delle più varie condizioni e stati di vita”. Dunque se talvolta sono stati qualificati come “laicali”, anche da Giovanni Paolo II, questo non significa che, al loro interno non ci siano sacerdoti e religiosi; e ne meno nell’origini e in funzioni di responsabilità.

3.     Finalmente, essendo un’adesione “in funzione della realizzazione della propria vocazione cristiana secondo un determinato carisma, tende a investire e determinare l’intera esistenza personale di ciascuno in ogni suo aspetto” (sottolineatura nostra).

 

JIMÉNEZ ALEIXANDRE, José Manuel. Le recenti proposte di configurazione canonica dei nuovi movimenti ecclesiali. Studium Generale Marcianum. Istituto Superiore di Scienze Religiose San Lorenzo Giustiniani. Tesina di Licenza. p. 19-20. Venezia, venerdì 23 ottobre 2009

[1] Feliciani, Il Popolo di Dio, p. 168-171.

[2] Nota dall’originale: Messaggio ai partecipanti al Congresso mondiale promosso dal Pontificio Consiglio per i laici, 27 maggio 1998, n. 4.

[3] Nota dall’originale: All’incontro con i Movimenti ecclesiali e le nuove Comunità, 30 maggio 1998, n. 6.

[4] Nota dall’originale: Messaggio ai partecipante al Congresso mondiale, cit., n. 2.