Pregação de João e Batismo de Jesus

batismo-jesusJosé Afonso Sulzbach de Aguiar, EP

Havia cerca de quatro séculos que nenhum profeta fazia ouvir sua voz em Israel quando, no 15º ano do reinado de Tibério César, aproximando-se os dias anunciados por Daniel em relação à vinda do Messias, um súbito alvoroço percorreu Jerusalém e toda a Judeia. Nas margens sagradas do Jordão – o legendário rio, palco de deslumbrantes milagres e grandiosas cenas – aparecera um varão penitente, um enviado de Deus no espírito de Elias. João Batista era seu nome.

            Modelo de anacoreta até o momento de cumprir sua missão, o filho de Zacarias e Isabel abandonou a longa, austera e mística solidão em que vivera e desceu até o vale do Jordão, para onde convergiam de todos os lados caravanas, a fim de aí pregar palavras de um religioso temor: “Fazei penitência porque está próximo o Reino dos Céus” (Mt 3, 2).

            Multidões de israelitas afluíam para ouvi-lo e receber o seu batismo, símbolo da purificação do coração necessária para merecer o Reino dos Céus. O batismo de João – que era de preparação, de penitência, não ainda o Sacramento – produzia um afervoramento espiritual como nunca se vira antes em Israel. “Pessoas de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a circunvizinhança do Jordão vinham a ele. Confessavam seus pecados e eram batizados por ele nas águas do Jordão” (Mt 3, 5-6).

            E o arauto do Altíssimo apresentava- se sempre como mero precursor, dizendo sem cessar: “Eu vos dou um batismo de água, para que façais penitência. Mas, Aquele que virá depois de mim é mais poderoso do que eu; eu não sou digno de desatar a correia de Suas sandálias; Ele vos batizará no fogo e no Espírito Santo” (Mt 3, 11).

            Seis meses havia que o santo Precursor preparava os filhos de Israel para o encontro com o Messias, quando foi Jesus ao Jordão “a fim de ser batizado por ele” (Mt 3, 13). Ao notar a presença do Inocente no meio da multidão, João inclinou-se e Lhe disse: “Eu devo ser batizado por Ti e Tu vens a mim!” (Mt 3, 14). Jesus respondeu-lhe: “Deixa por agora, pois convém que cumpramos toda a justiça”. E João, obediente, O batizou (cf. Mt 3, 13-15).1

            Quando Jesus saiu da água, o Céu se abriu e o Espírito Santo pairou sobre Ele na forma de uma pomba. “E ouviu-se dos Céus uma voz: Tu és o Meu Filho muito amado; em Ti ponho as Minhas complacências” (Mc 1, 11). Grandiosa manifestação divina com a qual o Pai, o Filho e o Espírito Santo, unidos na obra da Redenção proclamavam a instituição do Sacramento mais necessário para a nossa Salvação.2

 

            Os Sacramentos, o que são?

            De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, “os Sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, por meio dos quais nos é dispensada a vida divina. Os ritos visíveis, sob os quais eles são celebrados, significam e realizam as graças próprias de cada Sacramento. Produzem fruto naqueles que os recebem com as disposições exigidas”.3

            No mesmo sentido – embora de forma mais sintética – se expressa o conhecido teólogo padre Antonio Royo Marín, OP, que afirma serem os Sacramentos “sinais sensíveis instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo, para significar e produzir a graça santificante naquele que os recebe dignamente”.

            Acompanhemos o douto dominicano na explicação dos termos desta breve e precisa definição.

            Os Sacramentos são, em primeiro lugar, sinais. – Ou seja, remetem a algo diferente de si mesmos, como a balança simboliza a justiça, ou a bandeira representa a Pátria.

            São sinais sensíveis. – Podem, portanto, ser percebidos pelos sentidos corporais. E o que acontece, por exemplo, com a água no Batismo, o pão e o vinho na Eucaristia, ou o óleo na Crisma e na Unção dos Enfermos.

            Foram instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo. – De acordo com São Tomás, “institui algo quem lhe dá vigor e força”. 5 Assim sendo, somente Nosso Senhor pode ser causa dos Sacramentos, e não a Igreja, “pois a graça santificante brota, como de seu manancial único, do Coração transpassado de Cristo”.6 Segue-se também daí que, como ensina São Pio X, não cabe à Igreja, “inovar nada acerca da substância mesma dos Sacramentos”.7

            Para significar e produzir a graça santificante. – A água do Batismo, por exemplo, lava o corpo do batizado para representar a purificação de sua alma, que fica limpa de todo pecado. E a Eucaristia, nos é dada sob a forma de alimento corporal, para simbolizar o alimento espiritual que a alma recebe pela presença real de Cristo em corpo, sangue, alma e divindade.

            Naquele que os recebe dignamente. – Para que os Sacramentos produzam a graça santificante é necessário que quem os recebe não oponha a eles nenhum obstáculo ou empecilho voluntário. Daí que seja requerido possuir o estado de graça para receber a Confirmação, Eucaristia, Unção dos Enfermos, Ordem e Matrimônio. E estar arrependido, ao menos com atrição sobrenatural,8 para receber a absolvição no Sacramento da Penitência, ou o Batismo quando se trata de pessoa em idade de uso da razão.

            Cabe notar, por fim, que os Sacramentos têm um caráter universal; Jesus Cristo não os instituiu unicamente para alguns escolhidos, mas adotisim para proveito de todos os homens.

                       

            Vida natural e vida sobrenatural

            Levando mais longe a analogia entre o plano simbólico e o plano da graça, São Tomás de Aquino estabelece na Suma Teológica um interessante paralelo entre a vida natural e a vida sobrenatural produzida pelos Sacramentos.9

            Enquanto, na vida natural, o homem é gerado, cresce e se alimenta; na vida sobrenatural, a alma nasce pelo Batismo, atinge a estatura e a força perfeitas pela Confirmação e nutre-se pela Eucaristia. E “como o homem incorre às vezes em enfermidade corporal ou espiritual, sendo esta o pecado, é necessário que seja curado da doença”.10 É esta a função da Penitência (Reconciliação), que restabelece a saúde, e da Unção dos Enfermos, que limpa a alma dos vestígios e sequelas deixados em sua alma pelo pecado.

            A esses cinco Sacramentos unem-se o do Matrimônio e o da Ordem – sendo este último análogo ao poder que recebe um homem para “reger a multidão” e exercer funções públicas – completando assim o número de sete.

            “A partir daí – conclui o Doutor Angélico – fica clara a questão do número dos Sacramentos, também enquanto visa à rebelião do pecado, pois o Batismo se dirige contra a falta de vida espiritual; a Confirmação, contra a fraqueza de alma que se encontra nos recém-nascidos; a Eucaristia, contra a fragilidade da alma diante do pecado; a Penitência, contra o pecado atual cometido depois do Batismo; a Unção dos Enfermos, contra as sequelas do pecado não suficientemente tiradas pela Penitência, ou provenientes da negligência ou da ignorância; a Ordem, contra a desorganização da multidão; o Matrimônio, contra a concupiscência pessoal e contra o desaparecimento da humanidade que acontece pela morte”.11

            “Nada permanece, portanto, à margem da influência benfazeja dos Sacramentos”, observa o padre Antonio Royo Marín.”Por meio deles a vida humana toda é santificada e o homem encontra-se provido com divina abundância de tudo quanto necessita para assegurar sua salvação eterna”.12

 

            O único Sacramento indispensável para a salvação

            Na tradicional relação estabelecida por São Tomás, o Batismo, novo nascimento espiritual, é o primeiro dos sete Sacramentos.13 Mas ele o é também do ponto de vista da necessidade, pois é o único Sacramento indispensável para cada um de nós, individualmente, alcançarmos a Bemaventurança eterna.14

            Assim o afirma com toda precisão o próprio São Tomás: “É pois, claro, que todos são obrigados ao Batismo e que, sem ele, não pode haver salvação para os homens”.15 E mais bela e claramente ainda o próprio Nosso Senhor: “Se alguém não renasce na água e no Espírito Santo, não pode entrar no Reino dos Céus” (Jo 3, 5).16

            Ora, “convém à misericórdia de quem ‘quer que todos os homens se salvem’, que permita encontrar-se facilmente o remédio para a salvação”.17 Daí que a matéria do Batismo seja uma matéria comum, a água, que qualquer um pode obter. E daí também que o ministro do Batismo, em circunstâncias excepcionais, possa ser qualquer pessoa, mesmo um não ordenado, homem ou mulher, e até mesmo um herege ou um pagão.18 Para o Sacramento ser válido, a Igreja só exige que seja utilizada a matéria do Sacramento, observada a forma e aplicada a intenção de fazer o que Ela própria faz, abstraindo de qualquer heresia ou infidelidade.

 

            Batismo e Pecado Original

            Convêm, por fim, não esquecer que a necessidadeeste   Sacramento, conforme explica Besson, “é consequência dos efeitos do Pecado Original e das restituições prometidas pelo Homem-Deus”.19

            Cada um de nós pecou em Adão, e a morte entrou em nossa alma com o pecado; do mesmo modo, cada um de nós foi salvo no novo Adão, e para que a vida dEle entre na nossa alma é preciso que recebamos a graça do Batismo. “Sob as águas do Batismo, a mancha primitiva é apagada da fronte da humanidade; e com o título de filho batizado e regenerado, o homem decaído recupera seus direitos e sua herança celestial. Esta necessidade abrange todos os homens”.20

            Por isso, pouco tempo após seu nascimento, a criança é levada às fontes batismais por um padrinho que responde por sua Fé, e curva sob a água santa sua fronte ainda marcada com o pecado original.21 Consumado o rito, a criança ergue-se livre, inocente e imaculada, com o indelével sinete da ordem sobrenatural. Era escrava, e seus grilhões foram quebrados; estava morta, e foi ressuscitada.

 

            Dois principais efeitos

            Quais são os principais efeitos desse Sacramento?

            Em seu já mencionado livro Somos hijos de Dios, o padre Royo Marín enumera sete, com a precisão própria do teólogo. O Catecismo da Igreja Católica, sob uma focalização mais pastoral, afirma serem principalmente dois: a purificação dos pecados e o novo nascimento no Espírito Santo.22

            Pouco há a afirmar em relação ao primeiro deles, senão que a purificação é tão completa que “todos os pecados são perdoados: o pecado original e todos os pecados pessoais, bem como todas as penas do pecado”.23

            Mas além de assim limpar a alma, este Sacramento “faz do neófito uma criatura nova, um filho adovo de Deus que se tornou participante da natureza divina, membro de Cristo e co-herdeiro com Ele, templo do Espírito Santo”.24

            Com efeito, o Batismo nos torna membros do Corpo de Cristo e nos incorpora à Igreja. Através dele, a vida de Jesus Cristo circula em todo o Corpo, levando Sua graça capital a todos os membros e permitindo-lhes alcançar a graça e as virtudes: “Da cabeça que é Cristo deriva sobre Seus membros a plenitude da graça e da virtude, conforme o Evangelho de João: ‘De Sua plenitude todos nós recebemos’ (Jo 1, 16)”.25

            Assim, na ordem da satisfação, da redenção, do mérito, da oração, do sacerdócio: tudo se tornou comum entre Jesus Cristo e nós, porquanto a Igreja inteira, Corpo Místico de Jesus Cristo, pode ser considerada como uma só pessoa com Ele, conforme ensina São Tomás de Aquino.26

 

            A Paixão de Cristo é comunicada ao neófito

            As consequências desta doutrina têm um alcance maior do que se pensa, a ponto de São Paulo afirmar que pelo Batismo, o crente comunga na morte de Cristo, é sepultado e ressuscita com Ele.27 Sobre isto, comenta São Tomás: “Pelo Batismo somos incorporados na Paixão e Morte de Cristo. Diz Paulo: ‘Se estamos mortos com Cristo, cremos que também viveremos com Ele’.

            Demonstra-se assim que a todo batizado a Paixão de Cristo é comunicada para servir de remédio, como se ele próprio tivesse sofrido e morrido.

            Ora, a Paixão de Cristo é satisfação suficiente para todos os pecados de todos os homens. Por isso, quem é batizado, é liberto do reato de toda pena devida por seus pecados, como se ele próprio tivesse oferecido uma satisfação suficiente por todos os seus pecados”.28

 

Somos filhos de Deus

            Mas talvez o mais tocante e assombroso efeito do Batismo seja produzir a filiação divina.

            Deus tem apenas um filho segundo a Sua natureza, que é o Verbo Encarnado. Só a Ele o Pai transfere eternamente a natureza divina em toda a sua infinita plenitude. Porém, a graça santificante – que é um dos efeitos do Batismo – confere aos neófitos uma participação real e verdadeira nessa filiação “por uma adoção intrínseca, a qual põe em nossa alma, física e formalmente, uma realidade absolutamente divina, que faz circular o próprio sangue de Deus nas veias de nossa alma. Graças a este enxerto divino, a alma se faz participante da mesma vida de Deus. Trata-se de uma verdadeira geração espiritual, um nascimento sobrenatural que imita a geração natural e recorda, por analogia, a geração eterna do Verbo de Deus”.29

            Em uma palavra, a graça santificante, para a qual o Batismo nos abre as portas, não nos dá apenas o direito de nos chamarmos filhos de Deus, senão que nos faz tais em realidade. “Inefável maravilha – conclui o padre Royo Marín – que pareceria inacreditável se não constasse expressamente na divina Revelação”.30 Poderia Deus ter feito mais algo por nós?

 

Notas

1 Durante sua recente visita ao lugar onde fora batizado Jesus, o Papa Bento XVI explica o porquê deste gesto do Redentor: “Jesus se colocou na fila com os pecadores e aceitou o batismo de penitência de João como um sinal profético da sua própria Paixão, Morte e Ressurreição para o perdão dos pecados” (10/5/2009).

2 São Tomás afirma que este Sacramento foi instituído quando Cristo foi batizado, se bem que a necessidade de recebê-lo só tenha sido notificada à humanidade depois da sua Paixão e Ressurreição (cf. ST III, q. 66, a. 2).

3 CIC n. 1131-1132.

4 ROYO MARÍN, OP, Pe. Antonio. Somos hijos de Dios. Madrid: BAC, 1977, p. 93.

5 AQUINO, São Tomás de. Suma Teológica III, q. 64, a. 2. Cf. Denzinger – Hünermann, n. 1864.

6 ROYO MARÍN, OP, Op. cit., p. 93-94. 7 Denzinger – Hünermann, n. 3556.

8 A atrição, ou contrição imperfeita, é o arrependimento suscitado pelo temor do castigo. Para melhor conhecer as diferenças entre atrição e contrição perfeita, pode-se consultar Arautos do Evangelho, n. 84, dezembro 2008, p. 34-35.

9 Cf. AQUINO, São Tomás de. Suma Teológica III, q. 65, a. 1.

10 Idem, q. 65, a. 1, resp.

11 Idem, ibidem.

12 ROYO MARÍN, OP, Op. Cit., p. 94.

13 Cf. AQUINO, São Tomás de. Suma Teológica III, q. 65, a. 2, resp.

14 Cf. Idem, q. 65, a. 3, ad. 3; a. 4, resp. A Penitência e a Ordem sacerdotal são também de necessidade absoluta, mas a primeira só é requerida para aqueles que pecaram depois do Batismo, e a segunda é imprescindível para a Igreja, não para os indivíduos (cf. ST III, q. 65, a. 4).

15 AQUINO, São Tomás de. Suma Teológica, III q. 68, a. 1, resp.

16 Não trataremos neste artigo do batismo de sangue (dos mártires não batizados) nem do de desejo, pois embora produzam os mesmos efeitos do Batismo sacramental, não são eles sacramentos propriamente ditos (cf. ST III, q. 66, a. 11, ad. 2). O leitor interessado em conhecer o que São Tomás afirma sobre ambos, pode consultar o art. 12 da questão 66 (batismo de sangue) e o art. 2 da q. 68 (batismo de desejo). Sobre o problema da crianças não batizadas que não alcançaram o uso da razão, ver a Declaração da Congregação para a Doutrina da Fé de 19 de abril de 2007.

17 Cf. AQUINO, São Tomás de. Suma Teológica III, q. 67, a. 3.

18 Cf. Idem, q. 67, a. 3-5.

19 BESSON, Mgr. Louis François Nicolas. Les Sacrements. Paris: Reaux- Bray, 1886, p. 116.

20 Idem, ibidem.

21 Sobre a conveniência de não postergar o Batismo das crianças ver Suma Teológica, III, q. 68, a. 3 e 9.

22 Cf. CIC §1262. O Rvmo. Pe. Royo Marín, em sua obra Somos hijos de Dios, faz a relação sistemática dos efeitos do Batismo que reproduzimos no Box anexo.

23 CIC n. 1263.

24 CIC n. 1265.

25 AQUINO, São Tomás de. Suma Teológica, III, q. 69, a. 4. Afirma também São Tomás: “Pelo Batismo renascemos para a vida espiritual, própria dos que crêem em Cristo. […] Ora, a vida e a união dos membros com a cabeça da qual recebem o sentido e o movimento” (Suma Teológica, III, q. 69, a. 5).

26 Cf. Idem: “Deve-se dizer que cabeça e membros são como uma única pessoa mística. Portanto, a satisfação de Cristo pertence a todos os fiéis como membros Seus” (ST III, q. 48, a.2 ad 1). “Toda a Igreja, que é o Corpo Místico de Cristo, é considerada como uma só pessoa com sua cabeça, que é Cristo” (ST III, q. 49, a. 1 Resp).

27 Cf. CIC n. 1227.

28 AQUINO, São Tomás de. Suma Teológica, III, q. 69, a. 4, Resp.

29 ROYO MARIN, OP, Op. cit., p. 20-21.

30 Idem, p. 21.

(Revista Arautos do Evangelho, Jul/2009, n. 91, p. 22 à 27)

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Costumes pagãos entre os cristãos do Séc. V: Soluções e propostas nos Sermões de São Leão Magno

Diác. José de Andrade, EP

Leão MagnoVida e obra

            São Leão Magno (400-461),[1] Papa e Doutor da Igreja de personalidade vigorosa, nasceu em Toscana e foi educado em Roma onde se distinguiu por suas iniciativas junto ao clero desta cidade, mesmo antes de aceder ao pontificado. Foi conselheiro sucessivamente dos papas Celestino I (†432) e Xisto III (†440) e foi muito respeitado como teólogo e diplomata. Como Papa, reinou durante 21 anos e foi o primeiro que recebeu o título de Magno (grande).

            Em sua atuação no plano político, a História registrou e imortalizou suas duas intervenções: fragilizado Valentiniano III, Imperador Romano, sem forças, idade e credibilidade para enfrentar as hordas inimigas, foi o Papa São Leão Magno quem interveio junto a Átila, rei dos Hunos, em 452, garantindo o recuo de seu exército, e junto a Genserico, em 455, obtendo do líder militar dos Vândalos a garantia do respeito aos habitantes e igrejas de Roma, durante o saque realizado.

            Como teólogo, deixou-nos várias Cartas e Sermões,[2] tratando temas de cristologia e eclesiologia. Seu zelo pastoral, manifestado em suas pregações e cerimônias litúrgicas que transpiravam muita espiritualidade, foi excepcional.

            Tomou posição em uma série de conflitos disciplinares e doutrinários, em particular relativos ao pelagianismo e o maniqueísmo. Elaborou ainda uma Epístola Dogmática sobre o grave problema tratado no Concílio de Calcedônia, a condenação da heresia monofisita, o que provocou uma forte reação de adesão dos padres conciliares e a famosa proclamação unanime: “Pedro falou pela boca de Leão!”.

            Combateu também o paganismo, em meio à evangelização do Ocidente, problema que grassava na época quer fosse entre os Romanos ou entre os Bárbaros. Este foi um período extremamente difícil e um verdadeiro desafio para os Pontífices deste século. Bento XVI, em suas catequeses na audiência geral de quarta-feira, dedicou a São Leão Magno um belo pronunciamento, no qual destaca seu papel neste âmbito:

Os tempos nos quais viveu o Papa Leão eram muito difíceis: o repetir-se das invasões bárbaras, o progressivo enfraquecimento no Ocidente da autoridade imperial e uma longa crise social tinham imposto que o Bispo de Roma […] assumisse um papel de relevo também nas vicissitudes civis e políticas.

[…] Consciente do momento histórico no qual vivia e da transformação que se estava a verificar num período de profunda crise da Roma pagã para a cristã, Leão Magno soube estar próximo do povo e dos fiéis com a ação pastoral e com a pregação.[3]

 

            O Santo Padre salientou ainda na audiência a forma como o histórico Pontífice e Doutor da Igreja “contrastou as superstições pagãs”.[4] No período em que viveu São Leão Magno era costume, mesmo entre os cristãos, possuírem velhos costumes que não largavam com facilidade, tradições pagãs enraizadas que, mesmo após o batismo, tardavam em serem abandonadas.

           

O Problema do Paganismo

            Desde o Édito de Milão, em 313, os cristãos viveram em uma quase ininterrupta paz e prosperidade. Apenas a passagem de Juliano o apóstata tinha abalado o cristianismo com suas medidas que favoreciam o paganismo, equiparando em uma primeira etapa o culto aos deuses ao culto dos “galileus”, como ele apelidava, e promovendo a ereção de hospícios e albergues, movidos por princípios pagãos e promovidos pelo Estado, a fim de usar um princípio até então fundamentalmente cristão: a caridade.[5] A segunda etapa seria a perseguição e o silenciamento daqueles que adoravam um só Deus encarnado, morto e ressuscitado para a salvação de muitos.

            Morto Juliano, em 363, em uma célebre e desastrosa campanha contra os persas, e cessada a perseguição, o Cristianismo continuaria a florescer. Entretanto, com o passar do tempo e a virada do século, “os cristãos pouco habituados à luta haviam perdido o costume de combater e sucumbiam ao primeiro embate. Não tendo inimigos violentos que os obrigassem a viver atentos, muitos se tinham acostumado a uma vida mole e pouco cristã”.[6] Conta-nos também Daniel-Rops que a sociedade batizada, no início do séc. V já não tinha o vigor de outros tempos, pois “à medida que o cristianismo ia crescendo no meio de uma sociedade pagã, era-lhe mais difícil preservar-se da contaminação”.[7]

            O Papa São Leão Magno deparar-se-ia com esse joio que nascia em meio ao trigo, passando para a História a sua indignação ao ver os fiéis, antes de entrarem para o culto cristão no interior da primitiva edificação construída sobre o túmulo de São Pedro, saudando com costumeiro gesto ritual o sol invictus.[8] Sua indignação transparece de modo especial no Sermão 22, onde faz uma forte crítica contra aqueles que veneram os astros: “O coração desses homens está envolto em cujo coração está envolto em trevas, e eles são estranhos a todo o progresso da verdadeira luz, porque ainda seguem os erros mais estultos do paganismo”.[9]

            Verifica-se assim que, com verdadeiro zelo e solicitude pastoral, São Leão Magno servir-se-ia de um singular instrumento para instruir a comunidade cristã: seus sermões. Neles, exortava “o clero e os fiéis a viver o batismo imitando a Cristo, e à preservação na fé perante o perigo das heresias e dos costumes pagãos”.[10]

 

A importância dos Sermões em São Leão Magno[11]

            Nos primeiros séculos do cristianismo, o sermão assumia uma enorme importância não só na instrução e catequização dos membros da Igreja, como na própria evangelização e expansão do cristianismo. Transmitia um ensinamento dogmático ou moral e propunha uma firme adesão à fé, diferindo de certa forma da homilia na medida em que não se resumia apenas a uma exposição da mensagem contida nas escrituras. Entretanto, São Leão Magno fazia questão de incorporar a temática de seus sermões ao contexto litúrgico, enfatizando o aspecto soteriológico da cristologia e falando da presença de Cristo, Senhor e Salvador. O querigma assume, nos sermões do Pontífice, muito mais do que um mero pronunciamento histórico de um evento passado, mas o próprio anúncio da

 

morte e ressurreição de Cristo apresentado e vivido na fé pela comunidade como realidade presente: ação salvífica de Deus, em Cristo, por obra do Espírito Santo que está presente na “palavra” anunciada pelo apóstolo. Por isso, os ouvintes do querigma não podem permanecer indiferentes. São convidados a se converter e a crer. […] Por esta razão, São Leão se preocupa em apresentar a doutrina de maneira clara, mas firme, sempre de acordo com a tradição dos antepassados.[12]

 

            É notório observar em seus ensinamentos o atento respeito à Tradição, não só aos Padres da Igreja que o antecederam como, sobretudo, à autoridade das Sagradas Escrituras. No séc. V a Igreja possuía uma admirável riqueza doutrinária, um tesouro cada vez mais enriquecido pelos padres apologetas, doutores e santos, concílios e sínodos, entre disputas teológicas e decisões dogmáticas, reações a heresias e a excessos… São Leão Magno não era alheio a tudo isso e sabia a responsabilidade que lhe era inerente enquanto sucessor de Pedro. Ao mesmo tempo, em seu pontificado,

 

a Providência ia dotando o Papado do prestígio, da admiração e daquela força moral que viriam a ser, entre outros, os grandes recursos da Igreja. […] Não é sem uma razão providencial que santo Ambrósio por este tempo pôde escrever, Ubi Petrus, Ibi Ecclesia, e que de um sermão de Santo Agostinho pudesse ter sido extraída a famosa fórmula: Roma locuta, causa finita![13]

 

            Esta força e importância na Igreja é indiscutivelmente atribuída a São Leão, justificando inteiramente a nomenclatura de Magno, que São Gregório receberia mais tarde, constituindo assim o rol dos Pontífices que até nossos dias receberam esse título. Em seus escritos apresenta-se a força moral de um Papa, cujo exemplo de vida, linguagem “desassombrada” e ortodoxia de doutrina, elevá-lo-iam aos altares enquanto Santo, Padre e Doutor da Igreja.

            Os escritos que chegaram até nós são de uma clareza e elevação de linguagem características. Significativas também as cláusulas rítmicas e a cadência literária. Porém, não só o aspecto externo marcaria as suas intervenções, mas também sua “beleza mística”.[14]

            E não é por acaso que os seus sermões atravessaram os séculos. Organizados inicialmente pelo próprio autor e seus colaboradores, passaram a estar presentes em certo número de homiliarios e coleções reunidas e compiladas ao longo da história. O seu conteúdo foi usado nas mais variadas épocas litúrgicas ao longo dos tempos, o que constituiu, certamente, um dos principais agentes de transmissão.[15] 

 

Propostas contra o paganismo nos Sermões de São Leão Magno[16]

            Visando formar não só os neófitos, como também aqueles que eram já bem instruídos, São Leão Magno fazia questão de aproveitar as principais festas litúrgicas para acrescentar o “obséquio de sua palavra”.[17]

            Um dos principais pontos que o Pontífice pretendia chamar a atenção dos presentes na assembléia era a consideração da graça recebida com o Batismo, o que pressupunha largar o paganismo em que outrora viviam, e o ressurgir para uma vida nova, adorando um só Deus: “Pereça o que é velho, surja a novidade. […] ‘Ninguém pode servir a dois senhores’ (Mt 6, 24; Lc 16, 13)” (Sermão 71, 1). Estas alocuções visavam assim a integridade de todos os batizados, diante das solicitações do mundo e das insidias demoníacas, dando-se conta da condição de filhos de Deus e do resgate recebido pela morte de Jesus na Cruz:

 

Arrancados assim por tão alto preço e por tão grande mistério ao poder das trevas e libertados dos laços da antiga escravidão, tomai cuidado, caríssimos, para que o diabo não corrompa a integridade de vossas almas mediante algum artifício. Tudo o que vos foi inculcado contra a fé cristã, tudo o que vos for aconselhado em oposição aos mandamentos de Deus, tudo isso vem dos enganos do diabo: é ele que, por inúmeros artifícios, se esforça para vos desviar da vida eterna, aproveitando certas ocasiões ligadas à fraqueza humana, para fazer recair nos laços de sua própria morte as almas incautas e negligentes. Lembrem-se, pois, todos aqueles que foram regenerados pela água e pelo Espírito Santo, daquilo a que renunciaram […] (Sermão 52, 5)

 

            Esta consideração de que, uma vez membros da Igreja, somos portadores de uma vida nova que a todos chama à plenitude, leva São Leão Magno a considerar o inverso: aquele que se imiscui com os que andam nas trevas “se encontrará tanto mais próximo da morte quanto mais longe estiver da luz católica” (Sermão 47, 2). Desta forma, pretendia o Pontífice que aqueles que tivessem ingressado nos caminhos da verdade, não se deixassem aliciar por atrativos enganadores (Cf. Sermão 74, 5).

            Para ele, a força para trilhar os caminhos do Senhor e não olhar para trás viriam da Redenção, com a qual todos se deveriam configurar, e que impele à missão e à evangelização. A Cruz toma então um valor mais que simbólico para todos os cristãos. Significativas são as suas numerosas considerações neste âmbito; a título de exemplo:

“Como será a nossa participação na morte de Cristo, senão deixando de ser aquilo que fomos?” (Sermão 50, 1).

“Tomar a cruz é morte aos apetites, extinção dos vícios, fuga da vaidade, abdicação de todo o erro” (Sermão 72, 5)

“Confirme-se, segundo a pregação do sacratíssimo Evangelho, a fé de todos. Ninguém se envergonhe da cruz de Cristo, pela qual o mundo foi remido” (Sermão 51, 8).

            Entretanto, ensina os presentes a terem um amor pela Igreja e à fé na qual foram instruídos que os animasse a não vacilar na sã doutrina e nos costumes cristãos, voltando os olhos para os antigos cultos pagãos. Como vimos já anteriormente, uma das questões que mais preocupava São Leão Magno era o dos astros. Advertia ele em um dos sermões:

Caríssimos, quanto a vós, descendência santa de nossa mãe católica, que fostes instruídos pelo Espírito Santo de Deus na escola da verdade […] Não vos contamineis, pois, com o erro daqueles que maculam sobretudo sua observância, ‘que servem à criatura, ao invés do Criador’ (Rm 1, 25), dedicando uma abstinência tresloucada aos astros do céu: […] instituíram seu jejum para honrar ao mesmo tempo os astros e para desprezar a ressurreição do Senhor. Afastam-se assim, do mistério da salvação. […] e como para dissimular sua incredulidade, eles ousam penetrar em nossas assembléias […] (Sermão 42, 5).

 

            Notava São Leão Magno que alguns destes cultos pagãos se tinham infiltrado no seio da Igreja. Algumas medidas precisavam ser tomadas. Sem dúvida nenhuma, que a maior delas seria o exemplo e a integridade de vida, apoiados na vida sobrenatural e na piedade cristã. E a solução para estes problemas que minavam a Igreja encontrava-se na santidade dos católicos. E estes veriam na oração e no amor ao próximo um forte escudo e amparo contra o maligno, conforme ele confirma à assembléia dos batizados ao aconselhá-los que:

 

Todas as vezes que a cegueira dos pagãos os conduzisse com maior intensidade às suas superstições, o povo de Deus perseverasse ainda mais devotamente nas orações e nas obras de caridade. Pois, na verdade, quanto mais os espíritos imundos se alegram com o erro dos pagãos, tanto mais se sentem derrotados pela observância da verdadeira religião e, assim, o crescimento da justiça consome o autor da maldade (Sermão 8).

 

            Em seu 96º Sermão, também apelidado de Tratado contra a heresia de Êutiques, São Leão Magno revela a consciência que tem de seu ministério e de sua importância diante daqueles que queriam manchar a ortodoxia e a santidade da Igreja, e mostra-se preocupado com a imprescindível vigilância diante dos erros que surgiam: “O nosso ministério pastoral deve velar para que a deturpação da heresia não prejudique o rebanho do Senhor e mostrar como evitar a astúcia dos lobos e ladrões” (Sermão 96, 1). Entende-se deste modo porque, falecendo São Leão Magno em 461, o Papa Sérgio I reconheceria sua exemplaridade, compondo um apropriado epitáfio que o define como um verdadeiro e atento pastor: “A velar para que o lobo, sempre à espreita, não dizime o rebanho”.[18]

 Victorino de Andrade, José. Costumes pagãos entre os cristãos do Séc. V: Soluções e propostas nos Sermões de São Leão Magno. Mestrado en Teologia Moral. Universidad Pontificia Bolivariana, 2010.


[1] Para a história de São Leão Magno e respectivas datas baseamo-nos em BOGAZ, A.; COUTO, M.; HANSEN, J. Patrística: caminhos da tradição cristã. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2009. Também em GLAVAN, Arnóbio. História da Igreja. São Paulo: Curso São Tomás de Aquino – ITTA, 2003. Por fim, em DROBNER, Hubertus. Manual de Patrologia. Petrópolis: Vozes, 2003.

[2] Conservam-se hoje 143 Cartas e 96 sermões considerados autênticos. Johannes Quasten confirma este número, embora levanta a possibilidade de mais um sermão (97) de acordo com a nova edição crítica de A. Chavasse. Apud INSTITUTO PATRISTICO AUGUSTINIANUM. Patrología. Dir. BERARDINO, Angelo. Madrid: BAC, 1993. p. 727-728.

[3] BENTO XVI. São Leão Magno. Audiência Geral – Sala Paulo VI. Quarta-feira, 5 de Março de 2008. In: <www.vatican.va>. Último acesso em 9 de jul 2010.

[4] Idem.

[5] Cf. LLORCA, Bernardino. Historia de la Iglesia Católica. 6. ed. Madrid: BAC, 2005. Vol. I. p. 420.

[6] Idem, p. 481.

[7] DANIEL-ROPS. A Igreja dos tempos Bárbaros. São Paulo: Quadrante, 1991. p. 253.  

[8] Idem, p. 254.

[9] Continuando a expressar sua indignação, São Leão Magno condena aqueles que “não conseguindo elevar os olhos do seu espírito acima do que contemplam com seus olhos corporais, honram com o culto reservado a Deus, os luminares colocados a serviço do mundo. Longe das almas cristãs essa superstição ímpia e essa mentira monstruosa. O sol, a lua e os astros são úteis para aqueles que sabem tirar proveito deles; são belos para aqueles que os olham, seja; mas, que, por motivo deles sejam dadas graças ao seu autor e que seja adorado Deus que os criou, não a criatura que O serve”. PATRÍSTICA. Leão Magno: Sermões. 2. ed. Tradução SCHIRATO, Sérgio et all. São Paulo: Paulus, 2005. Vol. 6. p. 42.

[10] INSTITUTO PATRISTICO AUGUSTINIANUM. Patrología. Dir. BERARDINO, Angelo. Madrid: BAC, 1993. p. 721.

[11] Para este capítulo baseamo-nos, sobretudo, na introdução da obra PATRÍSTICA. Leão Magno: Sermões. 2. ed. Tradução SCHIRATO, Sérgio et all. São Paulo: Paulus, 2005. Vol. 6.

[12] PATRÍSTICA. Leão Magno: Sermões. 2. ed. Tradução SCHIRATO, Sérgio et all. São Paulo: Paulus, 2005. Vol. 6. p. 15.

[13] GLAVAN, Arnóbio. História da Igreja. São Paulo: Curso São Tomás de Aquino – ITTA, 2003. p. 25.

[14] Poderemos encontrar sintéticas, mas profundas análises da linguagem usada por São Leão em suas cartas e sermões nos estudos do INSTITUTO PATRISTICO AUGUSTINIANUM. Op. Cit. p. 726-729. Loquaz também a frase “Para sempre, a Igreja proclamará a beleza mística de seus sermões” em BOGAZ, A.; COUTO, M.; HANSEN, J. Op. cit. p. 199. Quanto à linguagem “desassombrada”, DANIEL-ROPS. Op. cit. p. 111, usa a expressão partindo da análise de uma carta do pontífice datada de 10 agosto 1446.

[15] Cf. INSTITUTO PATRISTICO AUGUSTINIANUM. Op. Cit. p. 728.

[16] Todas as citações dos sermões foram extraídas da versão portuguesa em PATRÍSTICA. Leão Magno: Sermões. 2. ed. Tradução SCHIRATO, Sérgio et all. São Paulo: Paulus, 2005. Vol. 6. Limitar-nos-emos a citar, doravante, a respetiva referência.

[17] Cf. Sermão 76, 1. Importante também aqui a frase que revela dirigir-se a todos: “Doutos e indoutos não menosprezem o serviço prestado por nossos lábios”.

[18] Apud DANIEL-ROPS. A Igreja dos tempos Bárbaros. São Paulo: Quadrante, 1991. p. 112-113.